Lançamento Blockbuster @WarnerBrosPictures Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Seg...

Convenção das Bruxas (The Witches, 2020)

 



Lançamento Blockbuster @WarnerBrosPictures





Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação





Seguindo uma lógica contemporânea, fantasiosa e emotiva, o novo blockbuster distribuído pela Warner, Convenção das Bruxas (The Witches, 2020) dirigido por Robert Zemeckis,  apresenta uma terna história que conquista mais pela graciosidade entre neto e vovó do que propriamente pela atuação das bruxas. Neste sentido, o lançamento perde em efeito sombrio, mas ganha em uma diversão leve e agradável para toda a família.










Baseado no livro de Roald Dahl, o roteiro tem uma participação especial: Guillermo del Toro que, mais uma vez, vem a somar na linha tênue entre a realidade e a fantasia, o sombrio e o luminoso. Ao lado do cineasta e de Kenya Barris (da série"Black-ish"), Del Toro agregou um toque contemporâneo, principalmente, sob a perspectiva de uma fantasia que percorre o imaginário coletivo e ficcional, entrelaçando as fronteiras entre os afetos e o horror. Zemeckis consolida sua habilidade em contar histórias imaginativas nas quais o mundo adulto e infanto-juvenil se cruzam com perigo, aventura e diversão.






“eu acho que Convenção das Bruxas é um dos melhores livros do autor britânico, se não o melhor, e é por isso que eu estava muito interessado no projeto. As bruxas são diabolicamente deliciosas. Elas são más, não se arrependem jamais. Elas querem livrar o mundo das crianças. Me parece uma ideia maravilhosamente subversiva para uma história infantil”, diz Zemeckis.










A história é centrada na tradição literária de que as bruxas são más e não gostam de crianças. Se a criançada está vulnerável, estas bruxas têm mais forças para atacá-las, oferecer-lhes doces envenenados e transformá-las em ratinhos. A partir deste aspecto narrativo que alimenta o medo, o roteiro mostra o personagem central, o garoto herói (Jahzir Bruno) que ao ficar órfão após o acidente dos pais, vai morar com a vovó (Octavia Spencer). Desconfiada de que há bruxas por perto que podem colocar a segurança do neto em risco, a vovó se hospeda em um hotel. O que eles não imaginavam era que estavam no local da Convenção das Bruxas.






Como a Grande Rainha Bruxa, Anne Hathaway performa o charme, o exagero e a crueldade em pessoa. Nos últimos anos, a atriz tem mostrado atuações bastante expressivas no excesso, tanto na dimensão física/ corporal como na caricatura de personagens excêntricos  como em "Alice através do espelho" e "As trapaceiras", o que lhe caem bem. Como bruxa, sua atuação não tem um resultado cômico extraordinário porque está no limite do exagero (já esperado para o personagem), porém, ela encarna muito bem a combinação da elegância com o grotesco e cria uma dúbia e estranha tensão entre a mulher poderosa e má e a bruxa infeliz e ridícula.











Há algo bem solar no longa resultante do talento do cineasta e equipe, além do mérito de um roteiro objetivo que, ainda, mantem a ternura e a leveza para o público infantil. Mesmo em meio à frieza das bruxas, além dos ratinhos divertidos e simpático, o sol (e a estrela) deste live-action é Octavia Spencer. Que atriz fascinante! Ela reproduz a gentileza e proteção da família. Inteiramente, ela se estabelece como a personificação da gentileza humana com as crianças e os animais. Não é uma senhora "careta", pelo contrário, apresenta uma transparência no ser e no agir que combina bem com a delicadeza da relação neto-avó, entre o cuidado e a severidade. 






“Ela tem que preparar seu neto para a vida, porque sabe que a vida não será fácil para ele dali para frente. Então, ela lhe oferece um amor às vezes rígido, mas também um ombro macio quando ele precisa de um. E eu gosto desse equilíbrio. Gosto de como Kenya e Bob criaram a personagem da Vovó. Ela é engraçada, amorosa, mas também é severa quando precisa. É uma força da natureza”, explica a atriz.






Descendente de uma tradição espirituosa, a vovó é a anciã sábia e contadora de histórias para o neto. Ela é a senhora que preserva o conhecimento e o passa adiante, que sabe sobre os antigos rituais de cura, é a ancestral das ervas medicinais, das poções e remédios caseiros. Logo, a atriz reproduz esse lado afetivo da força do bem, das vovós que representam o alicerce do amor,  dialogam com os netinhos e entram nas brincadeiras. Mesmo quando o bem não pode vencer o mal através de uma magia imediata, é a humanidade da vovó que possibilita ajudar o neto e os outros ratinhos.










Sob a perspectiva da literatura infanto-juvenil e da tradição narrativa, uma boa decisão a respeito do roteiro é a transmissão da contação de histórias ao longo dos séculos e a importância das memórias afetivas e fantasiosas da infância, principalmente, na relação da criança com outros contadores de histórias como uma mãe, um pai, avós ou professor(a). Neste sentido, a história é narrada por Chris Rock, que interpreta o garoto herói já maduro. Ele conta a experiência da infância, algo que foi vivenciado com sua vovó. Apesar dos perigos vividos, a imaginação da criança mistura realidade com ficção e resgata os momentos de afetos e aventuras com os familiares e amigos.





Com um roteiro que não pesa na experiência, Convenção das Bruxas é mais uma vitória contra as bruxas más. É um divertido levante das crianças, vovós e ratinhos contra as megeras do que propriamente um filme protagonizado por bruxas. Nisto está sua melhor performance!









Fotos e citações do diretor e de Octavia Spencer, via press book para imprensa credenciada Warner Bros Pictures. Reprodução. 

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