Entregue-se à essa fúria!
Por
Cristiane Costa
Você
tem uma missão cinéfila a partir de amanhã, 14 de maio, em um dos cinemas próximos à
sua casa ou trabalho: Assistir ao explosivo filme de George Miller, MAD MAX: Estrada da Fúria, que revisita sua própria trilogia pós apocalíptica. Esse não é um filme qualquer. É uma aula máster de Cinema de como
fazer um blockbuster de ação de
última geração. Com roteiro de Miller em parceria com Brendan McCarthy e Nico
Lathouris, o longa é forte candidato a melhor blockbuster de 2015 e será
difícil alguém tirá-lo do trono. Você não se lembrará de nada parecido a esse
MAD MAX, nem mesmo de seus antecessores, porque ele chegou para se impor como
um filmaço único, com uma direção, estética e linguagens cinematográficas
bastante diferenciadas para o gênero: fantásticos
enquadramentos dos carros, motos e elenco na estrada, peculiar estilo visual com fotografia de John Seale aderente à temperatura e humor da história, agilidade e ritmo entre cenas,
cortes preciso e toda uma edição em sintonia com as rápidas mudanças cênicas e picos dramáticos,
excelente desenvolvimento de personagens, atuação e direção de atores, e uma história simples e,
ao mesmo tempo incrível, com um senso de humanidade que ainda lhe fará refletir
sobre a fascinante metáfora presente nessa desértica e hostil paisagem.
Tom Hardy como o novo MAD, o icônico anti-herói dessa franquia
MAD MAX: Estrada da
Fúria é uma missão
eletrizante e cheia de energia. Ele tem um efeito vibrante e viciante,
instantaneamente, como uma injeção de adrenalina que te deixará ligada (a) na
Tela Grande. Só nela, porque esse filme tem um poder: o de dominar a atenção e
torna-lo uma obsessão por 2 horas! Depois
de finalizada a projeção, você poderá sair da sala totalmente surpreso(a) com o
que viu e dizer a si mesmo: “Que blockbuster! Que dia incrível! Quero vê-lo de novo”,
fazendo côro ao “What a lovely day!”
– slogan do filme. Prepare-se para pegar
essa estrada e esbugalhar os olhos a cada cena impecavelmente bem construída. Não
é qualquer lançamento, é o blockbuster de ação mais bem realizado dos últimos
tempos. Ação do começo ao fim, perfeitamente sincronizada com expressivas
atuações e arcos dramáticos de um elenco estelar composto por talentos como Tom
Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hault, Hugh Keays – Byrne, Zoe Kravitz e Rosi
Huntington-Whiteley.
A
história começa com uma de suas principais estrelas, o anti-herói MAD MAX (Tom
Hardy), um homem solitário e assombrado pela perda da família. No deserto, ele é capturado para ser
prisioneiro na cidadela do ambicioso vilão Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) e
servir como uma "bolsa de sangue", um tipo de doador universal, para Nux
(Nicholas Hoult). Sem ter para onde e como fugir, MAD está preso no meio deste insano grupo de “soldados” assassinos
de Immmortan Joe, loucos como Slit (Josh Helman) e Rictus Erectus (Nathan Jones). Após uma reviravolta na história, que é o estopim do conflito, ele
conhece a corajosa Furiosa (Charlize Theron), rebelde e heroína, que está
determinada a cumprir a missão da jornada, retornar ao lar e alcançar a redenção.
Miller em estado de graça na composição e direção dos planos
Os
dez minutos iniciais são uma boa dose degustativa da qualidade da direção de Miller que permeará todo o filme. Ali, MAD MAX : Estrada da Fúria mostra a que veio: é um
cinema de ação de primeira grandeza! Vários elementos já estão ali,
principalmente, como a ação será construída em cada plano, ágil e com uma intenção
clara de explorar a movimentação dos personagens e como eles interagem em cena
entre si e com o ambiente. Miller conduz essa realização com vigor, ocupa o
espaço com agilidade e total domínio técnico, e como destaque e diferencial,
ele realiza um trabalho excepcional em como as sequências de ação são
desencadeadas em harmonia e com uma evidente “fúria” narrativa. A intensidade da ação está no DNA desse imperdível blockbuster. Miller humilhou
os filmes de ação que repetem fórmulas antigas e exaustivas. Você não será mais
o mesmo após observar que esse filme faz justiça ao termo “filme arrasta
quarteirões”. Se há um longa que pode virar predador voraz nas estreias da
semana, MAD MAX: Estrada da Fúria merece devorar o máximo de espectadores. É
Cinema mainstream americano de alto nível, excepcional qualidade em cada detalhe. Se
filmes furiosos na ação é o seu território, você vai pirar nessa estrada em chamas!
Charlize Theron: Furiosa e em uma atuação emblemática
Além
do mais que excelente Tom Hardy, um ator crível, versátil e carismático cuja
evolução do personagem cresce a cada momento que ele percebe o valor da escolha
de Furiosa e de sua audácia e enfretamento do status quo, a principal estrela
do filme é Charlize Theron, uma personagem fundamental que toma uma decisão que traz impactos irreversíveis. É lutar ou morrer! Ela
dá o primeiro passo que move toda a ação posterior, além de ser responsável por
muito do efeito dramático do longa. O encontro entre ela e MAD tem uma razão de
ser: ele perdeu a família. Ela perdeu a família. Ambos são órfãos de seus
lares. Do ponto de vista da construção da narrativa, a união entre MAD e
Furiosa é o que move a ação e traz a importância do peso da maturidade desses atores. Charlize
Theron e Tom Hardy não são apenas os experientes em cena, mas, conjuntamente
com a excelente direção de atores de Miller, os que asseguram que o filme não
caía em atuações vazias que usam apenas a ação como muleta. Cada um deles têm
arcos dramáticos bem claros, um dos pontos altos da qualidade do roteiro. Eles
também são líderes em cena, ainda que compartilham responsabilidades com os
demais coadjuvantes. Esse cruzamento de suas histórias leva o filme a questões humanistas
muito mais nobres: liberdade, confiança, integridade, sobrevivência, segunda chance.
Hugh Keays Byrne está de volta e é o "diabo" do deserto
Ainda
sobre o elenco, com merecidos destaques, vale a pena mencionar Hugh Keays – Byrne e
Nicholas Hault. Byrne é a incorporação
do próprio demônio, com uma arcada dentária falsa e
aterrorizante, ele é o ditador de um mundo que escraviza e subjuga
pessoas. É um vilão que, ainda que não tenha tido a importância dramatúrgica e física de
Furiosa e Mad, tem uma força visual em cena que ressalta sua insanidade e
controle. Nicholas Hault é a grata surpresa e atua com luz própria. Realiza uma
excelente atuação: rebelde, dócil e bem humorada. Tem um personagem que sofre
mais mudanças no decorrer da história, algumas de bela demonstração de honra, coragem e sacrifício, e pode despertar no público certa piedade por ele idealizar um
tipo de reconhecimento pessoal nesse mundo hostil que, também, é frustrante. É um terno sonhador, como um
menino que perdeu a sua infância no meio do caos e que espera por um
lar. Ainda com relação ao elenco, todos
entram intensamente no clima e “DNA MAD MAX”; todos estão furiosos em uma
jornada de perseguição na estrada, mas também, apresentam momentos mais
humanistas com esperança, perdão, ternura, generosidade, lealdade
e trabalho em equipe. A estrada é o microcosmo da vida. Essa é uma das grandes belezas da história.
Nicholas Hault (NUX) ganhou um excelente personagem e fez bonito
MAD
MAX: Estrada da Fúria tem de tudo para ser o novo vício nas bilheterias estrangeiras e do Brasil.
Certamente, ele será e já está sendo bem elogiado pela crítica especializada e
público. Bombástico, insano, libertário, redentor. Não faltam
elogios ao mundo pós-apocalíptico criado por George Miller no auge de seus
70 anos. Que energia que dá orgulho! Quanta disposição! Sua competência na realização desse excepcional exemplar do Cinema de ação foi nada mais do que a de um perfeccionista. Totalmente habilidoso
para decupar planos com sagacidade na corrida ação, ele energizou o filme com sequências
tão coesas entre si que mantêm o ritmo insano da perseguição e são reforçadas pelo uso de trilha sonora de Junkie XL, igualmente insana, que dá mais e mais tensão à história. Cada explosão,
luta, morte, olhar, diálogo não está ali à toa. Simplesmente os
storyboards criaram vida de uma maneira impecavelmente criativa e vigorosa.
George Miller voltou à arena cinematográfica com um filme que exala fúria e rebeldia, porém tem espaço para a
esperança, tem fome por justiça e sede por liberdade. Você sentirá a vibração
mundana e violenta desse mundo. Nessa estrada, o anti-herói MAD MAX é apenas
parte de algo muito mais grandioso: o deserto é o nosso mundo. Todos os dias
vivemos nessa Estrada da Fúria. Precisamos aceitar a nossa insanidade e encontrar o nosso destino.
Artigo perfeito. Sintetizou a obra com perfeição. Mad Max é realmente uma espetáculo visual poucas vezes visto.
ResponderExcluirUau... parabéns; Não poderia ter escolhido melhores palavras.
ResponderExcluirUau... parabéns; Não poderia ter escolhido melhores palavras.
ResponderExcluir