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Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação O lançamento de Missão Impossível 3 ...

Missão: Impossível 3 (Mission: Impossible 3, 2006)




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



O lançamento de Missão Impossível 3 (2006) representa a maturação da franquia após um desvio de identidade no filme antecessor. John Woo fez um dedicado trabalho de ação, entretanto, o filme perdeu em nuances dramáticas que, a partir deste terceiro filme, melhoraram substancialmente. Entre as novidades,  o influente produtor e diretor J. J Abrams, adaptado a investir seu tempo, estratégia e orçamento em grandes produções, assume a direção e coopera com o roteiro. Os roteiristas Alex Kurtzman e  Roberto Orci (de "A ilha")  oxigenizam a parceria e substituem Robert Towne. Para completar as mudanças significativas, Philip Seymour Hoffman ingressa como o vilão Owen Davian após realizar uma sólida atuação no drama Capote. 








J. J Abrams e Tom Cruise trabalham com elementos que são favoráveis ao desenvolvimento da franquia e de seu aperfeiçoamento dramático. Colocam o Ethan Hunt em maus lençóis mas também oferecem outras dimensões de natureza individual, aproximando o agente secreto do conflito vida pessoal x vida profissional. No começo, com uso de flashback e os benefícios da tensão, curiosidade e dúvida do espectador, o protagonista está em um cativeiro com uma nova personagem: sua esposa Julia (Michelle Monaghan). 



Pela primeira vez, Ethan Hunt tem uma vida comum a se apegar. Como ele conseguirá conviver com uma vida de casado? Como ocultará de quem ama o seu perigoso estilo de vida ? Quais os sentimentos que ele enfrentará?  Todos essas perguntas mobilizam uma conexão maior com o protagonista ao aproximar o público de sua humanidade. Para um agente que realiza tantas missões impossíveis, tornar Ethan Hunt um cidadão comum que se preocupa com a segurança da esposa e que tenta conciliar os diferentes papéis que exerce é, no mínimo, intrigante. 



Se no primeiro filme, Ethan Hunt era um garotão bem humorado e em começo de carreira, no segundo, um homem movido a paixões e explosões instantâneas. Agora, ele é um homem com sentimentos mais nobres que também vivencia o conflito de ser um agente secreto, fato que contribui essencialmente para corroborar a linha dramática que o personagem assumirá nos outros filmes. Ethan Hunt terá cada vez mais conflitos e estará mais vulnerável, mas também demonstrará um carisma tremendo para conquistar e manter amigos leais como  Benji (Simon Pegg) e Luther (Ving Rhames) . Genuinamente, ele é um homem bom e se preocupa com as pessoas, não é apenas um brilhante e potente agente da espionagem IMF.







Na história, o vilão Owen Davian tem um comportamento sádico, assim sua linha de vingança contra Ethan Hunt é fazê-lo sofrer matando, ameaçando e colocando em risco as pessoas de que Hunt gosta .  Neste contexto, a dinâmica do roteiro nasce a partir da morte da agente IMF  Lindsey Farris (Keri Russell), uma das profissionais recrutadas por Hunt. De forma muito acertada, antes mesmo de Julia aparecer como um romance sério, a narrativa trabalha as emoções do protagonista. Lindsey descobriu um segredo e não pôde ser salva. Tom Cruise atua de maneira mais sólida e consciente da dimensão emocional de seu personagem, com emoções de perda e culpa,  evidências que fazem o longa crescer em comparação às lacunas do filme anterior.






A história não atinge um ápice de qualidade excepcional, mas as melhorias são nítidas. Novas e exóticas locações, agentes duplos, ameaça de arma química e enfrentamentos pessoais  dão conta da narrativa. Por outro lado,  a oportunidade de tornar o vilão Owen Davian  estratégico e cerebral não é bem trabalhada. Levando em conta que  Philip Seymour Hoffman foi um dos atores modernos mais críveis e brilhantes que Hollywood já teve, seu personagem tem ataques exaltados de ego e fúria, quando, teria sido mais inteligente usar melhor a capacidade de cinismo e crueldade que o ator daria a este vilão. 



Prova de que o vilão poderia ter sido melhor dimensionado no conflito é a resolução do desfecho. Uma ação rápida, fácil e forçada, diferente da tensão do flashback do começo do filme na qual Owen Davian parecia que ia dar muito mais trabalho.








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