Ambientado no Texas entre os séculos XIX e XX, o filme retrata o emergente e voraz empresário do petróleo Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) que começou a extrair petróleo na Califórnia como um simples mineiro. Sua arrogante ambição, impetuosa persistência e esperto tino para os negócios o tornou um homem rico, e também inescrupuloso já que usa o próprio filho, o pequeno H.W (Dillon Freasier) como manobra propagandista para atrair e sensibilizar novos negociadores. Para explorar um transbordante poço de petróleo em Little Boston, Plainview é obrigado a conhecer e lidar com um líder religioso protestante, o fanático e igualmente ambicioso Eli Sunday (Paul Dano), começando aí um guerra de egos alicerçadas por interesses meramente individuais em uma arena de esplêndidas atuações. Sunday e Plainview, cada um deles medindo forças contra o outro e olhando para seus próprios umbigos, ressaltando a ganância pelo dinheiro, pelo poder influente sobre uma enriquecedora região petrolífera.
A estética, o roteiro, a direção e a duração de Sangue Negro podem não agradar a qualquer espectador ainda que sejam orquestrados por um dos cineastas mais promissores neste gênero. O início do filme demonstra exatamente o tipo de direção que permeia boa parte da obra e a projeção de seu contemplativo conjunto: são bem mais de cinco minutos sem nenhuma palavra, somente a força da imagem da região, do ímpeto comportamento de Daniel Day-Lewis como um determinado mineiro, do suspense dramático evocado pela tenebrosa música. O longa-metragem é um épico dirigido por quem tem forte inclinação a filmes pertubadores e projeções longas, basta lembrar de Magnólia (1999) e Paul Thomas Anderson utiliza alguns temas que integram pilares de seu estilo autoral como a religião e a família e a trilha sonora como personagem. Os longos planos, travellings de câmera e focos de rosto, assim como o uso da ótima música de Jonny Greenwood são ressaltados e fundamentais para compor o apelo épico no plano histórico e, dramático no plano individual. Os cenários combinam com a violência das personalidades de Plainview e Sunday. Minas de petróleo, incêndios com explosões, acidentes nos poços, acampamentos mineiros, casas e igreja rústicos pactuam com homens sujos, brutos e interesseiros e a solidão existencial daqueles que, esvaziados e/ou carentes de uma condição (ou personalidade) melhor(es), ora buscam a Deus em cultos impregnados de um fanatismo exorcizante, manipulador, ora buscam a chance de enriquecimento fácil.
Entregando à História do Cinema um dos personagens mais densos e pertubadores representado pela maestria do excepcional Daniel Day-Lewis e com um final emblemático, digno de arena épica, Sangue Negro é um excelente épico moderno e sua atemporalidade está no duelo de interesses egoístas, nos quais a verdadeira religião e o espírito de união familiar ficam em segundo plano em detrimento à avassaladora força destrutiva do dinheiro. Em diversas cenas, é possível aferir como o ego é preponderante e está acima de valores virtuosos, porém cabe analisar que tanto Plainview quanto Sunday são dois solitários, enfermos em seus caracteres logo, em meio à riqueza petrolífera, se afundam na escuridão de suas negras e pobres vidas.
Avaliação Madame Lumière
Origem: Estados Unidos
Gênero(s): Drama
Duração: 158 min
Diretor(a): Paul Thomas Anderson
Roteirista(s): Paul Thomas Anderson, baseado no livro Oil de Upton Sinclair
Elenco: Daniel Day-Lewis, Martin Stringer, Kevin J. O'Connor, Jacob Stringer, Matthew Braden Stringer, Ciarán Hinds, Dillon Freasier, Joseph Mussey, Barry Del Sherman, Russell Harvard, Harrison Taylor, Stockton Taylor, Colleen Foy, Paul F. Tompkins, Kevin Breznahan
Olha 5 estrelas ?
ResponderExcluirDeve ser mesmo muito bom!
Estou com ele em casa para assistir, vou ver esta semana!
Ótima resenha Madame.
Bjs.
Não acho Sangue negro essa maravilha toda. É tecnicamente soberbo sim e tem um Daniel Day Lewis maior que a vida. Mas é um filme pretensioso demais e insurgente de menos, se é que me faço entender.
ResponderExcluirbjs
Pode parecer um pecado cinematográfico, mas eu sou uma das poucas pessoas que não considera "Sangue Negro" a obra-prima que todos dizem ser. A única coisa antológica, para mim, neste filme é a atuação do Daniel Day-Lewis.
ResponderExcluirAcho esse filme muito bem filmado e Daniel Day-Lewis está monstruoso. È uma película que mostra onde pode chegar as ambições do homem.
ResponderExcluirBeijos, querida! ;)