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Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Baseada em uma famosa sér...

Missão Impossível (Mission: Impossible, 1996)






Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Baseada em uma famosa série de TV Americana e dirigida por Brian de Palma, Missão Impossível (Mission: Impossible, 1996) é o primeiro filme de uma franquia lucrativa e de longa vida entre os blockbusters americanos. Até quando um dos filmes é  considerado razoável, a franquia mantém fãs leais por sua combinação de ação impossível com a narrativa de espionagem.






Protagonizada  por Tom Cruise como o agente Ethan Hunt, a franquia é um dos melhores negócios realizados pelo ator e produtor que injetou uma fortuna e estabeleceu fortes parcerias na sua realização. Sua longevidade  é tão impressionante que foi lançado o sexto filme (Missão : Impossível Efeito Fallout)  hoje, 26 de Julho, nos Cinemas  Brasileiros. Sua evolução tem registrado um contínuo desenvolvimento da linha dramática do protagonista e uma modernização da infraestrutura narrativa, em especial, nos 3 últimos filmes.

 Mas como tudo isso começou? O que deve ser apreciado no primeiro filme? Por que ele é importante para o início da franquia?


Em primeiro lugar, Tom Cruise é um homem de negócios. Há de receber bastante crédito e mérito pela sua visão de crescimento de carreira. Sua estreia como produtor ocorreu nesse primeiro filme, no qual ele não poupou esforços em se associar a um diretor que, para a época, tinha credibilidade e um apurado Cinema sugestivo para suspenses. 


Brian de Palma nunca escondeu sua admiração pelos filmes de Hitchcock e muito menos o fato de ser especialista em realizar sequências de ação e utilização de maneirismos nos conflitos.  Três anos antes de trabalhar nesse longa, ele tinha dirigido "O pagamento final" (Carlito's Way), um filme que mostra as marcas autorais de sua direção e apresenta um excelente trabalho de direção de atores. Assim, se Al Pacino funcionou bem como Carlito, Tom Cruise poderia ser bem apresentado como Ethan Hunt sob a orquestração de Brian de Palma. 


Para o roteiro de MI-1 convidaram David Koepp, roteirista que era  a bola da vez por ter escrito "Jurrasic Park: Parque dos dinossauros", um blockbuster que deu muito certo. Formando trio com ele, o experiente Robert Towne (de Chinatown) e Steven Zaillian de "A lista de Schindler" (1993), excepcional drama histórico e um dos melhores filmes de Steven Spielberg.  Para completar o lançamento com estilo, acrescentaram um tema musical icônico composto por Lalo Schrifrin e  trilha sonora de Danny Elfman.


Na história, Ethan Hunt perde a equipe em uma missão realizada em Praga, entre os integrantes destacam-se  Jim Phelps (Jon Voight) e Sarah Davies (Kristin Scott Thomas). Como Hunt é o único sobrevivente depois da grande cilada, toda a suspeita recai sobre ele. Sem poder confiar em quase ninguém, ele tem o desafio de descobrir a verdade e evitar mais tragédias. Daí começam as alianças e métodos inteligentes e audaciosos de Hunt que se tornam sua marca pessoal.


Ethan Hunt pensa e  realiza coisas impossíveis. Ele  é um agente que faz o impossível que apenas a incrível Arte do Cinema poderia registrar com tanto entretenimento e aparência de possível. Aliás, um dos acertos da franquia é lançar um agente secreto bem mais interessante que o super homem. Hunt é indestrutível. Sua eficiência é fora de série.





Fonte: MovieStillsDB.com




Com todas as boas referências cinematográficas de Brian de  Palma, Missão Impossível não foi um risco alto nas mãos do diretor. Apesar de ser um cineasta de natureza autoral com um estilo  cultuado (e também subestimado), De Palma caiu como uma luva para um filme que tem duas dimensões na sua estreia: entretenimento e ação de espionagem. Sob essa perspectiva, o longa é bem executado na sua direção. Era necessário conciliar o suspense com boas tomadas mais estilizadas de ação, cuidadosamente bem decupadas por quem sabe trabalhar com esses registros.


Em determinadas cenas , é possível perceber que esse é um filme De Palma. Tem sua impressão digital, como a sequência do assassinato da equipe com uma articulação coesa  e tensa entre movimentação de câmera em closes, detalhada utilização do espaço da mise - en - scène  e dos personagens e o clima de mal estar, suspense e cerco . Sem deixar de mencionar a  emblemática cena do roubo ao cofre, milimetricamente planejada para incorporar os impactos de som e movimento em cena,  seu desdobramento para o suspense e o risco de falha da missão.







Na relação mais próxima ao protagonista, Brian de Palma entrou na mente de Ethan Hunt, registrando um pouco do caos mental e da dubiedade das relações, como as cenas emocionais do agente realizadas no apartamento esconderijo, e as interações com Claire (Emmanuelle Béart). Ela não tem tanto espaço narrativo para exercer uma autêntica femme fatale da filmografia de De Palma, entretanto, é misteriosa e sua relação com Ethan Hunt desperta curiosidade desde os planos iniciais.


MI-1 projeta uma imagem de filme feito em uma época na qual ele tinha que realmente nascer. O Cinema dos anos 90 apresentava uma mescla entre a tradição e o moderno e uma diversidade de significativas produções, com filmes contemporâneos  de qualidade e influenciados pelo cinema independente, com novos blockbusters e/ou dramas com temáticas variadas. Considerando esse contexto, MI-1 nasceu e envelheceu bem como um entretenimento que faz justiça ao começo da franquia, exatamente por trazer a marca suspense - ação de um diretor como Brian de Palma além de jogar luz em um astro carismático como Tom Cruise, agora em um papel capaz de estabelecer uma relação muito próxima com os fãs, como 007.





Seu único ponto desfavorável é o roteiro. Ele não dá tanto espaço para o desenvolvimento dos personagens, conserva uma narrativa tradicional que não se arrisca na sofisticação e complexidade dos conflitos. Isso traz outras duas percepções: a primeira é que muitos descobrem facilmente o vilão, assim, a ação é favorecida mais do que  a dramaturgia do conflito; a segunda é o desfecho que dá uma sensação de "a história já acabou?"


É bem capaz de espectadores sentirem que faltou algo na história, na interação e na relação dos diferentes atores . Tudo passa rápido com boas cenas de ação, mas pouco da história realmente permanece. Na revisão de MI-1, fica mais evidente o que realmente importa : ver Ethan Hunt começando a avançar no Cinema. 











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