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Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação A vingança é um prato cheio n...

Jogada Divina (The Divine Move, 2014)







Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



A vingança é um prato cheio nos filmes Sul-Coreanos, basta lembrar do incrível OldBoy (2003) de Park Chan-Wook, parte integrante da Trilogia da Vingança que inspirou outros diretores e fez escola na cinematografia do país, combinando o drama, ação e  mistério. Ao conhecer mais um  filme que une a temática da vingança com a tradição cinematográfica asiática em manuseio de armas brancas e coreografias de furiosas lutas , é preciso reconhecer que os Sul Coreanos são muito bons em filmes com muita ação sangrenta e ágil combate corporal, e para melhorar o cardápio, um toque de humor bem zombeteiro para dar fôlego ao espectador em ver tanta fúria, morte e sangue.







Jogada Divina (The Divine Move/ Sin-ui Hansu, 2014) de Beom-gu Cho tem um título cafona mas engana. É um filme de ação que nos apresenta o universo  clandestino dos jogos de azar que financiam e desenvolvem uma perigosa rede de corrupção Sul-Coreana comandada por um cruel vilão, Sal-soo (Beom-su Lee). Em foco,  a história mostra um jogo milenar e estratégico na Ásia, o Go, também conhecido como  Baduk na Coréia. Com a ação dos bandidos mafiosos, o Go se tornou uma inescrupulosa forma de atrair, enganar e assassinar jogadores. 



O conflito começa quando o irmão de Tae-seok (Jung Woo-sung) entra em uma partida de Go monitorada por Sal-soo e é assassinado com bastante brutalidade e sadismo. Tae-seok é acusado de ser o homicida e é condenado a muitos anos de prisão. Destemido, habilidoso em Go e disposto a vingar a morte do irmão, Tae-seok passa por um preparo combativo na prisão, em lutas e jogo, e depois vai atrás de um por um para a vingança. Na saída, recruta um pequeno grupo formado pelos atores Ahn Sung-Ki, Kim In-Know e Ahn Kil-Kang, cada um com uma característica relevante para levar a cabo o plano vingativo. 






Não é possível compreender as estratégicas do Go na historia e nem é a intenção dos roteiristas, mas é o jogo que está no meio dos conflitos. Analisar a obra não apenas como um filme de ação mas como um drama pessoal torna a experiência mais significativa e valorosa. O diretor traz à cena o jogo como um fator de desestabilização das subjetividades quando mal usado por gente brutal.







Como consequência,  no centro da narrativa, há dramas que se entrecruzam como a  perda de entes queridos, da família, a corrupção de menores, o aprisionamento de personagens, as traições e assassinatos a sangue frio. É um esvaziamento do bem que um jogo milenar poderia trazer à sociedade, entretanto, por conta da ambição, crueldade e sede de poder do homem, o Go é inserido em um ambiente altamente destrutivo.



Com um ritmo fluído,  direção bem executada, um elenco entrosado e uma montagem que intercala cenas  sangrentas com outras mais leves, bem humoradas e amistosas, Jogada Divina é um filmaço. O diretor utiliza várias possibilidades de exploração dos espaços nos conflitos, de formas cruéis de combate e morte e de posicionamentos de câmera para melhor visualização das cenas de lutas. Determinadas cenas são tão brutais com blood split e suspense antes do golpe mortal, mas na forma que são filmadas, tem um ingrediente cômico, algo que os sul coreanos são hábeis. 



O grande destaque é Jung Woo-sung. Ele é um protagonista com elegância natural, comportamento acessível e eficiente. Seu personagem consegue ser, ao mesmo tempo, frio e humano.  Sabe trazer alguns aliados para si e cooperar mas também focado na vingança como um mentor audacioso.  










A parceria do personagem com o cômico Kkong -soo (Kim In-Know) e o experiente velho cego  Joo- nim (Ahn Sung-Ki) dão às cenas mais leveza, camaradagem e humanidade. Na verdade, muito além do protagonista ter uma equipe para ajuda-lo na vingança, esta colaboração é necessária pois alarga o filme com questões que são intrínsecas ao cinema Sul-Coreano, como as cenas de humor non sense em situações que são tensas, sanguinárias, além do elemento emocional que é inserido nos dramas individuais. 



Com uma equipe deste nível e a participação especial de Ahn Seo-Hyun (de Okja) com uma pequena jogadora de Go , o filme é uma jogada imperdível.















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