Coco Antes de Chanel é o esperado filme sobre a legendária estilista francesa Coco Chanel, a mulher visionária que construiu o império Chanel, uma das marcas mais luxuosas e estilosas do mundo da moda. Figura marcante, de forte personalidade e nenhum pudor de falar o que quer, quando quer e como quer; Gabrielle "Coco" Chanel é muito mais do que sua própria marca, ela é uma mulher que superou os preconceitos sociais e os padrões de moda de sua época, não dando a mínima, para o pensavam sobre ela, suas ações e realizações. Sem dúvidas, Mademoiselle Chanel é uma diva subversiva, trés chic e atemporal, ela é uma das divas de Madame Lumière.
Estrelado pela French Darling Audrey Tatou, nossa eterna Amèlie Poulain, no papel de Coco Chanel, esta produção cinematográfica tem roteiro e direção assinado por Anne Fontaine. Após assistí-lo, percebi que Anne Fontaine tentou nos avisar que ela não iria contar em detalhes a história da legendária estilista francesa Coco Chanel a partir do próprio título do filme. "Avant" é um importante advérbio, de parte integrante de uma frase, neste título ele passa a ser essencial para que compreendamos o filme , mesmo que não o percebamos ou simplesmente o ignoremos. Sabendo que há críticos que se decepcionaram com Coco Antes de Chanel, eu receio que não prestamos atenção à este detalhe tomados pelo alto nível de exigência que normalmente cinéfilos têm com biografias de grandesícones ( e eu sou uma delas, tanto que amei o sobre Edith Piaf (Um Hino ao Amor), outra diva francesa com Marion Cotillard em magnífica interpretação), mas este aqui deixou a desejar... Infelizmente, o filme é sobre Coco Chanel "muito antes" de Chanel e, em especial, uma Coco Chanel sem Chanel como se incluir o Avant, fosse excluir Chanel.
Não vivenciar no filme a criação da marca Chanel em pormenores e as atitudes visionárias e ácidas de Coco Chanel para superar sua história triste de garota orfã até se tornar lenda do mundo fashion faz uma grande diferença na minha crítica sobre o filme. Independente do grau de vício cinéfilo, biografias de ícones tão ovacionadas como Gabrielle Chanel exigem um certo tradicionalismo por parte de um roteiro e direção, porque fugir muito do que interessa ao público é um risco tosco e, na minha opinião, Anne se empenhou em mostrar uma Coco Chanel muito antes e muito sem fundamento de sua importância na história da moda, que é o ponto relevante de se investigar sobre Chanel. Eu até teria concordado com Anne se, no mínimo, esta impetuosidade de Coco Chanel fosse mostrada em cenas adicionais, ainda que não focasse tanto o universo de Chanel e sim o "eu" da estilista, logo o problema não é não mostrar a marca Chanel em profundidade, mas fugir deste poder comportamental da própria Gabrielle Chanel. Neste aspecto, senti mais vida na vida da estilista na versão My Lifetime estrelada por Shirley MacLaine e Barbora Bobulova, respectivamente, como a madura e a jovem Gabrielle, inclusive Barbora Bobulova tem uma ótima atuação nesta produção, no mínimo, adorável além do roteiro mais "emotivo".
Coco Antes de Chanel se torna bem linear, sem aquele tom exato de inspiração que nos move a admirar e amar um ícone e, sem a força elevada à décima potência desta mulher na interpretação de Audrey Tatou. Não por culpa de Audrey, mas pela limitação do roteiro, mostrando rapidamente a infância da futura estilista em um orfanato, sua vida de cabaret como cantora com sua irmã Adrienne Chanel (Marie Gillain), sua amizade com Emilienne D'Alençon (Emmanuelle Devos)e suas relações amorosas com Etienne Balsan (Benoît Poelvoorde) e Boy Capel (Alessandro Nivola), este último o homem pelo qual ela foi realmente apaixonada e que a ajdudou a financiar a marca Chanel. Um pouco antes dos créditos finais, o espectador poderá ver algo da maison, para a frustração geral dos cinéfilos, principalmente de cinéfilos fashionistas como a Madame aqui.
As melhores cenas serão as com Boy Capel, não somente pelo romance, mas por vermos uma Coco Chanel de carne e osso, que tem sentimentos, ama, sofre e desperta admiração, sendo Boy o homem que mais soube valorizá-la, soube enxergar o algo a mais desta mulher que a torna diferenciada, estabelecendo que a relação amorosa deles não era sobre dinheiro, mas também sobre aliar negócios e amor como se fosse um casamento que não necessariamente precisasse estar oficializado no papel (eles não eram casados). Sempre penso que verdadeiros casais carregam a paixão, o amor e a praticidade de se unirem em parceria, logo acho Boy Capel e Coco Chanel um destes exemplos clássicos. Além de uma excelente fotografia da época mais exaltada com as cenas românticas, o figurino impecável e a trilha sonora fascinante, os momentos com Boy Capel cumprem o que é mais verossímil ao espectador que conhece a história de Coco Chanel e tem uma expectativa maior com relação ao filme, de fato, ele foi importante para alavancar o que ela se tornaria depois: uma grande estilista com sua própria marca, ainda que sutilmente exposto, o romance deles salva o filme e ainda é finalizado com a tragédia de Coco Chanel, na qual ela perde Boy Capel em um repentino acidente de carro.
Já o relacionamento dela com Etienne Balsan é muito frio e, desculpa-me dizer-lhes "desagradável e sem qualquer tipo de química", baseado em interesses de ambos, nem eu gostaria de ter um affair com Monsieur Balsan, no mínimo, apesar da boa atuação de Benoît Poelvoorde, deveriam ter colocado um bonitão maduro para este papel, aquele "coroa pegável" que vale qualquer sacrifício em cena porque há momentos em cena que Etienne é puro desgosto. O interesse dele era inicialmente mais sexual e "benevolente" dando a ela a chance de permanecer na casa dele, o dela mais focado em um tipo de escada para escalar novas oportunidades em uma sociedade na qual ela não fazia parte, afinal Coco Chanel não tinha nada de tola. Não diria que o relacionamento entre eles mata o filme porque o acho estratégico para prover a Coco Chanel um meio de conhecer pessoas relevantes, tanto que só a partir desta relação com ele que ela chega à Boy, amigo de Etienne e também encontra Emilienne D'Alençon, frequentadora e conhecedora da alta sociedade, mas é muito tempo perdido em uma fita cinematográfica, tempo que poderia ser minimizado e ser utilizado para mostrar a personalidade, os comportamentos, a magia de Coco Chanel para construir a marca Chanel e ela mesmo como mulher única, juntamente com os entraves sociais, afetivos e financeiros superados. Isso sim é o que faz uma emergente empresária, mulher e estilista com mente criativa virar lenda e também filme.
Avaliação Madame Lumière
Título Original: Coco Avant Chanel/Coco Before ChanelOrigem: FrançaGênero(s): BiografiaDuração: 105 minDiretor(a): Anne FontaineRoteirista(s):Anne Fontaine, Camille Fontaine, Edmond Charles-RouxElenco: Audrey Tautou, Benoît Poelvoorde, Alessandro Nivola, Marie Gillain, Emmanuelle Devos, Régis Royer, Etienne Bartholomeus, Yan Duffas, Fabien Béhar, Roch Leibovici, Jean-Yves Chatelais, Pierre Diot, Vincent Nemeth, Bruno Abraham-Kremer, Lisa Cohen.
"infelizmente, o filme é sobre Coco Chanel "muito antes" de Chanel e, em especial, uma Coco Chanel sem Chanel como se incluir o Avant, fosse excluir Chanel.", essa engenharia linguística proposta por você sintetiza todo o sentido do filme madame. Além do fato de que adorei a observação sobre o mal casting de Poelvoorde. Já que um " coroa pegável" facilitaria a nossa empatia com o casal forjado por interesses escusos. No geral, tb acho que o filme decepcionou. Entre mortos e feridos, na minha opinião, só salvou-se Audrey. Bjs madame!
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Preciso ver, porém confesso que não li boas criticas sobre ele! abraço
ResponderExcluir"infelizmente, o filme é sobre Coco Chanel "muito antes" de Chanel e, em especial, uma Coco Chanel sem Chanel como se incluir o Avant, fosse excluir Chanel.", essa engenharia linguística proposta por você sintetiza todo o sentido do filme madame. Além do fato de que adorei a observação sobre o mal casting de Poelvoorde. Já que um " coroa pegável" facilitaria a nossa empatia com o casal forjado por interesses escusos.
ResponderExcluirNo geral, tb acho que o filme decepcionou. Entre mortos e feridos, na minha opinião, só salvou-se Audrey.
Bjs madame!
Olá Cristiano, obrigada pela visita. Realmente o filme deixa a desejar mais de Coco Chanel.
ResponderExcluirAbraço da Madame!
Oi King, adorei o termo "Engenharia Linguística". Isso me faz ter sexy glamurosos pensamentos imaginando os caras da Engenharia (risos)...
ResponderExcluirSalve Audrey!
beijos da Madame!