Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

Com o lançamento de Shrek para sempre, quarto e último filme sobre a saga do adorável ogro, a Dreamworks finaliza mais uma franquia de suc...

Shrek Para Sempre (Shrek Forever After) - 2010



Com o lançamento de Shrek para sempre, quarto e último filme sobre a saga do adorável ogro, a Dreamworks finaliza mais uma franquia de sucesso que não conseguiu superar a hegemonia geral da Disney/Pixar na competitiva indústria de animação, porém adicionou um toque de humor irreverente à uma inesquecível "quadrilogia" ao usar a metalinguagem dos contos e personagens infantis consagrados pela Disney e a junção de elementos mais pop satíricos para subverter a animação de uma forma mais cool e despojada, e dar um tom simpático à paródica crítica aos estúdios Disney/Pixar usando um casal que inverte o conceito de beleza física do herói e da bela princesa: Shrek e Princesa Fiona, dois ogros corajosos e rebeldes, donos de um caráter virtuoso, mas feios de doer. Diferente da Pixar, a Dreamworks ainda não tem a habilidade de humanizar a animação e roteirizar questões mais intimistas como fez a Pixar em Toy Story 3, logo Shrek incomoda mais o background ' de histórias idealizadas' da Disney, mas ironicamente não se afastou do happy end familiar no último capítulo de Shrek.






Em Shrek para sempre, o ogro (Mike Myers), pai de três filhos, tem uma crise de identidade em meio a um bem estabelecido casamento com Fiona (Cameron Diaz). Sente falta da época em que era solteiro e temido por todos e se entristece com aquela vida familiar a qual não consegue mais valorizar. Decide ser um Shrek Faustiano e assinar um acordo com Rumpelstitskin (Walt Dohrn), um invejoso vilão com um plano diabólico, obscuros poderes mágicos e uma lábia sedutora que influencia Shrek a ter a vida que tinha antes. De forma ingênua, Shrek assina o pacto com este diabinho, perde tudo o que tinha, inclusive sua família e amigos. O reino tão tão distante está em trevas e é dominado por Rumpelstitskin que o habita com suas bruxas horrorosas. Fiona não reconhece Shrek como seu amado e é uma guerreira da resistência que luta pela libertação dos ogros. Ao perceber a burrada que fez, Shrek tenta recuperar sua Fiona e sua vida de volta e aprende a valorizar a família.






Há alguma coincidência entre a história de Shrek e o que acontece às pessoas na vida real? Sim. Cansadas de suas vidas enfadonhas, elas 'vendem a alma ao diabo', muitas vezes por puro desespero e se esquecem de valores básicos como a família, o casamento, etc; por isso o argumento da fita não é novo e é muito válido porque Shrek entra em um processo natural de um ser humano falho como qualquer um de nós; ele volta os seus pensamentos para o passado nostálgico, o que é muito intríseco às crises existenciais nas quais a vida presente recebe o rótulo da banalidade e nada está bom do jeito que está. Logo mais, Shrek colhe o aprendizado que é amar o que se tem de mais precioso: Fiona, seus filhos, seu lar. Este é o pro argumentativo da animação, e o contra principal? O roteiro de Shrek para sempre se dispõe a entregar a saga do ogro sem ressaltar tanto o papel do herói no filme. Shrek fica em segundo plano, quando na verdade, ele deveria dar mais vida à película e assumir o seu papel principal, derramar sua peculiar interpretação na tela com tanta força emotiva como se tivesse se emocionando ao tomar o seu último banho de lama. O
'estar em segundo plano' é tão irônico porque ele só terá a família de volta se provar a Fiona que eles são apaixonados, ou seja o amor o salvará e ele tem uma ação muito mais principal do que coadjuvante a tomar, mas ele está apagado na fita e enxergar isso é muito mais perceptível na prática, é uma questão mais de percepção durante a exibição da animação do que de concepção da história.






O filme somente se torna bom por conta das costumeiras piadas dos indispensáveis Burro (Eddie Murphy) e do Gato de Botas (Antonio Bandeiras) que dão o humor base ao longa-metragem e entregam as melhores cenas engraçadas, das referências cômicas a alguns personagens infantis como o pinóquio, os três porquinhos, as bruxas, etc e de algumas cenas românticas de Shrek e Fiona, mas de maneira geral, aliado a uma animação visualmente mais 'dark', o roteiro perde bastante no seu frescor e no seu peso afetivo, perdendo a oportunidade de fechar com chave de ouro a franquia deste estimado ogro. Tendo alcançado um grande sucesso de bilheteria no Brasil ao superar filmes como Encontro Explosivo, A Saga O crepúsculo - Eclipse e Toy Story 3, mesmo que o filme não emocione ao extremo e nem tenha a brilhante narrativa do adeus à Toy Story , a conexão afetiva com Shrek foi determinante para alçar tal topo de bilheteria, o que comprova que ninguém gosta de despedidas mas dar o último abraço é acalentador e honroso. A mensagem 'forever after' de Shrek para sempre é o final familiar que fecha a franquia com aquela felicidade de ver que Shrek encontrou o seu lar e sempre encontrará nossos lares, de braços abertos a receber este ogro que também é parte de nossas famílias.




Avaliação MaDame Lumière




Título Original: Shrek forever after
Origem: EUA
Gênero(s): Animação,Comédia
Duração: 93 min
Diretor(a): Mike Mitchell
Roteirista(s): Josh Klausner, Darren Lemke
Elenco: Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Julie Andrews, Jon Hamm, John Cleese, Craig Robinson, Walt Dohrn, Jane Lynch, Lake Bell, Kathy Griffin, Mary Kay Place, Kristen Schaal, Meredith Vieira

5 comentários:

  1. OI querida!

    Uma leitura excepcional antes de dormir!

    Adorei a sua abordagem e simpatia pelo filme. Eu também acho a franquia SHREK muito divertida! Sem superar a PIXAR, todavia a DreamWorks tem um cuidado magnífico em animar as personagens(cada vez mais eles arrasam).

    O fato é que o estúdio do Spielberg não ocupa o seu tempo em procurar ou desenvolver um bom roteiro que tenha um nível superior de qualidade e contexto. A Pixar é extraordinária neste aspecto, premissa, personagens e toca em nossos mais profundos sentimentos.

    Eu assisti este último Shrek numa projeção sem 3D e curti, me diverti. Apenas! Não me envolvi como em Toy Story 3, dei muitas risadas com o Burro e o Gato,porém foram risadas tranquilas, breves sorrisos, rs!

    Aconteceu aqui a mesma coisa com A Era do Gelo 3, a fórmula se esgotou. Produziram depressa meio "fast-food" e entregaram um filme um tanto de bandeja, mas nada que atrapalhe a sessão e a simpatia pelos personagens.

    Adorei sua definição: Shrek Faustiano, não havia pensado nisso, rs!

    Olha eu gosto da DreamWorks (principalmente da novidade que foi o primeiro Shrek e do longa FormiguinhaZ) e as demais produções, mas vejo eles como uma linha de montagem, já a Pixar é fiel a si mesmo e única em cada obra.

    Excelente crítica!
    Bjs Madame,

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  2. É, acho que envolvida por Toy Story 3 esperava algo melhor do final de Sherk. Achei bem melancólica o encerramento da série. Agora a cena do burro com a dragão é impagável e única cena que ri de verdade nesse quarto filme.

    bjs

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  3. Ainda não conferi o capítulo final desta saga, sei lá, nunca gostei tanto do ogro, mas tbm não quero dizer adeus, rs, mesmo sabendo que está na hora.
    Achei Shrek 3 fraco e talvez por isso não queira ver esta continuação, sei lá, rs....

    Ótimo texto Madame.

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  4. Eu confesso que não gosto muito de Shrek. Não sei exatamente porque... não tem uma coisa específica que me desagrada, mas em geral não me empolgo com o filme. Mas reconheço que fez um imenso sucesso e foi muito importante para a consolidação dos 3ds no cinema!

    Abraço!

    Visite meu blog!
    Estou te seguindo, ok?

    Sandro Azevedo
    blog24fps.blogspot.com

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  5. Boa análise madame. Palmas principalmente pela eficiÊncia em distiguir o argumento do roteiro e apontar o que saiu errado na evolução de um para o outro. Ainda não assisti o filme, mas nem mesmo preciso para concordar com sua precisa avaliação.
    bjs

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