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Mostra SP 2020| Entre Mortes (In Between Dying, 2020)

 



Mostra SP 2020 - 22 de Outubro a 04 de Novembro



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Viva à permanência da Mostra SP em 2020!



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Um argumento genial, humanista e bem executado na história transforma um filme em uma experiência atemporal e universal, na qual as representações simbólicas de temas complexos como a família, a morte e o sentido da vida possibilitam ressignificações do viver. Entre Mortes  (In Between Dying, 2020), uma coprodução do Azerbaijão, México e EUA, ultrapassa o tempo da realização e da exibição e permanece no tempo da memória, da experiência marcante capaz de ser continuamente rememorada para outros sentidos da existência.












Roteirizado e dirigido pelo cineasta Hilal Baydarov, o longa narra a jornada de Davud (Orkhan Iskandarli), um jovem inquieto e insatisfeito com a realidade familiar que o cerca. Diante da incompreensão da própria vida e do seu lugar no mundo, ele parte de casa e realiza um percurso em busca de significados e amor.  Nessa livre trajetória em paisagens distantes, ele encontra várias pessoas, principalmente mulheres em algum tipo de conflito e com diferentes decisões que culminam em violência e morte, sendo atravessadas por histórias de sofrimento e abusos. Ao retornar ao seu lar, essas experiências cooperam para seu amadurecimento e relação familiar, entretanto, o tempo é frágil, nem tudo pode ser  vivido novamente entre as mortes do cotidiano.










É interessante notar que o tempo cronológico da narrativa percorre uma jornada metafórica,  misturando essas impressões sobre o tempo do Cinema e da experiência. De fato, há uma duração pequena no plano real, entretanto, poderia ser um outro dia qualquer na vida de outro ser humano. Esse poderoso efeito sobre o significado da vida em uma jornada de descoberta extrapola os limites temporais, ainda que esteja claro que Davud teve um horário de partida e outro de chegada em sua casa em apenas um dia.






É um filme fascinante com uma força narrativa poderosa, considerando a visão de que, a todo instante e em algum lugar, as mortes possibilitam a descoberta e a ressignificação, assim, o ser humano aprende com a morte o sentido da vida e constata que a morte é permanência constante na vida. Uma presença que, por mais trágica que seja, exige a convivência com as possibilidades de partidas. Ela está todos os dias à espreita e na iminência de acontecer, desse modo, nenhum homem ou mulher saberá quando se confrontará com ela.











Nesse sentido, Davud encontra no seu caminho diferentes mortes, todas violentas e abruptas. Mortes que ele pouco tem como evitá-las. Mortes que dão uma dimensão coletiva que atravessam realidades como violências relacionadas a diferenças de gênero, de poder, de cultura e sociedade como um todo. São mortes em um microcosmo que corroboram o macrocosmo presente em muitas sociedades, com isso, é um filme universal, ricamente metafórico.










A beleza da fotografia juntamente com a competência nos enquadramentos de planos, na escolha das locações e na montagem une as duas pontas da poesia e da técnica, da sensibilidade e da racionalidade no Cinema Independente, do indivíduo e do coletivo. É um filme raro, daqueles que projetam imagens, asperezas e silêncios que dificilmente são vistos em qualquer longa-metragem. 






Na verdade, nunca saberemos se Davud encontrou o que queria nas reflexões sobre a vida e o sentido de sua existência. É um filme que, na sua força realista  e também simbólica, permite uma reflexão em aberto, transcendente e libertadora.









Fotos: uma cortesia Reprodução Mostra SP para imprensa credenciada.

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