Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

As melhores coisas do mundo , da excelente diretora brasileira Laís Bodanzky abre o nosso coração para lembrar das melhores coisas quando ...

As melhores coisas do mundo - 2010



As melhores coisas do mundo, da excelente diretora brasileira Laís Bodanzky abre o nosso coração para lembrar das melhores coisas quando se é adolescente ( e também das não tão boas), mas ainda assim incríveis de serem vividas porque ser adolescente é simplesmente ser, ter uma linguagem própria, angústias e sonhos aflorados em um mundo ainda desconhecido e no qual ele precisa aceitar e ser aceito sendo ele mesmo, sem máscaras, sem estereótipos. Mesmo com toda a crueldade que cada jovem está vulnerável a sentir durante essa fase de passagem, imerso na ansiedade da primeira transa, na solidão do quarto, no bullying dos imaturos colegas da escola, na expectativa de ser desejado e amado, de estar na moda, de ser o centro das atenções, de ser querido pelos amigos e compreendido pela família, ainda assim, ser adolescente é uma fase única na vida de qualquer pessoa e que infelizmente não volta atrás, mesmo que seja difícil aceitar tal afirmação. Quando amadurecemos para a vida adulta, descobrimos que ser adolescente era bom, era uma das melhores coisas do mundo.







Com elenco que inclui o ótimo estreante Francisco Miguez, o atual ídolo Fiuk, os experientes Denise Fraga, Caio Blat e Paulo Vilhena e um elenco de jovens talentosos, As melhores coisas do mundo é baseada na série de livros de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto que priorizam os valores da adolescência com um certeiro projeto educativo para jovens: amor e amizade, respeito à diversidade, sexualidade afetiva, valorização da família, entre outros, ou seja, uma proposta pedagógica que contempla a necessidade não só do jovem mas do ser humano como um todo. São valores universais. Na prática, o filme enfoca Mano (Francisco Miguez), um adolescente de 15 anos e que tem como irmão mais velho, Pedro (Fiuk), ambos filhos de Camila (Denise Fraga) e Horário (Zé Carlos Machado). Mano está apaixonado por um garota bonita e popular, Pedro atravessa uma fase ruim, os seus pais estão se separando. Uma série de desdobramentos giram em torno desses jovens e seus amigos, permeando os valores acima e também os principais dramas adolescentes que interfaceam em relacionamentos com famílias, amigos, escola, etc. As melhores coisas do mundo é um filme a ser revelado, degustado, nostalgicamente apreciado.








Com ótimo roteiro contemporâneo de Luiz Bolognesi, uma ótima e realista fotografia de Mauro Pinheiro Jr. e destaque para a música As melhores coisas de Arnaldo Antunes e BID, As melhores coisas do mundo enfoca jovens da classe média paulistana e surpreende por expor os dramas adolescentes de uma forma espontânea, realista, agradável, fugindo completamente da banalização caricata da vazia adolescência apresentada em programas como Malhação, por exemplo. O longa-metragem nos convida a entrar no dia a dia de jovens como se pudéssemos cumprimentá-los e ter uma prosinha com eles, sem levantar bandeiras moralistas e explanar discursos educacionais que os orientem com imposição, afinal, conhecer o adolescente é se colocar no lugar dele e ver que ele não é tão diferente dos adultos que somos.


A bela idéia de As melhores coisas do mundo é simplesmente adentrar o sincero mundo do adolescente em um filme que não é só para adolescentes, e os valiosos e essenciais temas destacados no filme são abordados com bastante objetividade, franqueza e sem nenhuma frescura. Temas que, pelo menos, alguma vez na vida foram e são vivenciados em nossos contextos sociais e até mesmo em nossas vidas e com nossos amigos e familiares como: a primeira relação sexual, fofoca e (cyber)bullying no colégio, o desejo de morrer, a separação dos pais, o preconceito contra o homossexualismo, o fim de um namoro, a paixão por um(a) professor(a), a velocidade e proliferação de informações digitais em blogs e celulares, o envolvimento com drogas e álcool, diversão em baladas, a descoberta do amor, brigas com família, solidão e depressão, a participação em chapas e/ou grêmios escolares e a luta por igualidade e justiça, a dedicação à arte e a música, o respeito à diversidade, etc.
As melhores coisas do mundo é um mundo, moderno e sincero e, muito, muito nostálgico.





Foi exatamente essa nostalgia que senti durante toda a exibição de As melhores coisas do mundo. Durante aqueles minutos, atenta ao filme de uma maneira muito leve e natural, meus pensamentos foram longe e eu lembrei da minha adolescência, até do professor pelo qual eu nutri um amor platônico no cursinho. E ele era professor de geografia ao qual eu poderia dar o mapa do meu coração se ele o quisesse. Nessas horas vi o poder desse filme em sua simplicidade e é na simplicidade que residem as melhores coisas do mundo. Lembrei até do pátio do colégio, do barulho da hora do recreio, do menino mais bonito da escola, da turminha de amigos e de como eu também me sentia uma estranha no ninho, como eu também tinha meus momentos "girassóis no escuro" de sofrimento no silêncio e na intensa e vívida passionalidade dos meus desejos. Bons e velhos tempos que só voltam nas minhas memórias... e minha alma ainda tem um A de adolescência, um A de As melhores coisas do mundo.




Avaliação MaDame Lumière


Título Original: As melhores coisas do mundo
Origem: Brasil
Gênero(s): Drama
Duração: 117 min
Diretor(a): Laís Bodanzky
Roteirista(s): Luiz Bolognesi, baseado em série de livros de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto
Elenco: Francisco Miguez ,Fiuk ,Denise Fraga,Zé Carlos Machado,Gabriela Rocha, Gabriel Illanes , Gustavo Machado, Caio Blat, Paulo Vilhena, Júlia Barros

12 comentários:

  1. Madame, rs

    como estás hoje?

    Este filme, ao meu ver, surpreende pela boa direção e os atores funcionam, em cena, como reflexos de hábitos, contextos e situações reais de jovens emotivos.

    Gostei de saber dessa improvisação dos atores, com certeza dá o tom mais realista à trama! e, pelo que vi, realmente tem este ar nostálgico - e eu sou um ser amplamente e incondicionalmente nostálgico, deliciosamente perdido nas memórias de um tempo que vivi, rs

    até o que não vivi! rs

    Verei em breve!

    E, ah, detesto o pseudo-cantor-ator Fiuk!

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  2. Ahh Madame, estou mesmo comentando pra falar como gosto do seu blog. Estou sempre aqui lendo suas críticas ! u.u
    E sobre "As Melhores coisas do Mundo" é um filme que quero muito ver, gosto de filmes com essa temática.
    Abs.
    cinemapublico.blogspot.com

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  3. Que resenha nostálgica!!!RSRS
    Como bem sabe, gostei bastante do filme. Acho-o um frescor na cinematografia brasileira atual.Filme maiúsculo na realização e simples no conceito.
    Só para fazer coro ao Cristiano, o Fiuk é o que chega mais próximo de destoar na qualidade do filme.

    Bjs

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  4. Escreveste sobre nossa paixão compartilhada por twitter?
    O mais bacana de As Melhores Coisas do Mundo é o roteiro e a direção q mostram um profundo respeito e carinho por aqueles personagens e naum tratam a adolescência com displicência como a maioria das obras q abordam o tema. Existe sensibilidade no filme de Bodanzky e isso me conquistou.
    Juro q me arrepiei quando o Mano canta Beatles. Aliás, me arrepiei com várias passagens do filme como todos, somente pelo fato de ter me sentido representado como o adolescente q fui em As Melhores Coisas do Mundo.

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  5. Querida e deliciosa Madame, rsrs
    Está vendo como hoje estou contigo? rs

    Ah, gostaria de te fazer um comunicado e convite:

    http://kynemaeoutrasartes.blogspot.com

    CONHEÇA este novo espaço, estou colaborando!
    se puder leia, siga, comente, delicia-se!

    beijos

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  6. Me surpreendeu este filme. Não esperava nada. E achei doce, sincero e pungente. 4/5

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  7. Oi meu pimentinha,

    Hoje estou estressada,rs, mas irá passar assim que eu voar em cima de uma pizza,rs!

    Concordo com vc, inclusive a forma como o elenco teve liberdade de improvisar até mesmo as gírias, soou bem natural, por isso o filme ganhou no realismo e na sua autenticidade como retrato de uma adolescência.

    Gosto da forma como o roteiro não se aprofundou nos temas, mas esmiuçou amplamente os principais pilares da realidade do jovem. Possibilitou um elo mais afetivo, mais leve com a obra.

    Bjs, meu amigo!

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  8. Oi Alan: Foi um prazer conhecê-lo.Visite-me sempre e sucesso no seu blog.
    bjs

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  9. Oi Reinaldo,
    Nostalgia é uma palavra chave ao assistir As melhores coisas do mundo e eu fiquei com muitas saudades das coisas boas que eu vivi, até da minha inocência como uma garota cheia de sonhos.

    O Fiuk não canta bem, mas ele é sexy. Se ele ganhasse um pouco de peso e tivesse um tórax maior, ele nem precisava abrir a boca pra cantar pra mim, haha!

    bjs

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  10. Oi Wanderley,
    É isso aí mesmo. Gostei muito da câmera de Bodanzky. Também acho que o elemento "música" no filme faz uma grande diferença. O momento do violão tanto do Mano como quanto com o Pedro dá um toque ainda mais sensível ao filme, abre o coração para as lembranças de como é bom nunca envelhecer a mente e nem a alma.
    Bjs

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  11. Oi querido Cris, vc está super BEM comigo essa semana, haha. Vamos ver a próxima?

    Parabéns pelo blog. Vou incluí-lo em minhas leituras. bjs

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  12. Oi Wally,
    Eu também não estava nem na expectativa da estréia, mas me surpreendi também. Um trabalho dignamente brasileiro, e universal. bjs

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