Esta review contém menções que podem ser consideradas spoilers
O Cinema Francês tem uma habilidade singular de realizar comédias dramáticas com frescor que energizam a alma, arrancam a gargalhada mais espontânea, o sorriso que ilumina o coração e a lágrima que resulta de uma sincera conexão emocional com a história. Como relíquias audiovisuais revigorantes da Comédia Francesa nos últimos anos e que conciliam fenômenos de bilheteria com excelente qualidade cinematográfica estão filmes como O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain, Os Intocáveis e o mais recente Eu, mamãe e os meninos, produzida, escrita e realizada por Guillaume Galliene e vencedor de 5 premiações Cesar: melhor filme, filme de estreia, roteiro adaptado, ator e edição, fortes virtudes técnicas do longa que, de tão bem coordenadas com a história, garantem uma diversão descontraída, envolvente e imperdível.
O ator e diretor Guillaume Galliene inclui sua autobiografia na construção da narrativa: sua relação com a mãe (interpretada por ele mesmo), a influência de sua experiência com o teatro (advinda da renomada La Comédie Française), suas viagens e estudos na Inglaterra e referências à sua esposa Amandine etc. No entanto, a base cine biográfica é expor um conflito pessoal: contar ao público como seu jeito mais feminino foi considerado pela família e outras pessoas de convívio como uma evidência de orientação homossexual. Essa é uma questão muito comum quando alguns homens são julgados e sofrem bullying, principalmente no meio artístico . Guillaume reúne diálogos bem leves e engraçados, excelente trilha sonora e brinca com os clichês de uma forma original, amparado por um trabalho fantástico de mise en scène com cortes precisos e uma montagem criativa que dá uma fluída continuidade ao desenrolar dos fatos. A edição é tão bem construída que realiza uma transição especial entre planos e joga bem a relação tempo, espaço e personagem.
O começo do filme é belíssimo com a entrada triunfal da composição criada por Marie - Jeanne Serero e Guillaume Galliene em momento de concentração no teatro, logo mais, um corte cênico à grande abertura metalinguística da história: Guillaume está no palco e contará sua vida ao espectador; posteriormente, a história leva um tempo maior para explorar os clichês e Guillaume sentir-se mais à vontade no papel, considerando que o tema é mais delicado e ele acaba incorporando exatamente o clichê afeminado no qual muitos apostam. A história evolui gradativamente com acertado uso de situações engraçadíssimas que fazem parte do amadurecimento de Guillaume: idas a terapeutas, passagem por colégio interno e exército, tentativas de experimentação do sexo etc. Todas hilárias! Porém, o bel prazer está nos momentos catárticos, mais bonitos, orquestrados com uma trilha sonora bem selecionada e em consonância com a emoção da personagem.
Eu, mamãe e os meninos é a materialização da competência de Guillaume Galliene como um artista completo. Não somente como produtor e ator mas pela sua versatilidade em compor e dirigir o roteiro da própria vida com graça, lirismo e situações cotidianas, comuns. Expor esse conflito através do riso e com delicadeza é uma estratégia eficaz para contar um história em torno da identidade sexual sem depreciar o tema e, com isso, ele alcança uma das suas paixões: as mulheres e, em especial, seu amor pela mãe. O filme é um primor para o universo feminino e toda mulher precisa assisti-lo. Há sequências incríveis e comoventes em como Guillaume é capaz de ter sensibilidade e percepção mais crível para admirar cada mulher e expressar como ela é: seu olhar, sua respiração, seu jeito de sorrir, de tocar, de falar. Dessa forma, igualmente, todo homem tem que assistir ao longa para valorizar essa aura irresistível e única que as mulheres têm. Ao testemunhar a maneira como Guillaume as revela, ele descobre muito de si e esse é um valor incalculável para o público "sentir o filme". Há uma beleza primorosa em ver um homem descobrir essas nuances femininas e também assumir que, em algum momento de sua vida, ele também se sentiu atraído por um amigo de colégio. A maturidade traz essas descobertas. Finalmente, como contador de histórias que durante boa parte da projeção age como uma garota confusa, frágil e em amadurecimento, Guillaume faz uma declaração de amor às mulheres de sua vida: tias, avó, mãe, esposa e traz à sala escura que quem afirma identidade e orientação sexual somos nós, não os outros.
O ator e diretor Guillaume Galliene inclui sua autobiografia na construção da narrativa: sua relação com a mãe (interpretada por ele mesmo), a influência de sua experiência com o teatro (advinda da renomada La Comédie Française), suas viagens e estudos na Inglaterra e referências à sua esposa Amandine etc. No entanto, a base cine biográfica é expor um conflito pessoal: contar ao público como seu jeito mais feminino foi considerado pela família e outras pessoas de convívio como uma evidência de orientação homossexual. Essa é uma questão muito comum quando alguns homens são julgados e sofrem bullying, principalmente no meio artístico . Guillaume reúne diálogos bem leves e engraçados, excelente trilha sonora e brinca com os clichês de uma forma original, amparado por um trabalho fantástico de mise en scène com cortes precisos e uma montagem criativa que dá uma fluída continuidade ao desenrolar dos fatos. A edição é tão bem construída que realiza uma transição especial entre planos e joga bem a relação tempo, espaço e personagem.
O começo do filme é belíssimo com a entrada triunfal da composição criada por Marie - Jeanne Serero e Guillaume Galliene em momento de concentração no teatro, logo mais, um corte cênico à grande abertura metalinguística da história: Guillaume está no palco e contará sua vida ao espectador; posteriormente, a história leva um tempo maior para explorar os clichês e Guillaume sentir-se mais à vontade no papel, considerando que o tema é mais delicado e ele acaba incorporando exatamente o clichê afeminado no qual muitos apostam. A história evolui gradativamente com acertado uso de situações engraçadíssimas que fazem parte do amadurecimento de Guillaume: idas a terapeutas, passagem por colégio interno e exército, tentativas de experimentação do sexo etc. Todas hilárias! Porém, o bel prazer está nos momentos catárticos, mais bonitos, orquestrados com uma trilha sonora bem selecionada e em consonância com a emoção da personagem.
Eu, mamãe e os meninos é a materialização da competência de Guillaume Galliene como um artista completo. Não somente como produtor e ator mas pela sua versatilidade em compor e dirigir o roteiro da própria vida com graça, lirismo e situações cotidianas, comuns. Expor esse conflito através do riso e com delicadeza é uma estratégia eficaz para contar um história em torno da identidade sexual sem depreciar o tema e, com isso, ele alcança uma das suas paixões: as mulheres e, em especial, seu amor pela mãe. O filme é um primor para o universo feminino e toda mulher precisa assisti-lo. Há sequências incríveis e comoventes em como Guillaume é capaz de ter sensibilidade e percepção mais crível para admirar cada mulher e expressar como ela é: seu olhar, sua respiração, seu jeito de sorrir, de tocar, de falar. Dessa forma, igualmente, todo homem tem que assistir ao longa para valorizar essa aura irresistível e única que as mulheres têm. Ao testemunhar a maneira como Guillaume as revela, ele descobre muito de si e esse é um valor incalculável para o público "sentir o filme". Há uma beleza primorosa em ver um homem descobrir essas nuances femininas e também assumir que, em algum momento de sua vida, ele também se sentiu atraído por um amigo de colégio. A maturidade traz essas descobertas. Finalmente, como contador de histórias que durante boa parte da projeção age como uma garota confusa, frágil e em amadurecimento, Guillaume faz uma declaração de amor às mulheres de sua vida: tias, avó, mãe, esposa e traz à sala escura que quem afirma identidade e orientação sexual somos nós, não os outros.
Ficha técnica do filme ImDb Eu, mamãe e os meninos
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Cristiane Costa, MaDame Lumière