Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

  Mostra SP 2020 - 22 de Outubro a 04  de Novembro   www.mostra.org #mostrasp #44ªmostra #44mostra #EuvinaMostra #MostraPlay Acompanhe o MaD...

Mostra SP 2020| Irmãs Separadas (Sisters Apart, 2020)

 




Mostra SP 2020 - 22 de Outubro a 04 de Novembro



#mostrasp #44ªmostra #44mostra #EuvinaMostra #MostraPlay


Acompanhe o MaDame Lumière para saber mais sobre os filmes

Viva à permanência da Mostra SP em 2020!



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Sob uma perspectiva bem feminina, há filmes que funcionam muito bem quando unem uma mulher na direção e outra talentosa atriz como protagonista que, juntas, conseguem narrar as nuances dramáticas dos conflitos da personagem. É o que ocorre na coprodução Alemanha e Grécia, Irmãs Separadas (Sisters Apart, 2020), drama sobre Rojda, uma jovem soldado Alemã com família originária do Curdistão, que decide procurar pela irmã Dilan em Erbil no Iraque. Com a excelente performance de Almila Bagriacik, o longa traduz bem o conflito de Rojda, dividida entre dois mundos, o Curdo-Iraquiano e o Alemão.








Drama feminino dirigido por uma mulher, a roteirista e cineasta Daphne Charizani






É uma narrativa em que a guerra, costumeiramente destrutiva, entra nas esferas pessoais dos personagens e se desdobra em ausências e perdas. Rodja é a irmã que, desde a infância, mora na Alemanha e tem o passaporte Europeu. Após buscar a sua mãe, Ferhat (Maryam Boubani), em um campo de refugiados na Grécia, Rodja tem a frustrante notícia de que sua irmã Dilan (Gonca de Haas) ainda encontra no meio dos combates curdo-iraquianos. É uma triste história de destinos separados pelos conflitos geopolíticos. 














É comovente perceber que, mesmo que Rodja tenha um passaporte Alemão, viva confortavelmente em seu apartamento e tenha uma profissão de prestígio no exército do país, ela tem um conflito de identidade com relação às motivações curdas no Iraque e de como isso impacta a sua esfera familiar. Para ela, não vale a pena tanto perigo e morte por causa da terra, ainda assim, ela se sensibiliza com os sentimentos de uma mãe refugiada. É uma personagem que, no transcorrer da narrativa, entra em conflito e vai mesclando a postura racional com as emoções.










Indubitavelmente, os conflitos de Rodja são comuns em qualquer refugiado de guerra ou ascendente de nações em zonas de conflitos que, por uma escolha e/ou destino, estão vivendo como estrangeiros em países Europeus. Atualmente, a Alemanha é um dos países que mais receberam imigrantes nos últimos quatro anos, e especificamente, muitos são de países do Oriente Médio. 







Assim, o duplo conflito da personagem é real: viver bem em uma nação desenvolvida como cidadã, e ver a família separada e o povo Curdo na miséria sob o risco de extermínio. Pelo menos no plano da ficção, Rodja é uma privilegiada que conseguiu crescer na Alemanha desde pequena e ter melhores oportunidades, porém, de maneira geral, nem todos os imigrantes vivem essa realidade tanto dentro como fora da Europa. Dilan é uma delas. 






A performance de Almila Bagriacik  é o ponto alto da história.  Sem essa naturalidade dela, entre ser uma soldado centrada e áspera e uma irmã emotiva, o filme não teria o mesmo efeito dramatúrgico. Em um das cenas mais marcantes, ela explode em emoção, na zona de guerra, com a sonoridade dos cantos femininos do Oriente. Belo momento!













Ademais, a realização de uma perspectiva feminina na guerra é bem equilibrada com a presença da força militar Alemã, de maioria masculina. Rodja conta com a ajuda de dois soldados Alemães para treinar mulheres curdas em Erbil, entre elas, Berivan (Zübeyde Bulut). Ainda assim, são as mulheres como ela, Rodja, Dilan e Ferhat que transformam o filme em uma experiência de sororidade, presenteando o público com momentos comoventes de como elas reagem às perdas femininas e de como ainda é possível sobreviver com a irmandade e os afetos.









Fotos: uma cortesia Reprodução Mostra SP para imprensa credenciada.

0 comentários:

Caro (a) leitor(a)

Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.

Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière