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  Lançamento @Parisfimes nos Cinemas em 12 de Novembro  Pré estreias 06, 07 e 08/11 nos Cinemas Terror | Horror  por   MaDame Lumière Por  C...

O 3º Andar - Terror na Rua Masalana (Masalaña 32, 2020)


 


Lançamento @Parisfimes nos Cinemas em 12 de Novembro 

Pré estreias 06, 07 e 08/11 nos Cinemas

Terror | Horror 
por MaDame Lumière


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



O horror produzido pela Espanha, com ou sem a parceria de outros países, é uma válida tentativa de não deixar esse gênero nas mãos apenas do Cinema Americano. Eventualmente, eles acertam. Outras vezes, reproduzem as mesmas fórmulas que, em outros contextos e épocas, criaram referências clássicas para o horror. Produzir horror com vigor e frescor cinematográficos não é para qualquer um. No imaginário do público, aparentemente, gêneros como o horror e a comédia são mais fáceis de fazer. Mero engano. De fato, são filmes difíceis de trazer alguma inovação.


















Filmes como O Orfanato, REC e Olhos de Júlia são ótimas produções no Cinema de Horror Espanhol, assim, se tornaram referências nas últimas duas décadas, entretanto, para fins de entretenimento, experiência e análise fílmica, cada filme tem que ser observado individualmente. Quando se trata de terror/ horror, comparação nem sempre é saudável pois muitos recursos narrativos são reproduzidos, dando a impressão de que não há nada de novo. Neste sentido,  assistir ao lançamento O 3º Andar  - Terror na Rua Masalana (Masalaña 32, 2020) funciona melhor se o espectador não realizar comparações com outros filmes de horror Espanhóis e deixar a diversão fluir. Essa é uma recomendação para poder acompanhar melhor o sofrimento da família Olmedo e levar alguns sustos.
















Originários de um pueblo espanhol, como um interior, um estilo de vida provinciano, Candela e Manolo (Bea Segura e Iván Marcos) mudam-se com os três filhos e o avô (José Luis de Madariaga) para Madrid em um prédio localizado na Rua Masalaña. No 3º andar, eles se estabelecem com esperanças de ter uma vida melhor na capital Madrileña. O casal tem novos empregos e estão empolgados com as possibilidades de pagar a casa e proporcionar bem estar à família após a Ditadura Franquista. Porém, para o azar dos Olmedos, coisas estranhas começam a acontecer neste andar. Um dos apartamentos ao lado está vazio apenas na aparência, lá vive uma alma atormentada disposta  a não deixá-los em paz.








Partindo desta ideia, em uma Madrid ambientada na década de 70, o diretor  Albert Pintó realiza um horror convencional que traz a dinâmica da casa mal assombrada afetando a permanência de uma família.  Em um país que está renascendo para o desenvolvimento e a democracia, os Olmedos merecem encontrar no lar o seu porto seguro e em Madri as oportunidades para ganhar dinheiro e viabilizar seus projetos, entre eles, o da jovem Amparo (Begoña Vargas) que adoraria viajar para Paris. Porém, a ideia central é fazê-los sofrer, não por carregarem alguma culpa, mas porque são atormentados por um espírito que tem algo a falar e pedir.


















Visando a  incorporar o medo e a paranoia, a primeira hora de filme resgata vários recursos narrativos do horror já vistos em outros filmes ou semelhantes, como a criança graciosa, no caso, o ator Iván Renedo que interpreta Rafael, um dos filhos do casal. Sua participação traz à memória  grandes clássicos como Poltergeist e O Iluminado, assim, o diretor usa a figura da criança que vê os eventos paranormais e corre risco de vida. Paralelamente, a personagem Amparo - protagonista - tem relevância na presença cênica e no desenvolvimento até o plot twist por ser a pessoa que é mais perseguida  e investiga quem é esse espírito atormentado.

















No resultado do longa como um todo, é perceptível que o horror Espanhol tem bastante fôlego para reproduzir velhos esquemas de clássicos Americanos, e também, potencial para trazer uma atmosfera distinta, principalmente considerando que pode buscar inspiração em escolas como a do México Guillermo del Toro, que consegue reunir o drama, o horror e o fantástico.








Ainda assim, essa história segue algo mais Americanizado. Há um ritmo concentrado interessante até o meio do longa, que é bem amparado pela fotografia de época e a sonoplastia, porém, o que falta, na maior parte da narrativa, é um roteiro que arrisca mais e melhor aproveite os personagens, os conflitos, o drama e a tensão que, juntos, intensificariam o mal estar e o desconhecido. Ademais, como é uma família razoavelmente grande, era possível aproveitar melhor suas interações e conflitos que são, apenas, pincelados; por exemplo, a relação de Amparo com os pais, o comportamento frio e rude de Manolo, e a saúde debilitada do vovô Férmin.







Quando é chegada a hora do plot twist, fica claro que, sob a perspectiva histórica e social da Espanha, era possível investir mais no desenvolvimento da história e nessas chagas que se abriram em épocas de repressão, autoritarismo e patriarcado em uma sociedade governada por Franco, chagas que continuam a atormentar muitos.  Afinal, o horror tem essa capacidade de expurgar os males sociais na dimensão individual; na maioria, males que nunca serão esquecidos nem mesmo pelos espíritos.















Fotos: uma reprodução para divulgação do filme, via @ParisFilmes. 

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