Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

Mesmo que você seja um cinéfilo como eu, nunca subestime um filme, muito menos uma criança. Durante um bom tempo fui resistente a assistir a...

A Orfã (The Orphan) - 2009


Mesmo que você seja um cinéfilo como eu, nunca subestime um filme, muito menos uma criança. Durante um bom tempo fui resistente a assistir a Orfã, filme do diretor catalão Jaume Collet-Serra (de A Casa de Cera) simplesmente porque nem mesmo me interessei em ler a sinopse. Pensava que era mais um suspense tosco com espíritos malignos, no entanto ontem tomei a decisão de alugá-lo confiando na opinião do dono da locadora, e inesperadamente, tornei-me uma espécie de observadora de Esther (Isabelle Furhman, perfeitamente má), a menina russa adotada, encarnação do intenso mal que transforma a vida de uma família no verdadeiro inferno. Eu a achei tão sinistra, manipuladora, maléfica e pirada que ela chega a ser engraçada. Diverti-me intensamente, em especial, com a revelação surpreendente do suspense, afinal, de novo, nunca subestime uma criança.





O enredo enfoca a família Coleman que ainda sofre com a perda de um bebê que nem chegou a nascer. A filha Isabela de Kate (Vera Farmiga) e de John (Peter Sarsgaard) faleceu ainda na barriga da mãe Kate, uma alcóolatra em recuperação que, pelos bons comportamentos, já está liberada para adoção de uma criança. O casal pretende oferecer todo o amor que seria dado à Isabela a uma nova criança, então decidem visitar um orfanato e lá encontram a educada e talentosa Esther. De imediato, há uma empatia entre ambos e eles decidem adotá-la, a criando juntamente com os dois já existentes filhos, Daniel (Jimmy Bennett) e Max (a foférrima Aryana Engineer, ótima como surda, com uma interpretação cativante e expressiva). Logo no início, percebe-se que Esther é madura e tem uma malícia que me deixa com "a pulga atrás da orelha", não só pela esquisitice, mas por potencialmente ter algum transtorno de personalidade e também se inclinar a agradar mais o seu pai que sua mãe. Ela consegue ser muito rapidamente dócil e brilhante, mas tem a habilidade de ameaçar os irmãos, confrontar a mãe e exibir, quando necessário, uma ótima performance de vítima para o papai. Esther é tipicamente a criança problema que age como adulta e, a interpretação de Fuhrman intensifica a madura autopreservação de uma criança (que sabe planejar o que deve ser feito para não ser desmascarada), reforçando que crianças no cinema podem ser muito sinistras e amedrontadoras.




Gostei do enredo e de como o filme apreendeu minha atenção, estabelecendo-se como uma ótima opção de entretenimento para este tipo de sinopse aterrorizante familiar, somente um pouco mais de desenvolvimento na complexidade psicológica de Esther poderia vir mais à tona no roteiro tal que o filme se tornasse uma obra prima da psicopatia infantil. Neste contexto de películas de terror/suspense de diretores espanhóis, como O Orfanato de Bayona, A Orfã confirma que os espanhóis gostam de trabalhar com protagonistas crianças sinistras e isso me soa bem mais assustador do que ver adultos em terror, além disso Collet-Serra soube dar com sua câmera a expectativa do susto, aquele timing na qual o espectador diz: "eu quero levar um susto". Pode parecer óbvio e chato, mas com Esther como a maluca pertubada do filme, nada fica óbvio e chato demais. Há surpresas no enredo? Sim e obviamente deixo-lhes a surpresa do suspense, mas acima de tudo é um thriller que tem uma criança psicopata como protagonista e uma família que sofre o drama de uma adoção que sinaliza o fracasso durante todo o desenvolvimento do filme e isso é difícil de encarar. Só isso já vale uma reflexão psicológica, afinal, no plano da realidade, uma criança adotada pode não ser uma Esther, mas sempre há o risco, adotada ou não, que uma criança apresente transtornos psiquiátricos que a transformem em um ser perigosamente destrutivo. O que torna o filme interessante é pegar o mal de Esther e ver que pode ser o mal de qualquer criança ou adulto que pode ser um orfão psíquico. Não há pai, nem mãe, nem regras e nem lei e o psíquico da pessoa é tão destrutivo que ela é vítima de sua própria destruição, assim como psicopatas o são. Esther é prova disso, uma verdadeira mente perigosa.


Avaliação MaDame Lumière


Título original: The Orphan
Origem: EUA
Gênero: Suspense
Duração: 123 min
Diretor(a): Jaume Collet-Serra
Roteirista(s): David Johnson, Alex Mace
Elenco: Vera Farmiga, Peter Sarsgaard, Isabelle Fuhrman, CCH Pounder, Jimmy Bennett, Margo Martindale, Karel Roden, Aryana Engineer, Rosemary Dunsmore, Jamie Young, Lorry Ayers, Brendan Wall, Genelle Williams, Mustafa Abdelkarim, Landon Norris

10 comentários:

  1. Lembrei de quando assisti O Anjo Malvado...fiquei em transe com o dom maléfico e cruel vindo de apenas um menino - Macaulay Culkin, rs

    Este ainda não vi, mas garanto em breve!

    Beijo

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  2. Esse eu ainda não vi madame. Li avaliações positivas sobre o filme e a sua é mais uma. Verei o mais breve possível.
    Bjs

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  3. Também gostei deste filme. Nem sempre é totalmente verossímil e apresenta um ou outro clichê, mas no geral achei o suspense muito bem conduzido e adorei o elenco. Em especial, Farmiga, excelente!

    [***]

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  4. Oi Cris: Sim, a orfã e o anjo malvado deveriam se casar quando crescerem (rs). bjs

    Oi Reinaldo: Vale a pena conferir. Eu gostei tanto que assisti 2 x. Na segunda vez, voltei as cenas mais maldosas haha... bjs

    Oi Wally: Farmiga está ótima mesmo... e ela está boa de chute, não acha? Aquela cena final é ótima haha... bjs

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  5. Como é bom vê-la respondendo os comentários de novo!

    I dind´t know I missed you that much!

    bjs

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  6. Oi Reinaldo, Sweet words. I also could never imagine that I would miss you so much!
    Kisses,

    PS - estou respondendo aos poucos e colocando a leitura em ordem também.(e a cinemateca também rs)

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  7. Excelente filme! Isabelle consegue desempenhar muito bem seu papel e o filme é sombrio pelo que se propôs a ser. Acho que a obra deve ser vista e descoberta, adorei as cenas misteriosas da alter-Esther. Muito bem explanado seu texto! :P

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  8. Madameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
    Que sauuuudadeeeee de vooooccêêêê!!!!

    Andava sumido, mas achei um tempo esse final de semana!!!! Os estudos vão bem, obrigado por perguntar. Estou gostando muito do meu curso!! Descobri que é bem o que eu quero fazer de faculdade quando terminar o ensino médio. Arquitetura!!!

    Lembrei muiiito de ti final de semana passado quando assisti Nine!!! Acabou que gostei, mas não é tão bom quanto eu esperava!! Assisti Chicago ontem de noite (de novo)!! Sei que você não gostou desse, mas devia assistir, só pra assistir mesmo!! Eu adoooro!!

    Aiii que saudade que eu tava de vim te visitar!! Sabe o que é não ter tempo pra nada??? Tah assim comigooo!!! Saio de casa as 7 pra escola, chego ao meio dia, durmo um pouquinho de tarde (na terça e quinta vou pro curso de inglês), as 6 pego a besta pro curso de noite, chego a meia noite em casa, durmo, acordo as 6:30 e vai indo!!! Na primeira semana não tava mais aguentando, mas agora ta indo bem!!!

    E você como esta?? Vi que anda um pouco sumida do blog tbm, mas pelo amor de Deus não faça que nem eu e nem pense em fechar o Madame Lumiére!!!!! Ahh não me lembro se eu vim comentar sobre o oscar aqui ou não, mas atrasado tbm vale!!! O que você achouu??? Até que foi bom neh, só aquela apresentação das trilhas sonoras que foi horrível!!!

    A orfã ainda não assisti e nem pretendoo!! Não assisto nada de suspense e terror!! O máximo que assisti foi o Sexto Sentido porque já tinham me contado o final!!! hahahahaha Daí perdeu a graça e eu não me assustei!!!

    Vou deixar um pouco pra comentar os outros posts!!! kkkk
    Beijos Madameee
    Te adoooooroooo

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  9. Oi Marcelo,
    Que bom te ver aqui de novo!
    Adorei o mistério por trás de Esther e que é revelado depois. Fiquei boquiaberta pois jamais imaginei que ela seria quem ela é(rs)...Sinistrona!

    Beijo,queridão!

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  10. Oi Eri,

    Que delícia receber tua visita! Saudades também!

    Fico feliz que está cheio de atividades para seu autodesenvolvimento. Aproveite ao máximo esta fase porque depois que vem a carreira profissional, os tempos ficam mais curtos e a gente tem que priorizar ainda mais o tempo entre família, amigos e outros atividades sociais e educativas. Arquitetura é bem bacana, agora estou começando a lidar com arquitetos e engenheiros no meu novo trabalho (que coincidência!) e aos poucos vou conhecer melhor a área, quem sabe podemos trocar figurinhas...

    Então você lembrou de mim quando viu a Penélope Cruz? hahaha... (quem dera eu fosse como ela e tivesse a grana dela hahaha). Sobre Chicago, esta semana uma vendedora no shopping me falou para eu assistir Chicago. Ela me vendeu um produto vintage e estávamos trocando opinião sobre cinema e pinups... achei também uma coincidência você falar agora de Chicago. Vou tentar assistí-lo mas minha lista de filmes a assitir só cresce e o tempo está curto agora.

    Eu estou em uma fase de projetos profissionais, em especial, que eu tenho que reestruturar processos na empresa então estou mega ocupada e tenho que focar meu tempo, mas o MaDame Lumière ficará firme e forte, obviamente, como mesmo percebeu, não poderei mais assistir 1 filme/dia ou resenhar muitos filmes por semana. Estou tentando 2 críticas/semana mas minha intenção é manter 4 filmes/semana, pelo menos, por agora.

    Eu fiz um post sobre o Oscar, dá uma olhadinha no arquivo. Eu achei a comemoração aquém do esperado e que tentou agradar a maioria dos filmes como já esperado, no entanto, valeu pelo prêmio da Bigelow como melhor diretora. Sem dúvidas, foi o triunfo da celebração.

    Assista a orfã...gostei dele e olha que nem sou fanática por este tipo de filme, mas este achei bacanérrimo.


    Beijos e te adoro2!

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