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  Lançamento da @A2filmes nos Cinemas Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Como equil...

O Caso Collini (The Collini Case, 2019)




 

Lançamento da @A2filmes nos Cinemas





Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação





Como equilibrar a percepção pessoal de justiça e a lei e suas lacunas teóricas, práticas e históricas na balança do Direito? Como lidar com as dimensões individuais, coletivas e afetivas e a busca por justiça? Como julgar um homem cuja vida e tragédia familiar foram impactadas por crimes de guerra ocultos e silenciados ao longo dos anos? Estas são questões que fazem parte da experiência com o drama Alemão O Caso Collini (The Collini Case, 2019), baseado no romance de Ferdinand von Schirach e com direção de Marco Kreuzpaintner.











Narrado com um híbrido roteiro que mistura drama de tribunal, suspense e crime, o longa-metragem traz ator Elyas M'Barek no papel do jovem advogado Caspar Leinen. Recém formado e sem experiência com júri, ele é nomeado como defensor do Sr. Fabrizio Collini (Franco Nero), um senhor Italiano que comete o assassinato de Hans Meyer (Manfred Zapatka), um bilionário industrial respeitado pela sociedade. Coincidência ou não, Sr. Meyer foi uma referência paterna na vida de Caspar Leinen, além do advogado  ter tido Johanna (Alexandra Maria Lara), neta do falecido, como namorada de infância.












Neste polêmico contexto, a narrativa se constrói pela ética do advogado em separar suas experiências afetivas da responsabilidade como defensor, ainda que ele se aproveite das suas memórias da infância e juventude. No campo ficcional, esta história funciona bem melhor do que na prática porque, por uma questão de conflitos de interesse, dificilmente um advogado conseguiria separar as emoções da razão e/ou se colocar contra uma família que, em parte, também é sua.







"O fato de termos provado com este filme que mesmo um drama judicial referente a um caso histórico pode ainda funcionar no cinema se for devidamente produzido, encenado e com um elenco de destaque é o que me faz mais feliz”, diz o cineasta, para deixar tudo bem claro. “Talvez isso dê esperança a todos aqueles que, de outra forma, tenderiam a ser pessimistas sobre o futuro da indústria”.






Ainda assim, a atuação de Elyas M'Barek  agrega valor à narrativa por ele se posicionar de forma humanista, humilde e profissional. Há um enfrentamento sutil do advogado defensor levando em conta que ele não é apego a violências cotidianas para vencer o caso, logo, age com foco, pesquisa e observação, solicitando a ajuda de outras pessoas, quando necessário, e seguindo uma linha investigativa que explora a memória para resgatar detalhes históricos. Não é vaidoso como seu oponente Richard Mattinger (Heiner Lauterbach) que pensa que, vencer vários casos, dá uma posição de poder e sucesso a qualquer custo.












Ao último ato é reservado o plot twist e a grande mise en scène jurídica, nos quais é possível refletir melhor sobre as perguntas iniciais expressas nesta crítica. Muito além do "jurídiquês" importa mais observar como as dimensões individuais e coletivas atravessam a memória e a História afetando sujeitos e sociedades no  tempo presente, e como a busca por justiça deve ser o fio condutor independente dos contextos e suas opressões.










Fotos e citação do diretor via press book oficial do filme. Uma cortesia A2filmes.

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