O novo longa-metragem do diretor Roger Michell (de Um lugar chamado Nothing Hill) em parceria com a roteirista Aline Brosh McKenna (de O Diabo veste Prada) aborda os bastidores de uma programa de TV matinal no qual a workholic produtora executiva Becky Fuller (Rachel McAdams, de Diário de uma paixão) tem que lidar com vários empecilhos do programa e seus bastidores como o ego de jornalistas, a cobrança do diretor pelo sucesso, a falta de uma pauta inteligente e de uma equipe mais qualificada, etc a fim de salvar o seu emprego e o fiasco de audiência que o programa representa. Além da carismática Rachel McAdams que ilumina a tela grande com a sua beleza natural e carismático sorriso, estão no elenco atores com os quais o público já tem uma relação de empatia, Harrison Ford (Mike Pomeroy) e Diane Keaton (Coleen Peck), que atuam como âncoras do programa matinal e trocam farpas um com o outro, beneficiando o filme com hilários momentos de guerra dos sexos.
Uma manhã gloriosa é um entretenimento palatável e uma comédia interessante se avaliadas algumas nuances comportamentais que são comuns ao meio jornalístico e que não se esquivam do desafio profissional das pessoas, principalmente nos bastidores da TV. Becky tem que enfrentar situações como o desemprego repentino e a busca de uma nova posição, a de ser aceita no seu ambiente de trabalho, a de ter iniciativa e energia para influenciar uma equipe, a de gerenciar conflitos e manter o otimismo. Nesse contexto, Rachel McAdams atua bem porque sua Becky não desiste das adversidades nem se rende ante as limitações do roteiro. Ela energiza o filme com sua simpatia e veia cômica e a impressão dada é que, acima de tudo, a atriz está se divertindo e se esforçando nesse papel. Sua personagem é composta por alguns detalhes que reforçam os desafios que ela enfrenta na profissão: Becky não tem formação educacional de primeira linha, é uma jovem em ascensão de carreira que precisa obter credibilidade no meio jornalístico, é assediada nos bastidores do programa, é uma mulher bonita que trabalha tanto que não prioriza o relacionamento amoroso, é uma produtora que tem um time excêntrico e nada criativo, e cujo programa é medíocre e vai ao ar para reforçar o quanto o público é tratado como idiota. Como lidar com isso? Com perseverança e bom humor; mesmo quando ela perde o emprego e é colocada contra a parede rispidamente pelo chefe Jerry Barnes (Jeff GoldBlum), Becky é resiliente e é isso o que importa e o que vale a pena ver na película, até muito mais do que as cenas besteirol que, sendo um pouco exageradas, desperdiçam o talento de Diane Keaton e Harrison Ford. No mais, a roteirista, conhecida pelas comédias românticas, Vestida para casar e Leis da Atração, não se envereda a destacar a comédia como romântica ao engatar o romance entre Becky e Adam Bennett (o bonitão Patrick Wilson). O relacionamento amoroso fica em um coadjuvante plano.
Sob a perspectiva de ser um cine pipoca que tem um pouco a acrescentar sobre os bastidores televisivos e que, em determinado avance da fita, arranca descontroladas risadas, Uma Manhã Gloriosa é uma boa diversão porque possibilita que a mesma fórmula seja vista na vida real, ou seja, como algumas histórias se repetem em outras profissões e contextos. Basta observar o personagem de Harrison Ford, Mike, um jornalista vencedor do Pulitzer, que tem toda a bagagem renomada de conhecimento que claramente não tem nada a ver com um programa de TV de segunda linha. Ele guarda em si aquele arrogante ego de que nasceu para fazer grandes matérias, mas que não reconhece que sua fase de sucesso já passou, e com ela, o tempo que tinha para curtir filhos e netos; Mike precisa ter simplicidade e humildade. E Coleen, interpretada por Diane Keaton que, sendo uma mulher mais velha com vários anos de TV, não se tornou uma Oprah e, muito menos, oxigenou a sua carreira. Trabalha em um programa banal que precisava ser reestruturado às pressas e no qual ela tem que apelar para entreter; Coleen precisa parar de criticar seus colegas e trabalho e somar ao invés de diminuir. Na verdade, esses personagens representam algumas personas do jornalismo e o quanto elas representam outras pessoas que estão na mesma situação quanto às suas profissões e ambientes de trabalho, além disso, a comédia não deixa de ser um reflexo atual da futilidade de alguns programas televisivos, o de abordar o quanto o público se rende (e dá audiência) a programas tolos que o torna mais tolo.
Avaliação MaDame Lumière
Título original:Morning Glory Origem: USA Gênero(s): comédia Duração: Diretor: Roger Michell Roteirista: Aline Brosh McKenna Elenco: Rachel McAdams, Harrison Ford, Diane Keaton, Patrick Wilson, Jeff Goldblumm
O filme até agora não estreiou na minha cidade e estou super curioso em conferir, mesmo sabendo que é uma comédia romântica comum.
ResponderExcluirabs :D
Achei essa uma comédia bem interessante. O trio de protagonistas tem bastante carisma em cena.
ResponderExcluir:: Felipe Martins ::