Esse filme abriu o Festival de Toronto, na ocasião de seu lançamento e ganhou vários premios canadenses como o Directors Guild of Canada. Após assistí-lo, considero-o um filme mais inspirado por um nacionalismo de Paul Gross, um exímio canadense de Calgary que foi o selecionado para ser o sensual demon Van Horne na adaptação de "As bruxas de Eastwick". Batalha de Passchendaele, a "3ª Batalha de Ypres" é considerada uma das batalhas mais violentas da Primeira Guerra Mundial na qual os Canadenses lutaram contra os Alemães, então nada mais justo do que Gross mostrar o heróico sangue dos bravos soldados canadenses, distantes de suas famílias, abandonando suas amadas, vendo sua Pátria enviar jovens imaturos à Guerra e derramando o sangue de cidadãos em corpos mutilados. Até aqui, nenhuma surpresa para o gênero, mas há um enredo que não é de todo banal, tanto que explanarei sobre minha interpretação pessoal sobre ele o qual julgo que há uma mensagem de paz e de redenção, baseada no amor e na salvação do outro, mesmo que esse "outro" tenha sangue "inimigo".
Paul Gross é o soldado veterano Michael Dunne que, desde o início, não banaliza a morte gratuita como muitos veteranos e autoriades de guerra o acabam fazendo. Há um senso de justiça e humanidade nele, mesmo com seu comportamento letal que o rendeu o reconhecimento do exército. Ferido e, retornando ao Canadá, ele é atendido pela enfermeira canadense Sarah Mann (Caroline Dhavernas) que, pelo sobrenome já indica que é descendente de alemães. Eles se apaixonam mas são impossibilitados de ficarem juntos porque Michael decide voltar às trincheiras a fim de proteger o irmão de Sarah, David (Joe Dinicol) , um jovem ingênuo que se alistou à guerra e foi aprovado indevidamente a lutar já que é asmático.
As cenas mais marcantes da batalha surgem mais no final do filme e se aproximam das fotos históricas sobre a batalha, pelo menos, tentam imitá-las trabalhando um pouco melhor a fotografia fúnebre da guerra. São realistas, regadas a bastante lama, explosivos e feridas abertas, mas não há uma liderança emocionante do pelotão com Paul Gross à frente, muito menos, aquela emoção da bravura genuína dos soldados, então voltando à frase " "uma das mais sangrentas batalhas da primeira guerra mundial", o longa não é acompanhado de um tom cinematográfico que ressalte: "essa sim foi uma batalha bélica sangrenta que, não necessariamente, é dramática pela quantidade de sangue jorrado de corpos sobre trincheiras". Não há o teor das imagens e interpretações clássicas Platoon, Apocalypse Now e Resgate do Soldado Ryan e o roteiro não acompanha diálogos inteligentes que expressem a importância histórica dessa guerra e o drama do incerto romance em meio à guerra o qual também fica sem ser eficazmente explorado. Em um momento do filme, há uma carnificina no campo de guerra que absolutamente força o derramar de sangue porém não consegui ver autenticidade emotiva nessa guerra, o que, por alguns minutos me fez pensar se o propósito de Gross foi filmar o "sangrento" no sentido do estúpido sangue non sense que é derramado de forma pontualmente artificial, assim como a guerra é, fake por natureza, cheia de inverdades.
Por outro lado, o filme não é um fiasco, há um esforço a ser honrado porque a iniciativa do canadense Michael defender o filho de um bavário traidor é como um ato de amor que não é só por Sarah, mas uma escolha por voltar ao inferno, defender uma vida que independe de nacionalidade, que independe de mágoas patriotas. A cena da cruz é sugestiva porque exemplifica que voltar à guerra pode ter sido uma espécie de calvário à Michael, uma forma dele salvar a humanidade como "idéia do coletivo" salvando uma única pessoa através de um ato de amor e perdão, e assim, alcançando a redenção. Será que Paul Gross usou uma metáfora cristã nos campos de guerra cinematográficos? Resta-nos a reflexão advinda das hipóteses, pois pensar também é uma guerra.
Avaliação MaDame Lumière
Origem: Canadá
Gênero(s): Guerra
Duração: 114 min
Diretor(a): Paul Gross
Roteirista(s): Paul Gross
Elenco: Paul Gross, Caroline Dhavernas, Joel Dinicol, Meredith Bailey, Jim Mezon, David Ley, etc.
Pois é madame. Não se deixe enganar por uma produção canadense. rsrs Quando for co-produção com outros países (como no caso de Ensaio sobre a cegueira, por exemplo) tudo bem. rsrs
ResponderExcluirBjs
Oi Reinaldo,
ResponderExcluirAs produções são tão ruins assim? rs... bjs
Creio que vou gostar deste, a premissa é atraente!
ResponderExcluirOi Cris,
ResponderExcluirSaudades! Talvez você goste, embora eu duvide disso, rs!
Cadê meu beijo, seu danado? rs