A história inicia com a chegada do detetive Terry Daniels (Leonardo di Caprio) e seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo) no hospital psiquiátrico de Ashecliffe dirigido pelo Dr. John Cawley (Ben Kingsley) a fim de investigar o desaparecimento da paciente Rachel Solando (Emily Mortimer). Majestosamente, o começo da película já demonstra a insanidade do local e de Scorsese através de sinistros elementos: a chegada de balsa, a ilha isolada, a neblina assustadora, os portões pesados e as cercas elétricas, os estranhos guardas e a música de suspense que vai se tornando mais poderosa, evocativamente assustadora. A apresentação da Ilha do Medo tem uma entrada triunfal com o toque especial do exímio diretor. Posteriormente, a esquisitice de enfermeiros, médicos e pacientes reforçam que, para desfrutar do filme, é necessário enlouquecer durante mais de 2 horas de exibição. Terry é viúvo e sente a dor da perda da esposa Dolores (Michelle Williams), então à medida que investiga o misterioso caso, ele começa a ter sonhos e alucinações com ela e se envolve em uma série de situações confusas e paranóicas que levam o espectador a questionar se elas são reais ou fruto de sua imaginação. Scorsese utiliza muitos recursos para dar um ar sombrio e insano a Ashecliffe: tempestades, neblinas, penhascos, cavernas, farol, ondas agitadas do mar e alas obscuras de uma prisão, além disso resgata componentes históricos como o holocausto nazista e o estigma de que hospitais psiquiátricos funcionam para transformar homens em fantasmas à serviço das experiências científicas e governamentais, no entanto é a psicologia dos estranhos personagens que torna o filme insano e a curiosidade pelo desfecho do caso que leva o espectador a mergulhar na sábia loucura de Scorsese.
Confesso que esperava mais do roteiro do filme porque o trailer é eficazmente evocativo e indica que Scorsese traz algo totalmente renovador em seu currículo. Ainda que aprecie longas-metragem que misturem suspense, violência e loucura, em um dado momento, Ilha do Medo pareceu-me totalmente sem sentido e um pouco confuso como se a intenção fosse exibir um filme alucinógeno, um narcótico visual, auditivo e mental que envolvesse o espectador em momentos insanos. Eu mesma entrei neste ritmo para vivenciar a Ilha do Medo como se eu estivesse nela. Estranhamente apesar da abordagem alucinante de algumas cenas, Scorsese consegue dar coesão e harmonia ao thriller com um terror B, o mistério e a ação, e o faz de uma forma muito competente e exclusiva quando se observa os últimos suspenses lançados no mercado. Ilha do Medo é realmente um entretenimento diferenciado e a excelente interpretação de Leonardo di Caprio apoiado pela lucidez profissional de Mark Ruffalo e o costumeiro estranho estilo de Ben Kingsley tornam-o bem melhor. Embora não tão surpreendente, o desfecho só vem a acrescentar que Scorsese sabia exatamente o que estava fazendo durante toda a película para finalizá-la na revelação da verdade por trás da Ilha do Medo, nada mais que o medo isolado em uma ilha, nada mais que o medo que nos torna uma ilha.
Origem: EUA
Gênero: Drama, Suspense
Duração: 138 min
Diretor(a): Martin Scorsese
Roteirista(s): Laeta Kalogridis, Dennis Lehane
Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max von Sydow, Michelle Williams , Emily Mortimer, Patricia Clarkson, Jackie Earle Haley, Ted Levine, John Carroll Lynch, Elias Koteas, Robin Bartlett, Christopher Denham, Nellie Sciutto, Joseph Sikora
Ah, vi ontem ele! Confesso que fui sem esperar muito e até que gostei, DiCaprio merece uma indicação ao Oscar!
ResponderExcluirMas, o livro é mais contundente!
Um dos melhores trabalhos de direção que vi em minha vida. Scorsese transformou um filme comum em algo bem próximo do extraordinário. E a conclusão, se formos rememorer ipes por ipes, não é tão conclusiva assim. Filmaço.Com certeza. Confesso que não esperava que fosse tão bom.
ResponderExcluirBjs
Madame,
ResponderExcluiro filme é repleto de visões e tem um final que estava óbvio, rs!
Todavia, ele é bem feito tecnicamente. Scorsese é um cara que entende todos os macetes do cinema. E isto faz diferença. Nada pela história , roteiro e ou/ livro.
Bjs!
minhas expectativas foram muito bem correspondidas!
ResponderExcluirótimo filme!
claro, não é perfeito, mas tá acima da média!
bjos.
Ainda não vi esse novo do Scorsese, mas certamente estou bem ansioso após os comentários positivos.
ResponderExcluirCris: Não li o livro, mas fiquei seduzida a comprá-lo na livraria Saraiva. R$ 45,00 pilas... desisti pois preciso comprar 2 livros de Cinema. Foi pra lista de espera! bjs
ResponderExcluirReinaldo: Que comentário empolgado, hein!? Rsrs... adoro ver sua passionalidade nas linhas. Eu não achei tão extraordinário quanto você achou, mas sem dúvidas é uma trabalho primoroso de Scorsese que se diferencia por trazer algo mais aterrorizante, destacando ainda mais seu cinema arte. Ele sabe o que faz e o faz muito bem. É bode velho total rsrs! Um adorável bodezinho Scorsese rsrs. beijo
Exato, vizinho (ai que saudades de você!!!!!) ando invisível como a Luana Piovani , né ? rsrsrs...
ResponderExcluirPois é, como falei acima para o Reinaldo, Scorsese é bode velho e concordo contigo que não é nem pelo roteiro e interpretações, mas principalmente como Scorsese orquestra o seu cinema. Ele sabe exatamente como filmar, do simbólico ao real, do psicológico ao carnal. Só aquele início com a chegada dos detetives na ilha já vale todo o suspense... gamei!
Bjs
Oi Bruno, também atendeu totalmente minhas expectativas e ainda desejo assistí-lo novamente em DVD, com direito a voltar nas cenas mais incríveis. bjs
ResponderExcluirOi Vinicíus: Que bom te ver por aqui! Você tem que assistí-lo, espero ler sua resenha. bjs
Scorsese (com seu novo pupilo) me deixou muito satisfeita nessa sua nova empreitada.
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