Basicamente em termos de elenco, este roteiro tem como foco Robert Pattinson e a confusa obscuridade dos pensamentos de seu personagem Tyler, por isso, mesmo que ele se esquive do papel de um vampiro, ele ainda traz esta carga melancólica do papel que o consagrou no best-seller de Stephanie Meyer. Tyler é um jovem que "viaja" em seus pensamentos sobre a morte do irmão e sobre outras questões diversas que lhe vêm à mente aleatoriamente, critica intoleravelmente a ausência do seu pai porém não se esforça em entendê-lo e chegar a uma harmonia, envolve-se com uma garota motivado inicialmente por um tipo de brincadeira, transa com ela e depois leva um tempo para valorizá-la, tem atitudes pueris que o infantilizam mais e mais, tem sérias dificuldades de canalizar seus afetos e desafetos de uma forma mais coerente e positiva, enfim, ele é um jovem problemático. Percebe-se que ele é um garoto amoroso e paternal com a irmã, porém Tyler foi concebido para ser um personagem bem depressivo, que vaga entre as lembranças do passado e é assombrado por um presente no qual ele não consegue sair de uma profunda tristeza e um sentimento de inércia perante os dramas de sua vida. Mas, e a pergunta que não quer calar: Como se saí Pattinson nestas Lembranças? Ele atua como ele é: com aquele jeito de galã teen estiloso e rebelde, porém ainda inexperiente e sem boas oportunidades para entregar o seu melhor. Infelizmente, o papel de Tyler só reforça o estilo de comportamento do papel que o consagrou na Saga O Crepúsculo, então ainda não é desta vez que Robert Pattinson entrega uma atuação diferenciada, desafiadora.
De maneira geral, o filme não é ruim e Pattinson não é o problema principal dele, tanto que Lembranças se torna interessante porque sua roupagem deprimente combina bem com o obscuro estilo de Robert Pattinson e, considerando o argumento das perdas e ausências na vida de um adolescente pertubado, seguramente tinha que ter um viés de um jovem transviado que alinhasse bem a esquisite teen, bem dark com o charme de um 'James Dean' moderno mas não igualmente talentoso. O problema da película é a forma como o roteiro foi concebido, com uma narrativa bem confusa que patina bastante e, para as quase 2 horas de exibição, ela é exaustiva, nebulosa. É um filme que não fluí adequadamente e, por não fluir, principalmente reforçado por um texto revolto, não possibilita que os personagens sejam aprofundados, logo, Tyler se torna um personagem raso porém com todo um forte argumento de crise, morte e mágoas familiares que poderiam ter sido melhor desenvolvidas no transcorrer do longa. Emilie de Ravin atua de forma comum, sem nenhum diferencial e não faria qualquer diferença ao filme já que não teve uma boa química com Robert Pattinson que, nitidamente, parece destinado a fazer um par perfeito com Kristen Stewart. Pierce Brosnan veste a carapuça da elegância e da arrogância de um executivo que não tem tempo para a família, e entrega um papel pertinente, tanto que os melhores momentos do filme se reservam ao final envolvendo o pai e os filhos em um clímax de cólera, tragédia e redenção, entregando à audiência um dos finais mais inesperados em filmes desta década, um final surpreendente que nunca deve ser 'spoilerizado' a quem nunca o assistiu.
Pensando um pouco mais no argumento de Lembranças, ele é muito útil se cada expectador souber avaliar que ausências familiares fazem muito mal, perdas idem, mas o maior aprendizado aqui, que não é tão ressaltado no fraco roteiro, mas cabe a cada um refletir a respeito é: como canalizar os sentimentos negativos advindos de lembranças que não conseguem ser superadas? Uma Lembrança só fará mal se o ser humano não consegue lidar com ela, ora assumindo uma postura enraivecida, ora culpando aos outros com suas lamúrias; contemplar Tyler é tão deprimente porque ele tem sérios problemas para lidar com estas dores que também são intrísecas a qualquer um, em diferentes e tristes momentos da vida. Apesar do filme só crescer nos minutos finais, o que é um fato tardio e lamentável, Lembranças vale a pena ser conferido de coração aberto por este argumento, e sem críticas destrutivas ao trabalho de Robert Pattinson e ao diretor, Allen Coulter que, nada mais fez do que aproveitar a oportunidade e colocar o ídolo teen no foco de sua câmera em um papel que não seja de uma criatura imortal. Aqui, Tyler sofre dos pêsames que são humanos. Finalmente, este longa-metragem tem Pattinson como produtor executivo, o que demonstra o vital interesse do ator em trabalhar em outros projetos que não tenham nada a ver com o blockbuster que o tem colocado no glamour mas que também escraviza a sua imagem. Ele não quer ser Edward Cullen para sempre, isso já é evidente em suas entrevistas nos tablóides. É claro que este ainda não é um projeto formidável que afasta o ator de estereótipos depreciativos e o desafia em uma atuação mais convincente e madura, porém, ele já merece respeito por tais esforços e também 'um boa sorte' já que não será nada fácil desvencilhar sua imagem do vampiro Cullen.
Origem: EUA
Gênero(s): Drama
Duração: 113 min
Diretor(a): Allen Coulter
Roteirista(s): Will Fetters
Elenco: Robert Pattinson, Emilie de Ravin, Pierce Brosnan, Caitlyn Paige Rund, Moisés Acevedo, Noel Rodriguez, Kevin P. McCarthy, Chris Cooper, Athena Currey, Lena Olin, Gregory Jbara, Ruby Jerins,Angela Pietropinto, Tate Ellington, David Deblinger
Não é o meu filme favorito, mas achei um bom pensamento, porém acho que o filme foi apenas um meio de mosrar Pattison em versão 'humana' em vez de vampiresca, o tom melancólico achei igual...
ResponderExcluirO que eu mais gostei neste filme é que ele fala, de uma forma bem bonita, sobre a marca que as pessoas que conhecemos deixam na gente. O final me surpreendeu, apesar de eu já esperar que algo fosse acontecer, devido ao uso excessivo da trilha sonora.
ResponderExcluirOi, Madame!
ResponderExcluirTudo bem aí?
Então, eu acho um bom filme, ainda que não seja perfeito.
Discordo, acho que Pattinson aqui está mais a vontade, mais amadurecido, vejo diferenças de composição de sua interpretação - muito distante o Tyler do Edward, ainda que ambos tenham uma carga depressiva presente.
E acho que a grande força do filme consiste na boa quimica dele com Emilie - mas, é verdade, Pattison funciona mais com Kristen Stewart, é verdade.
Mas, evito MESMO comparar este filme com Twilight Saga.
Eu acho que o filme teve uma boa premissa, na realidade eu demorei de ver e nem quis me entusiasmar, por isso devo ter gostado.
Eu acho interessante a forma como coloca Tyler e sua relação com o pai - problemática!; a maneira como ele lida com a irmã - cumplicidade!; a forma como ele vai se envolvendo com Ally - sem muita meiguice, nada meloso, mas sincero. Mas, é um filme muito deprê, com uma melancolia presente o tempo todo e o final me surpreendeu muito, muito mesmo...jamais esperava, ainda que, como disse Kamila acima ai, a trilha tivesse prefigurado um efeito dramático.
Em suma, é um filme que vale a pena, tem um saldo positivo e achei bem humano, realista. Até Pierce Brosnan convenceu neste, rs
Beijão!
Oi Vizinha,
ResponderExcluireu vi este filme com minha Tia. Ela se emocionou e eu fui diplomático com ela, pq eu não gostei TANTO. Mas é um filme redondinho e daria uma nota regular, rs!
Acho que o Pattinson pode vingar mesmo como ator. Ele já demonstrou fazendo Salvador Dali, por exemplo, e outros papéis interessantes no cenário de filmes independentes. É como o Brosnan mudando o tipo James Bond e está sendo sucedido (ex; Musical Mamma Mia!). Vamos esperar esta bobagem de saga Crepúsculo terminar, e creio que ele terá papéis ainda melhores.
A Emilie de Ravin é meio chatinha, vide a série LOST!
Veja outro exemplo: Leonardo Dicaprio, demorou um pouco para fazer filmes de adulto graças ao Scorsese.
Bjs.
Rodrigo "The Boy Next Door"
Pois é madame. Agora que vc viu o filme, dá para perceber que sua avaliação, de maneira geral, se alinha a minha. Contudo, discordamos sobre o impacto do final da fita. É inesperado? Sim é. É bom? não. É uma tentativa agoniada e mal ajambrada de aferir um significado maior ao filme e ao personagem. A apoteose pretendida por um final que nada acrescenta ao drama de seus personagens objetiva apenas a condescedência de seus espectadores. Um subterfúgio narrativo que poderia muito bem ser qualificado como covarde.
ResponderExcluirNo geral, concordamos. É um drama eficiente e que para o bem ou para o mal, mostra que Pattinson tem potencial. Basta saber aproveitá-lo.
bjs