Em mais uma excelente performance, Susan Saradon faz o papel da mulher experiente e autêntica que não deve nada a ninguém, muito menos a quem a julga levianamente, ou seja, ela gosta de dar prazer e de recebê-lo, não gosta de depender de homem algum e sua forte personalidade tenta esconder a dor da perda do filho, morte pela qual ela se sente responsável e evita falar a respeito. Em plena década de 90, ela representa o tipo de mulher que não teve uma formação educacional digna, que não teve melhor sorte nem na vida profissional e muito menos na vida familiar, que seria julgada como uma "vergonha social" para um cara endinheirado como Max. Sua "casca" dura, de comportamento rebelde, feroz oculta sua sensibilidade que, pouco a pouco, é aflorada à medida que ela se apaixona por Max. Por outro lado, James Spader encarna o típico homem bem sucedido que toda mulher gostaria de se casar: independente, bonito, discreto, culto, gentil, sexy e, um apaixonado por Nora, ainda que ele não se dê conta da magnitude do sentimento. De fato, ele a esconde, não tanto pela diferença de idade, mas porque ela é bem diferente do tipo de mulher que o seu meio social aceitaria como o par perfeito para ele. Apesar da química intensa à flor da pele, para enfatizar os extremos entre os amantes, o filme utiliza elementos opostos do casal, bem marcados durante toda a película : Nora mora em uma casa que ela mantém suja, desleixada. Max mora em um apartamento bem caro e "clean". Nora trabalha em uma lanchonete servindo hambúrgueres. Max trabalha em uma agência de publicidade e é servido por uma nova conta de um grande cliente. Nora não tem amigos. Max tem vários "amigos inconvenientes" que costumam invadir sua vida amorosa. Nora é objetiva, direta em falar o que sente. Max é confuso, mais diplomático e cauteloso. Embora haja claras evidências de que eles pertencem a mundos bem diferentes, o que importa aqui é que eles se apaixonam e vencem estas barreiras de ordem individual e coletiva.
Loucos de Paixão não é um romance gratuitamente sensual entre um homem mais jovem e uma mulher mais velha. Denominá-lo como um romance entre gerações distintas e enfocado em um apelo mais erotizado seria subestimá-lo em seu real valor porque tanto Max quanto Nora têm tragédias pessoais que o aproximam. Ele perdeu a esposa, jovem e rica, em um acidente de carro e sofre com a triste influência de sua prematura viuvez, além disso é cobrado pelos amigos que insistem em dar palpites em sua vida afetiva. Encontrar Nora foi uma maneira de devolver-lhe não somente o desejo pelo sexo vivaz, mas devolver-lhe o amor e dar-lhe a possibilidade para quebrar seus próprios preconceitos, afastar-se do fantasma da falecida esposa e ignorar a opinião dispensável da sociedade preconceituosa. Nora perdeu o seu único filho para as drogas, e verdadeiramente, se deixou afundar pela sua própria tragédia familiar, metendo-se na bebedeira e no sexo casual talvez como uma forma de fuga, sempre se colocando como uma vítima. Encontrar Max foi uma maneira de devolver-lhe auto-estima, mais valor para a forte mulher que ela representa, afinal, ele se apaixonou por ela, e com toda a intensa jornada de paixão entre eles, ambos foram catalisados pelas diferentes vidas um do outro, não se importando com o que a sociedade coloca como "certo" e "errado".
Loucos de Paixão é um romance irresistível com um casal de atores que é irresistível.; ver Susan Sarandon como uma poderosa loba em frente ao lindo cordeirinho do James Spader é imperdível. Além disso, o filme também traz a experiência cinematográfica "romântica" do diretor Luis Mandoki (de Quando um homem ama uma mulher e Uma carta de Amor) e entrega à audiência um romance menos idealizado, mais pautado em uma realidade social a partir de dois amantes de estilos de vida diferentes que aprendem a superar preconceitos e são brindados com Amor e muito desejo.
Origem: EUA
Gênero: Romance, Drama
Duração: 103 min
Diretor(a): Luis Mandoki
Roteirista: Glenn Savan, Ted Tally, Alvin Sargent
Você acha que homens ricos se sentem atraídos
por mulheres pobres e vice e versa?
Será que é mais gostoso o desejo
por aquilo que não se é ?
Mais um filme desconhecido para mim, gosto muito da Susan Saradan e o filme parece ser ótimo e lendo sua resenha me deu muita vontade de conferir.
ResponderExcluirMadame, não acredito que aja uma atração maior pelo fato de uma pessoa ser de diferente meio social, atração é algo intuitivo que pode acontecer sentindo por qualquer pessoa.
Abs.
ja tem dvd no brasil
ExcluirÉ isso aí! Pondo o leitor para pensar! Mais um interessante desdobramento das circunstâncias do desejo! Já vi esse filme há muito tempo (em uma época que não adorava James Spader), lembro-me vagamente,mas o suficiente para apreciar seu belo olhar.
ResponderExcluirbjs