Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

500 dias com Ela é uma daqueles filmes que deveriam estar conosco todos os 365 dias de todos os anos : Um filme com roupagem pop e cult q...

500 dias com Ela (( 500 Days) of Summer) - 2009

500 dias com Ela é uma daqueles filmes que deveriam estar conosco todos os 365 dias de todos os anos: Um filme com roupagem pop e cult que tem amor, paixão, boa música, carisma, sinceridade, sensibilidade, inteligência, bom humor e, principalmente, aprendizagem e aceitação de que nem sempre histórias românticas são histórias de Amor. O narrador no início do filme diz " esta é a história do garoto que conhece a garota mas você deve saber que não é uma história de amor". Baseado em 500 dias da vida do jovem Tom (Joseph Gordon-Levitt), o filme não é uma história de Amor, mas sobre o Amor , que mostra o relacionamento de Tom com Summer (Zooey Deschanel) com um registro pautado na não-linearidade do enredo, ou seja, a história é contada como se fosse as folhinhas de um calendário sendo revistas e lembradas, sem qualquer ordem, mas com o propósito de mostrar as nuances deste relacionamento, com momentos oscilantes entre diversos sentimentos.





Ao assistir o filme, não saíam de meus pensamentos perguntas que não deveriam ter "respostas- rótulos". Afinal o que é o Amor? O que é o destino de amar e encontrar a quem amar e ser amado em retorno? O que somos em um relacionamento? O que é um relacionamento amoroso? São tantas questões que se fundem no primeiro longa-metragem do diretor Marc Webb, especialista em vídeo-clips que em 500 dias com Ela evidencia que é profissionalmente competente, o registrando de uma maneira espontaneamente sincera e inteligente em um roteiro revelador, fugindo do convencional das comédias românticas que divertem mas quase nada acrescentam à real reflexão sobre o sentimento do amor e as expectativas e realidades de se amar.


O filme é protagonizado, com uma atuação imperdível de
Joseph Gordon-Levitt, puro deleite em cena para qualquer cinéfilo, além de seu rosto me fazer lembrar o saudoso Heath Ledge (de O segredo de Brokeback Mountain). É um enredo baseado no boy meets girl, em que Tom, um jovem romântico e inexperiente nos assuntos do coração se apaixona por Summer, uma bela jovem, com uma mente aberta e mais madura, bem cética com relação ao amor. Logo no início, fica evidente que eles são dois opostos: ele se apaixona por ela à primeira vista e carrega consigo atitudes romantizadas antes mesmo de embarcar no relacionamento com Summer. Por outro lado, Summer pensa muito mais como um homem e é nada adapta a relacionamentos sérios, uma garota segura e racional sobre o que pensa, inteligente e atraente que não quer pertencer a ninguém, não quer um namorado, não acredita no amor. Neste contexto, eles acabam se relacionando de uma forma bem moderna, digamos, Tom ainda que apaixonado, evita ao máximo colocá-la contra a parede para rotular a relação: namoro ou não? Ela curte a relação, abrindo até mesmo uma parte de seu coração a ele, além da porta de seu apartamento.




500 dias com Ela é muito bem feito e tem várias qualidades por não seguir nenhum padrão do encontrado em cinema, isso o torna especial e cult. Primeiramente, ele se dispõe a nos mostrar sobre amor e destino nos relacionamentos sem idealizações cinematográficas colocando em um plano real de que, quando nos apaixonamos e não somos amados em recíproco, não aceitamos isso facilmente; afinal somos condicionados a querer amar e ser amados, mesmo que isso nos pareça distante, tendemos a gostar do inacessível e do louco e/ou entregue amor, ou no mínimo, rotular a relação desejando ouvir do outro : "Sim, eu te amo" ou "Sim, eu estou com você e você é meu(minha) namorado(a)". No filme, Tom não ouve nada disso porque, desde o início, mesmo tendo Summer em seus braços, ela não quer um namorado, sendo que, eles acabam tendo uma amizade "colorida" e, sem querer perdê-la, ele cede à esta forma "moderna" de se relacionar.



Esta relação entre ambos os ensina sobre o amor e o relacionamento amroso fazendo com que evolúem em diferentes desfechos. Ele é um jovem que amadurece exatamente porque ele ama uma garota que não o ama e que não o via como um namorado ou futuro marido, tanto que mais adiante ela confirma isso. Ainda assim, ele tem Summer, mas é como não tê-la da forma que ele acha que deveria sê-lo, até o dia que ele explode tentando saber que tipo de relação é essa e logo mais vê o seu relacionamento se esfriar naturalmente. Com isso, após o rompimento e sofrendo todas as mazelas do fim de um namoro, com engraçadas cenas de raiva, depressão, decepção e sentimentos dúbios recorrrentes em suas memórias amorosas, ele se supera: larga o emprego de escritor de cartões comemorativos, retorna sua dedicação à arquitetura - talento abandonado, se encontra com Summer para que ambos, no mínimo, não sejam inimigos e ainda conhece um garota nova, Autumn (muito inteligentemente, Outono, a próxima estação após o verão (Summer), dando espaço a uma nova estação, com algo a mais ou não... nunca saberemos).

Acredito que nada disso teria acontecido com Tom se ele não conhecesse Summer, logo embora me sensibilize com o amor e a dor dele, torcendo para que ficassem juntos, acho maravilhoso o fato de que eu veja no filme uma mensagem maior sobre o amor e suas deceções: deveríamos pensar mais nos aprendizados e o quanto estamos felizes com uma relação do que simplesmente insistir em idealizá-las e/ou rotulá-las. No final, elas nos trazem uma nova forma de encarar certas facetas dos relacionamentos e dos nossos sentimentos com o outro. Penso que Tom não teria tido uma evolução como homem se ele não tivesse sofrido assim. Conhecer Summer, sem obrigações e rótulos, era de fato preciso e bem-vindo, mesmo que ninguém goste de sofrer e nem ver ninguém sofrendo por amor.



Summer, ironicamente, casa-se com outro homem em pouco tempo e, neste acontecimento, dá-se uma mudança dela com relação à própria forma de relacionar-se : não queria um namorado mas acabou se casando e, a beleza da mensagem é que simplesmente "era para ser, aconteceu", mas também ela superou o trauma do divórcio dos seus pais que, em dois momentos do filme, marca bem que isso indiretamente a afetava. Ela simplesmente deixou as coisas acontecerem sem complicá-las demasiado baseado em suas crenças racionais sobre as relações e, quando encontrou o atual marido, ela o soube assim como Tom também o soube quando a conheceu. Finalmente, ela confirma que Tom estava certo em uma das cenas. "O amor é uma fantasia, o que estou perdendo"? - Summer. "Você saberá quando sentí-lo" - Tom. Logo, o amor não é fantasia, ele pode acontecer e, cabe a nós, deixar as coisas acontecerem porque, o que mata os relacionamentos hoje, é esta cobrança que temos em seguir o estereótipo de relação perfeita que, honestamente, não existe.




Apaixonei-me pelo filme e saí com aquela sensação "cult" de ter assistido um filme do mesmo nível de Pequena Miss Sunshine, de estilo cool e sincero. Apaixonei-me em um único dia por 500 dias com Ela, não somente pela maravilhosa trilha sonora e pela excelência da direção de Marc Webb se servindo de outros fascinantes recursos como utilizar o próprio cinema (Tom se projetando no cinema preto e branco de Bergman), como o musical (Tom dançando com outros personagens após uma noite de amor com Summer), assim como também a visualização dos planos "expectativa de Tom" e "realidade de Tom" dividindo a tela do cinema quando ele reencontra Summer e se frusta com o que vê; mas acima de tudo, apaixonei-me pela verdade do filme, uma dose de bom senso e humor para voltarmos à realidade do romance.

500 dias com Ela é como se o sol de verão pudesse iluminar novamente minhas idéias sobre o amor e as decepções do amor
e o quanto somos também responsáveis pelas decepções que temos, digo-lhes, nem sempre o romance que alimentamos insanamente em nossas esperanças fantasiosas é uma história de amor eterna, muitas vezes, são histórias de ciclos que precisam acontecer e serem fechados para nos fazer pessoas melhores, mais amadas por nós mesmas e pelos outros e, com mais chance de sermos felizes com novos amores.


Avaliação Madame Lumière

Ouça a maravilhosa trilha sonora. Destaques para Regina Spektor (Us e Hero), The Smiths (There is a light that never goes out e Please, please, please let me get what I want), The Temper Trap (Sweet Disposition) e Carla Bruni (Quelqu'un M'a dit)



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"Power to the people
We don't want it
We want pleasure(...)
I'm the hero of the story
Don't need to be saved"
(Hero, Regina Spektor)


Título Original: 500 Days of Summer
Origem: Estados Unidos
Gênero(s): Comédia Romântica, Drama, Romance
Duração: 95 min
Diretor(a): Marc Webb
Roteirista(s):
Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Geoffrey Arend, Chloe Moretz, Matthew Gray Gubler, Clark Gregg, Patricia Belcher, Rachel Boston, Minka Kelly, Ian Reed Kesler, Darryl Alan Reed, Valente Rodriguez, Yvette Nicole Brown, Nicole Vicius, Natalie Boren

6 comentários:

  1. Vc sabe o que eu penso em relação a esse filme. Afinal já o cobri lá em Claquete. Concordo em gênero, número e grau com vc. Bjs madame!

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  2. Neste grande filme, mais uma vez concordamos. Não poderia ser diferentes, almas cinéfilas como nós. Claquete meets Madame Lumière e vice-versa.

    Beijo da Madame!

    Ps: Coloquei um player com a trilha sonora... Amei o estilo de Regina Spektor cantando Us e Hero... incrível!

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  3. Vou ouvir o player. Adorei o " claquete meets madame lumière e vice versa". Tão pop e cult quanto 500 dias com ela.
    Bjs

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  4. Madame,
    seu blog é simplesmente um dos mais vívidos que já esbarrei na blogosefera e já me tornei fã da forma como você escreve. Aqui transpira bom gosto e principalmente, criatividade.

    Quanto ao filme, genial em si próprio. O que posso dizer do filme mais simpático do ano? Tudo, mas ainda terei dito nada rs!
    Se der, passe no meu humilde Cinemótica.

    Abraços.

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  5. Oi Reinaldo,

    Você viu como somos pop cults? Vamos passar os 365 dias de 2010 juntos falando sobre cinema, a ARTE que é o nosso amor eterno.

    Beijo da Madame Lumière

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  6. Oi Marcelo,

    Super bem-vindo ao Madame Lumière. Fico feliz de receber um elogio de um cinéfilo apaixonado e também blogger como você, principalmente sabendo que curte a forma espontânea que uso para falar o que o cinema fala comigo e me faz sentir.

    Vou visitar o seu blog, com certeza. Se foi tocado por 500 dias com Ela, quer dizer que tem o gosto apurado como a Madame aqui.

    Abraços glamurosos da Madame.

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