Vinterbeg retorna com louvores em Berlinade ao dirigir o drama de dois irmãos traumatizados por um lar desestruturado, um pai ausente, uma mãe indiferente, alcóolatra e drogada. Eles são separados por uma tragédia. Na vida adulta, apresentam vidas bem distintas porém marcadas pela solitária degradação, pela miséria do homem. Um é Nick (Jakob Cedergren), arredio, violento, alcóolatra. Nitidamente, Nick não consegue superar a dor do trauma, e muito menos esquecer a ex. Outro é seu irmão (Peter Plaugborg), um viciado em drogas que cria sozinho o filho Martin (Gustav Fischer Kjaerulff) desde a morte da esposa, e nutre um grande carinho e amor pelo garoto. Claramente, ele é um homem mais afetuoso e vulnerável; escravo das drogas, perdendo totalmente a noção de que precisa estar limpo para poder cuidar de Martin. Nick e seu irmão se encontram no velório de sua mãe. Não conseguem se relacionar de maneira próxima, suas vidas tomam novamente rumos diferentes mergulhadas em temas como violência, tráfico e uso de drogas, suicidio e abandono.
Baseado no romance de Jonas Bengtsson, Submarino traz a tristeza convertida em redenção, em esperança. Em momento algum, Nick e seu irmão são dois canalhas mesmo que seus comportamentos sejam reprováveis, autodestrutivos. Nos sensibilizamos com eles, com suas tragédias particulares, este é o plus da película. É como se eles não tivessem tido as escolhas ruins, elas aconteceram com as boas intenções perseguidas pela brutalidade de suas vidas. Simbolicamente, cada um tem o seu desfecho e a criança Martin tem um importante papel no filme. Ela é como um anjo que volta do passado ao presente para dar-lhes uma perspectiva para viver. A relação de pai e filho é tocante, e o vício drogatício do pai é aliviado nas sequências pelo amor e seus esforços em criar Martin com dignidade. Jakob Cedergren indicado ao European Film Awards como melhor ator, ganha a cena com pouco diálogo. É um trabalho difícil permanecer preso a esta àrdua realidade e comportar-se como com uma profunda inércia. Nick é calado, reflexivo, amargurado pela culpa, por isso, a indicação de Jakob é bem merecida. O bom trabalho no elenco e no roteiro contribuem muito para tornar esta realidade brutal digerível a nós. Até em cenas pesadas como o filho que encontra o pai drogado no chão, Vinterbeg conduz sua câmera com um olhar que não escancara a violência da cena. A brutalidade não se apóia só no visual, ela é muito mais psicológica.
Título original: Submarino
Origem: Dinamarca
Gênero: Drama
Duração: 110 minDiretor(a): Thomas Vinterberg
Roteirista(s): Thomas Vinterberg
Elenco: Jakob Cedergren, Peter Plaugborg, Patricia Schumann, Gustav Fischer Kjaerulff
Olha, não posso falar por esse filme, que não vi, e que sua descrição e avaliação entusiasmam, mas, no geral, Vinterberg é uma decepção para mim. Acho-o um cineasta medíocre, pretensioso e de muito pouco conteúdo. Perdi a paciÊncia com seu último filme que assisti, Dogma do amor. No geral, seu cinema não evolui. Mas quem sabe Submarino não seja a prova cabal de que posso morder minha língua.
ResponderExcluirBeijos
Não conheço muito da filmografia do Thomas Vinterberg, mas teu texto me deixou bem curiosa em relação a este "Submarino".
ResponderExcluirDarling,
ResponderExcluirvocê me deixa LOUCO com várias resenhas cinematográficas de filmes exibidos na MOSTRA SP!
Quanto ao 'Submarino', fiquei obviamente curioso, já que gostei muito de 'Festa de Família'
Ano que vem vou ir na Mostra e apreciar a sétima arte como ela merece. Este ano estive na Mostra pela Madame Lumiere. Obrigado.
Bjs.
Oh, quanto tempo eu não vinha aqui!
ResponderExcluirMuito convidativo a tua seleção destes trabalhos da Mostra. Sabe, é bárbaro constatar que ainda há trabalhos contemporâneos com roteiros tão ricos e assim, autênticos.
Por algum motivo que não sei, "Submarino" me lembrou de "Eu matei minha mãe". Tu o viu?
Beijos
Li o nome de Vinterberg e já lembrei do curioso "Querida Wendy", filme que achei bem legal dele. Esse "Submarino" parece ser um achado pelo seu texto (excelente, por sinal).
ResponderExcluirboa postagem, me deixou salivando pelo filme, além de morrendo de inveja de ti por ir na Mostra, rs. adorei teu blog, passo aqui todo dia agora pra ler teus textos sobre os filmes da Mostra, ter um pouco de vontade sempre é bom.
ResponderExcluirnunca vi um filme de Vinterberg, vou procurar por esses dias, mas gosto muito do estilo proposto pelo Dogma, assim como os filmes de Von Trier que seguem a risca. (: