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Para quem é fã de Western que, diga-se de passagem, muito raramente é reinterpretado na modernidade com o mesmo louvor dos clássicos do gên...

Appaloosa - Uma Cidade sem Lei (Appaloosa) - 2008





Para quem é fã de
Western que, diga-se de passagem, muito raramente é reinterpretado na modernidade com o mesmo louvor dos clássicos do gênero e dificilmente o será, agora tem uma nova opção de entretenimento: Visitar cinematograficamente o filme Appaloosa - Uma Cidade sem Lei, dirigido pelo talentoso ator Ed Harris que também interpreta o xerife pistoleiro Virgil Cole ao lado de seu assistente Everett Hitch (Viggo Mortensen) e se apaixona pela bela, intrigante e volúvel viúva Allison French (Renée Zellweger). O elenco atrativo conta também com a participação de Jeremy Irons como Randall Bragg, um cruel e sanguinário proprietário de terras para o qual não há lei, ou seja, ele e seu bando fazem e desfazem em Appaloosa. O bad guy e sua trupe precisam ser detidos pela dupla Virgil e Everett que são contratados para comandar a cidade e prender Randall após alguns assassinatos. A combinação de um leve Faroeste, com embates rústicos e moderadamente agressivos misturados a uma dinâmica romanesca e irreverentemente humorística faz de Appaloosa uma cidade habitável por quase 2 horas, não mais do que isso. Além disso, embora o longa-metragem tenha suas virtudes, não espere um filme puro sangue, tão selvagem e Western como um cavalo Appaloosa. Com a direção de Ed Harris, há bom gosto e razoável mansidão nesse filme, por isso talvez ele não agrade aos que desejam ver um Western pingando sangue e aflorando a maldade de homens implacáveis.





Primeiramente, eu não tinha expectativas grandes com relação a
Appaloosa porque não sou fã de Western, mas sei muito bem separar minha opinião, entre a imparcialidade e a emoção pós sessão de Cinema e brindar virtudes do filme quando elas existem. Inicialmente, o que me motivou a assistir Appaloosa foi muito mais o elenco e a direção do que o gênero e sua sinopse. O elenco valoriza o filme. Não é sempre que assistimos 4 grandes atores no mesmo filme e, muito menos Westerns revisitados. Inicialmente aprecio muito o trabalho de Ed Harris desde sua primeira direção em Pollock e, principalmente, gosto dele como ator, um profissional de performance requintada que faz um trabalho de atuação limpo para quem nem sempre é ator principal. Ele ainda consegue abrilhantar seus filmes com sua presença mais coadjuvante. Em Appaloosa, seu papel como Virgil Cole é uma mistura de homem rústico com elegante, seguro com inseguro, sério e engraçado, por mais que tudo isso possa parecer contraditório. Explico-lhes: Virgil Cole tem uma caracterização bem sofisticada para um pistoleiro, a começar pela elegância do figurino, mas ao mesmo tempo entra facilmente em uma briga como qualquer experiente e brutal pistoleiro. Comandando a cidade como novo xerife, ele tem a autoridade que transmite a segurança do que tem que ser feito, ou seja, ele vai prender Randall Bragg e impor a lei em uma cidade que não tem lei, mas quando o aspecto é o seu romance com Allison French, ele se vê inseguro em algumas situações como um jovem imaturo, afinal sempre se envolveu com prostitutas e índias e a Senhorita French é uma lady, mesmo que seja afetivamente confusa nesse fim de mundo de nome Appaloosa. Ed Harris é um dos melhores atores em cena, exatamente por mostrar seu lado engraçado, retroalimentando o filme com a irreverência dos Westerns mas sem deixar de transmitir a imagem de um homem acostumado à violência. Nesses opostos do personagem, o filme consegue se salvar e impor o talento e o trabalho conciso de Harris.






Como sempre,
Viggo Mortensen está um charme: sábio, misterioso e mais calado e só não ficou sexy como Western boy porque seu cabelo está péssimo, sua barbicha também. Como Everett, ele personifica a imagem do fiel companheiro de jornada de Virgil em uma ótima atuação, mesmo que a todo o tempo era apresentado à cidade como o "Assistente" de Virgil, ele não ficou em segundo plano para dar dinâmica a Appaloosa. E, ainda, que Allison e suas atitudes volúveis se coloque entre ambos, Everett se mantém leal ao amigo, confirmando que Westerns têm coração. Infelizmente faltou menos coração a Jeremy Irons; como o vilão da história, ele entrega uma razoável performance mas não brilha tanto quanto Harris e Mortensen. O argumento para tal atuação poderia ser : "Ele teria que ficar mais coadjuvante ainda para não ofuscar os protagonistas", porém pensar assim é pequeno quando o assunto é Western. Irons deveria ter encarnado a maldade em pessoa.





Por outro lado, no meio de tanta testosterona em uma cidade quase inóspita, nada melhor do que uma mulher simpática e complicada para dar um toque feminino ao filme e um boa dose de humor, afetando o contexto das relações de
Appaloosa, felizmente, papel conferido à meiga e bem humorada Renée Zellweger que não deixa de ser uma personagem interessante. Por não ser nem prostituta e nem índia e sim uma viúva branca e solitária, ela facilmente se envolve com Virgil que não perde tempo com um rabo de saia. A praticidade como o relacionamento se inicia faz jus ao comportamento dela, no entanto, o ponto alto da personagem é que ela não merece ser julgada levianamente porque ela ainda dá vida e ritmo à vida de Virgil e Everett e é uma mulher nitidamente carente e de bom coração. O fato de ser viúva e buscar aconchego em uma cidade violenta como Appaloosa dá um tom de previsibilidade a essa mulher, certamente, ela se sente sozinha e numa cidade que não tem competição feminina, ela busca calor nos braços de homens e traz uma humana doçura e fragilidade ao lugar e a estes homens, afinal, os brutos também amam e mulheres também adoram homens rústicos que escondem um bom coração.


Avaliação MaDame Lumière


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Título original: Appaloosa
Origem: EUA
Gênero: Western/Faroeste
Duração: 114 min
Diretor(a): Ed Harris
Roteirista(s):
Robert Knott, Ed Harris, Robert Parker
Elenco: Renée Zellweger,
Bobby Jauregui, Jeremy Irons, Timothy V. Murphy, Luce Rains, Jim Tarwater, Boyd Kestner, Gabriel Marantz, Ed Harris, Viggo Mortensen, Benjamin Rosenshein, Cerris Morgan-Moyer, James Gammon, Timothy Spall, Tom Bower, Erik J. Bockemeier.

2 comentários:

  1. Perfeito madame! Concordo em gênero, número e grau. Sobre Irons, especificamente, ele adorou ser o bad ass nessa fita. Dá para ver!
    bjs

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  2. Oi REinaldo, obrigads! Adorei o bad ass do Irons. Lembrei de algo que o poster de Perdas e Danos ocultou, rsrs!!!!

    Dispenso este ass!, rs!

    Bjs

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