Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

White Palace , o título original do filme Loucos de Paixão não tem nada a ver a tradução literal de um palácio branco no qual vivem belas, ...

Loucos de Paixão (White Palace) - 1990




White Palace, o título original do filme Loucos de Paixão não tem nada a ver a tradução literal de um palácio branco no qual vivem belas, jovens e abastadas princesas, talvez nisso resida uma tênue ironia neste filme sobre o desejo, a paixão e o amadurecimento do amor a partir de escolhas afetivas de dois amantes de diferentes níveis educacionais e sociais. Na verdade, o "palácio branco" é uma lanchonete bem simples na qual trabalha a garçonete Nora Baker (Susan Sarandon), uma mulher de 43 anos, que mora sozinha numa humilde casa no subúrbio americano, fã de Marilyn Monroe e que sofre com a morte do filho. Certa noite, após sair do trabalho, ela reencontra em um bar o emergente executivo do ramo publicitário, Max Baron (James Spader), um jovem viúvo de 27 anos que perdeu a esposa em um acidente de carro e ainda age de forma solitária e desnorteada. Entre um drink e cigarro, Nora se sente atraída por ele e se empenha em flertar com Max. Eles embebedam-se, ele lhe dá uma carona e o fim da noite resulta em uma transa ardente na casa dela, com todos os apelos luxuriantes, bem carnais do sexo casual realizado por desconhecidos alcoolizados, cheios de tesão em um cômodo sujo. Após esta deliciosa e louca madrugada entre eles, o desejo permanece em um contínuo crescente. Será que o desejo será convertido em desejo com Amor? Talvez sim, mas há obstáculos a serem contornados.






Em mais uma excelente performance, Susan Saradon faz o papel da mulher experiente e autêntica que não deve nada a ninguém, muito menos a quem a julga levianamente, ou seja, ela gosta de dar prazer e de recebê-lo, não gosta de depender de homem algum e sua forte personalidade tenta esconder a dor da perda do filho, morte pela qual ela se sente responsável e evita falar a respeito. Em plena década de 90, ela representa o tipo de mulher que não teve uma formação educacional digna, que não teve melhor sorte nem na vida profissional e muito menos na vida familiar, que seria julgada como uma "vergonha social" para um cara endinheirado como Max. Sua "casca" dura, de comportamento rebelde, feroz oculta sua sensibilidade que, pouco a pouco, é aflorada à medida que ela se apaixona por Max. Por outro lado, James Spader encarna o típico homem bem sucedido que toda mulher gostaria de se casar: independente, bonito, discreto, culto, gentil, sexy e, um apaixonado por Nora, ainda que ele não se dê conta da magnitude do sentimento. De fato, ele a esconde, não tanto pela diferença de idade, mas porque ela é bem diferente do tipo de mulher que o seu meio social aceitaria como o par perfeito para ele. Apesar da química intensa à flor da pele, para enfatizar os extremos entre os amantes, o filme utiliza elementos opostos do casal, bem marcados durante toda a película : Nora mora em uma casa que ela mantém suja, desleixada. Max mora em um apartamento bem caro e "clean". Nora trabalha em uma lanchonete servindo hambúrgueres. Max trabalha em uma agência de publicidade e é servido por uma nova conta de um grande cliente. Nora não tem amigos. Max tem vários "amigos inconvenientes" que costumam invadir sua vida amorosa. Nora é objetiva, direta em falar o que sente. Max é confuso, mais diplomático e cauteloso. Embora haja claras evidências de que eles pertencem a mundos bem diferentes, o que importa aqui é que eles se apaixonam e vencem estas barreiras de ordem individual e coletiva.






Loucos de Paixão não é um romance gratuitamente sensual entre um homem mais jovem e uma mulher mais velha. Denominá-lo como um romance entre gerações distintas e enfocado em um apelo mais erotizado seria subestimá-lo em seu real valor porque tanto Max quanto Nora têm tragédias pessoais que o aproximam. Ele perdeu a esposa, jovem e rica, em um acidente de carro e sofre com a triste influência de sua prematura viuvez, além disso é cobrado pelos amigos que insistem em dar palpites em sua vida afetiva. Encontrar Nora foi uma maneira de devolver-lhe não somente o desejo pelo sexo vivaz, mas devolver-lhe o amor e dar-lhe a possibilidade para quebrar seus próprios preconceitos, afastar-se do fantasma da falecida esposa e ignorar a opinião dispensável da sociedade preconceituosa. Nora perdeu o seu único filho para as drogas, e verdadeiramente, se deixou afundar pela sua própria tragédia familiar, metendo-se na bebedeira e no sexo casual talvez como uma forma de fuga, sempre se colocando como uma vítima. Encontrar Max foi uma maneira de devolver-lhe auto-estima, mais valor para a forte mulher que ela representa, afinal, ele se apaixonou por ela, e com toda a intensa jornada de paixão entre eles, ambos foram catalisados pelas diferentes vidas um do outro, não se importando com o que a sociedade coloca como "certo" e "errado".


Loucos de Paixão é um romance irresistível com um casal de atores que é irresistível.; ver Susan Sarandon como uma poderosa loba em frente ao lindo cordeirinho do James Spader é imperdível. Além disso, o filme também traz a experiência cinematográfica "romântica" do diretor Luis Mandoki (de Quando um homem ama uma mulher e Uma carta de Amor) e entrega à audiência um romance menos idealizado, mais pautado em uma realidade social a partir de dois amantes de estilos de vida diferentes que aprendem a superar preconceitos e são brindados com Amor e muito desejo.


Avaliação MaDame Lumière


Título original: White Palace
Origem: EUA
Gênero: Romance, Drama
Duração:
103 min

Diretor(a): Luis Mandoki
Roteirista: Glenn Savan, Ted Tally, Alvin Sargent
Elenco: Susan Sarandon, James Spader, Jason Alexander, Kathy Bates, Eileen Brennan, Steven Hill, Rachel Levin, Corey Parker, Renée Taylor, Jonathan Penner, Barbara Howard, Kim Meyers, Hildy Brooks, Mitzi McCall, K.C. Carr


Caro leitor,

Você acha que homens ricos se sentem atraídos
por mulheres pobres e vice e versa?
Será que é mais gostoso o desejo
por aquilo que não se é ?

3 comentários:

  1. Mais um filme desconhecido para mim, gosto muito da Susan Saradan e o filme parece ser ótimo e lendo sua resenha me deu muita vontade de conferir.
    Madame, não acredito que aja uma atração maior pelo fato de uma pessoa ser de diferente meio social, atração é algo intuitivo que pode acontecer sentindo por qualquer pessoa.
    Abs.

    ResponderExcluir
  2. É isso aí! Pondo o leitor para pensar! Mais um interessante desdobramento das circunstâncias do desejo! Já vi esse filme há muito tempo (em uma época que não adorava James Spader), lembro-me vagamente,mas o suficiente para apreciar seu belo olhar.
    bjs

    ResponderExcluir

Caro (a) leitor(a)

Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.

Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière