Na minha fantástica experiência cinematográfica
Toy Story, finalizar este MaDame Trilogia com o terceiro
longa-metragem e o lançamento do ano é como se eu tivesse crescido como Andy a cada sessão desta animação e, agora, tenho que doar Buzz, Woody, Jessie e toda a trupe para uma outra criança, mostrar a ela o quanto os brinquedos são companheiros inseparáveis da infância e como eles permanecem guardados em um lugar especial e íntimo da memória que, a qualquer momento na maturidade, pode aflorar as nostálgicas lembranças de um dos atos mais sinceros e puros que existem:
o de brincar. Memórias que são preciosas, ternas, sempre maternas ou paternas porque brinquedos são muito mais do que irmãos, são os primeiros filhos da humanidade, dos quais queremos amar e cuidar, de todo o coração e sob os olhos vigilantes de que ninguém os faça mal,
afinal são os nossos brinquedos. A cada filme, uma lição de vida para toda a vida e a certeza de que, por mais que a gente cresça e se fortaleça como adultos, há uma fragilidade melancólica de querer voltar à infância e simplesmente brincar de ser criança, abraçar aquele saudoso brinquedo amigo, de imensurável valor, e com ele, ser feliz por alguns minutos, em um misto de segura inocência e impetuosa imaginação, livre dos males deste mundo.
Toy Story 3 demorou para chegar, mas chegou e acertou em cheio o coração dos que são fascinados por esta obra prima da animação. E, o lançamento dele tem uma peculiaridade:
o que sentir com a chegada de Buzz Lightyear, Woody e tantos outros? Feliz ou triste? Na verdade,
feliz e triste porque, em um primeiro momento, a emoção é celebrar alegremente o fim da espera de mais de uma década desde
Toy Story 2; no outro extremo e, após assistir o filme, a emoção é incrivelmente nostálgica, com um pouco de melancolia em uma despedida que solta naturalmente lágrimas e um introspectivo sorriso e que fazem contraponto com a alegria pelo belo gesto de amor do desfecho. Estas emoções, tão próximas e com um tom indeciso fazem todo o sentido, tudo porque Andy cresceu e esta na época de ir à universidade, e é o momento de fechar um ciclo de vida e iniciar uma nova fase, é hora de deixar os brinquedos em outros lares, cedê-los a outras crianças, destiná-los a um amor tão grandioso quanto o que eles nos deram. Este é o momento inevitável de todos nós e que muitos já viveram ao chegar à maturidade:
o que fazer com os brinquedos quando crescemos? E tal dilema não é tão simples como jogá-los em uma caixa no porão, doá-los a quem não tem cuidado e nem afeição ou pô-los dentro de um latão de lixo. Em
Toy Story 3, o vínculo é bem mais forte e é levado a um nível tão bonito que não há como não marejar os olhos; somente quando assistimos cada detalhe da animação é que sentimos que brinquedos são tão valiosos que merecem ter um destino igualmente precioso.
A aventura começa quando Woody, Buzz e seus companheiros estão preocupados com seus destinos. Andy irá para a universidade, não brincará mais com eles e, muito menos, poderá levar todos.
Quem amará os brinquedos? Quem brincará com eles? O temor é parar no sotão da casa ou em um
lixão, esquecidos ou destruídos para sempre. À Andy cabe selecionar alguns que podem ser guardados. Ele escolhe Woody, seu fiel caubói, mas acidentalmente, todos acabam parando em um lugar
'ideal', que não seria de todo mal, ou seja, a creche
Sunnyside na qual existem várias crianças que poderão brincar com eles. Ao chegarem lá são recepcionados por um urso bem fofo com cheiro de morangos, Lotso (
Ned Beatty) e encontram outros como o hilário Ken (
Michael Keaton, imperdível e com uma Barbie ao lado), o Big Baby, etc. Tudo parecia destinado à perfeição e um recomeço, mas nem tudo é o que parece e eis que a trupe
Toy Story entra em uma aventura contra as forças malignas deste
"ensolarado" lugar, além de terem sido colocados em uma ala na qual crianças pequenas praticamente não sabem brincar amorosamente com eles e os torturam com brincadeiras endiabradas em um momento tragicômico na vida de nossos heróis. Cabe à inteligência, coragem e demais habilidades de Woody, Buzz e amigos salvarem a si próprios, e ainda voltar há tempo para um melhor destino junto a Andy.
Toy Story 3 é absolutamente lindo, cada sequência fascina pela completude do talento da
Pixar e, de como a direção orquestrou uma animação com vida própria mas que não se distancia dos seus antecessores e não cai na velha sina de um terceiro filme menor. Projetado para ser uma animação de excelência, independente da febre 3 D, ele não usa a tecnologia tridimensional como
'muleta'; cada personagem novo, cada
(sub)texto humorístico, cada criativa ação e cada reflexão a respeito da rejeição, da afeição e da relação entre o brinquedo e o seu dono emocionam de uma forma realista, profunda, totalmente verossímil com o sentimento humano, logo,
Toy Story 3 tem um viés perfeito para emocionar o público adulto cuja infância é uma nostalgia. O filme consegue ser tão leve e completo, ao mesmo tempo, que ao final da seção é impossível não ficar deslumbrado(a) com tal beleza e de como ainda existem mentes criativas e sensíveis nos bastidores do Cinema.
Detalhar sobre
Toy Story renderia várias resenhas e recortes, desde comentar sobre personagens frustrados como Lotso,
pops como Ken e Barbie e manipulados como Big Baby, comparar SunnySide como o
pseudolugar feliz que guarda em si a obscuridade da corrupção e da opressão e analisar toda a profundidade do
design, do excelente desenvolvimento dos elementos da cenografia, dos efeitos visuais e do roteiro, porém
Toy Story 3 é uma experiência única e, cabe a cada um descobrir por si só, entrar no Cinema com o coração de uma criança pura ou de um adulto que se doa pra valer à emoção, degustar o filme com carinho e amor , atentar-se ao sentimento de cada brinquedo e colocar-se no lugar de Andy e da adorável garota Bonnie (
Emily Hahn). Bonnie é incrível e sua concepção como desenho é bastante relevante para o resultado da obra porque uma das premissas básicas era criar uma garota pela qual todos se apaixonassem. Ela tinha que ser
'cute' (uma gracinha), dócil, autêntica, irresistivelmente fofa, porque somente uma criança assim poderia fazer a família
Toy Story feliz e ser digna de tão presente. No mais, merecem destaque:
Ken, um irresistível metrossexual, divertido e apaixonado por sua eterna Barbie. Tão bonito e vaidoso que seria incapaz de ajoelhar-se para sempre perante a feiúra de Sunnyside.
Lotso, que se aproxima perfeitamente bem como referência do mundo adulto e como máscara social que esconde um
"fedor existencial" por trás do cheirinho doce de morango. Sua ternura se esvaiu, seu caráter se contaminou, sua influência negativou outros brinquedos e sua maldade e orgulho o impediram de dar um novo rumo à sua vida, logo, com novos personagens como estes,
Toy Story 3 é contemporâneo e consegue cubrir aspectos muito maduros, conciliando a nova ordem da animação mundial: precisa para crianças e adultos.
Em 2006, a Pixar foi comprada pela Disney, até como uma manobra inteligente para evitar a concorrência de um estúdio formidável que tem um currículo invejável com
Procurando Nemo, Wall-E, UP, etc. Como toda aquisição empresarial, não foi fácil para o estúdio lidar com tal mudança e ter que esperar uma decisão por
Toy Story 3, porém após cortadas as arestas da negociação, a Pixar teve a mesma liberdade para fazer o que faz de melhor:
emocionar o público com uma animação magnífica. A equipe passou por transformações sem se afastar da base construída por John Lasseter e Lee Unkrich que, agora, têm papéis distintos. Lasseter assina a produção e passa o bastão para Lee Unkrich que agora assume a direção integral, como um reconhecimento merecido. Este é um filme de Unkrich e Lasseter deixa isso muito claro porque ele convidou o diretor para tal realização, o que indica o clima amistoso e de confiança que é a base da equipe que começou este projeto há 15 anos atrás. No mais, é possível notar a diferença da mudança. Aliada ao roteiro de
Michael Arndt, vencedor do Oscar de melhor roteiro original por
Pequena Miss Sunshine,
Toy Story 3 se tornou uma animação na qual o tom existencial é bem marcado, poeticamente exato.
Arndt é brilhante neste território (basta ver o brilho de sua
Miss Sunshine), e talvez a animação não teria o mesmo efeito emotivo se o roteiro não tivesse tido o primor do seu talento e o toque de Midas de Unkrich. Finalmente,
Toy Story 3 tem seu sublime valor na simples argumentação de
Lasseter e que abarca toda a obra ToyStoriana: No primeiro Toy Story, o brinquedo é perdido e é encontrado. No segundo Toy Story,o brinquedo é roubado e é encontrado. Ele também é quebrado e é consertado. Perceba que, nestes casos há uma solução e, há sempre a possibilidade de voltar ao seu querido dono e brincar com ele porque a infância existe, mas não há como impedir o amadurecimento de uma criança, sua passagem à vida adulta.
Toy Story 3 é sobre esta bela verdade que não pode ser evitada em seu argumento: o dia do adeus existe, mas isso não quer dizer que este adeus é para sempre. A criança sempre vive dentro de nós, basta não deixar ela ir embora, basta transmitir esta afetiva herança, basta ser Toy Story para sempre.
SIMPLESMENTE ÚNICO!
ResponderExcluirSaí emocionado e contagiado pelo ritmo, roteiro e produção do filme - como pôde ser tão perfeitinho? sim, Toy Story 3 consegue ser mais criativo e mais humano que os dois primeiros, sem dúvida coloca no chinelo as chatices repetitivas de Shrek e é mais digno, prazeroso e mais legal que outras animações por aí.
Achei muito bom mesmo a maneira como coloca a questão dos brinquedos - buscam, mais que tudo, o afeto dos humanos; querem atenção e não querem ser esquecidos jamais pelos seus donos - estes, inevitavelmente, crescem e tem que lidar com escolhas também.
O roteiro é muito bem dosado - é mais ousado na parte de delinear detalhes da vida e motivação do urso roxo...da forma como recria os diálogos e entrosamento de Woody e cia; da maneira como toca em nós nas cenas finais de Andy despedindo-se dos brinquedos...na maneira como a ação se desenrola com o humor...nunca ri tanto e, confesso aqui, que chorei no final...me arrepiei sim...e saí apaixonado!
Fiquei feliz mesmo! Toy Story fez parte de minha infancia, e pelo visto será definitivo pra toda vida!
Beijo!
Oi Madame!
ResponderExcluirA minha espera acabou. Queria ler a última parte do Madame Trilogias.
Sou fã de trilogias ( As Cores, Anel, De Volta Para o Futuro, Jedi...). Afinal, tudo tem um começo, meio e fim.
O que diferencia a PIXAR da DreamWorks, Blue Sky e outros animation studios, é que ela se importa com a humanidade nas histórias. Há um envolvimento súbito com insetos, monstros, super heróis, ratinhos, carros, peixes, robôs, casas voadoras e, obviamente os brinquedos. São personagens inanimados que ganham vida e também, seres humanos caricatos que demonstram todo tipo de sentimento verdadeiro em cada gesto, olhar, fala...
O universo da PIXAR é uma luminária criativa, onde é possível sonhar e crer naquele mundo animado. Um mundo que é o nossso!
O terceiro filme já começa com uma grande brincadeira. Ilustra a imaginação de uma criança como o Andy, que até o último instante cuidou de seus brinquedos. Até um cofrinho de porquinho é usado na brincadeira, numa premissa que se passa no meio do deserto onde existem caubóis, vaqueiras, cavalos e foras da lei, surge um patrulheiro espacial, um T-Rex gigante e um cão de mola indestrutível (lembro muito bem de brincar com o meu globo terrestre, dava vida útil pra ele [como a bola que corria atrás do meu Indiana Jones de plástico, na verdade como eu não tinha o Indiana de brinquedo e já gostava do filme, um dos meus Bonecos Playmobil fez o papel e era parceiro do Batman nas aventuras contra o malígno Darth Vader e seu parceiro do crime, o Esqueleto. Uma salada imaginativa], rs)! ahhh sou tão parecido com o Andy! Será que ele foi pra Universidade de Cinema pra ser um roteirista/diretor? Ou para futuramente trabalhar na Pixar? rs!
Adoro todos os personagens antigos e novos. O filme nos prende na poltrona desde o início. Uma trama mais amarrada e tensa e sem dúvida Michael Arndt junto a Lasseter e equipe, trouxe um enredo mais interessante. Os adultos se interessam muito pelo filme. A nostalgia das gerações aparece na tela. Cada brinquedo apresentado, representa uma época.
Toy Story 3 remete a nossa infância e ao primeiro filme da PIXAR.
Toy Story 3 representa muita coisa para todos nós e aos criadores.
Toy Story 3 tem ótimas sequências de ação e piadas no ponto.
Toy Story 3 é três vezes espetacular!
Uma despedida digna que me fez chorar...mas como ensinou o filme, para as futuras gerações, a brincadeira tem que continuar.
O THE END da PIXAR foi honesto, mas a mensagem ficou nos corações de todos que já foram crianças.
Execelente resenha do começo, meio ao fim.
"Amiga estou aqui em espanhol", rs!
Bjs,
Rodrigo
'The kid next door'.
Um dos melhores filmes (se não o melhor) que vi este ano. Foi incrível rever a nostálgica música "amigo estou aqui", que não escutava desde os tempos do VHS. Sinceramente, acho que o final poderia ter sido melhor, pois não teve tanta emoção. No mais, pretendo ir ver novamente este filme, muito emocionante e divertido.
ResponderExcluirRealmente, chegar à terceira parte desta trilogia é sentir que nós crescemos junto com Andy. Todos nós já vivemos o que ele experienciará aqui. Acho "Toy Story 3" LINDO e é uma obra que encerra a trilogia de uma forma muito legal. O final me comoveu profundamente.
ResponderExcluirGostei MUITO de Toy Story, mas não tanto como a maioria. Sabe, acho que ainda prefiro o primeiro e segundo.
ResponderExcluirDe qualquer forma, este tem cenas realmente tocantes e essa situação que você falou bem, sobre o ADEUS que não precisa ser pra sempre. Isso pode ser transportando pra muitas coisas, não só a infância que se acaba.
Daria 5 estrelas pro filme, mas de 1 a 10 um 9 está bom!
;)
Poxa ainda não vi esse, amo os dois primeiros, além de ter sido pioneiro no sentido de revolucionar a maneira de fazer animação Toy Story tem uma história fascinante, como não gostar do woody? Muito bom, me sinto uma criança vendo!
ResponderExcluirTenho um blog, o Volver um filme, da uma passadinha lá ;)
Bela crítica madame. Deu para ver que a criança despertou... rsrs.
ResponderExcluirRealmente, concordo que o roteiro de Michael Ardnt foi providencial para o tom deste terceiro filme. Ele é um grande roteirista e esse é o melhor roteiro da série. Não é mera coincidÊncia. Belo raciocínio.
bjs
Madame.....
ResponderExcluirSaudade de você!!!!
Se você consegue acreditar ainda não vi Toy Sotory 3!!!! Não sei como, mas não deu tempo de ir no cinema!!! Apesar de não ter assistido (inteiramente) nenhum dos dois anteriores, e tbm esse mundo de brinquedos não ter feito parte da minha infância (nasci em 1994, tinha um ano quando laçaram Toy Story), estava muito ansioso para assitir o 3º filme!!!! Até pq amo qualquer filme da Pixar!!!!
E a sua resenha só aumentou minha expectativa!!!! Ardnt sempre faz ótimos trabalhos e um novo diretor dá uma revigorada em qualquer trilogia!!!
Mas, pulando de saco pra mala... quando que vai vir a resenha de A Origem??? Vim te vistar este fim de semana especialmente pra ver se tu já tinha escrito alguma coisa, mas ainda não!!!! Vou ficar esperando....
Bejão Madame!!!
Saudades!!!!