MaDame te mostra a Mostra internacional de Cinema
Uma seleção especial de filmes na semana mais cinéfila de São Paulo
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Por Cristiane Costa
Depois de Xeque-mate (Jouese) da cineasta Caroline Bottaro trazer o universo do xadrez através da personagem interpretada pela veterana atriz Sandrine Bonnaire, chegou a hora do Cinema Francês lançar a nova diretora Élodie Namer que, em seu primeiro longa metragem, aborda um torneio de xadrez em Budapeste e a crise existencial do campeão francês Cal Fournier (Michelangelo Passanti) ao encontrar um brilhante competidor bem mais jovem que ele. Cal atravessa um período de altos e baixos durante o torneio e questiona se suas estratégias e talento são realmente tão bons para mantê-lo na liderança do esporte.
O longa tem frescor fotográfico, um elenco de jogadores em contínuo desenvolvimento no esporte e uma abordagem interessante ao enfocar um universo refinado, inteligente e misterioso com personagens jovens. Nota-se que, existe uma obsessão na vitória a qualquer custo mesmo que, para isso, os jogadores tenham que ensaiar e memorizar jogadas, seguir as recomendações do seu "coach" mesmo em discordância com elas, respirar xadrez 24 horas por dia. Dessa forma, a história apresenta um conflito central da pressão imposta pelo próprio esporte e como Cal, apesar de seu espírito competitivo e talento, chegou a um ponto do torneio no qual se sente desequilibrado ao encontrar um concorrente inesperado. Embora ainda cru na atuação, Passanti tem uma ótima fotogenia, jovem bonito e com vigor para novos trabalhos. Ele realiza um boa inteprretação pois esse é seu primeiro longa metragem.
Para uma estreia, a direção de Namer é esforçada, embora seja repetitiva em algumas escolhas da decupagem porque o roteiro em si não previu grandes tomadas. O ambiente é claustrofóbico e, apenas em determinada sequência, o longa se liberta das quatro paredes em um dos melhores momentos. No geral, tudo está relacionado ao xadrez, então as cenas enfocam a introspecção de Cal, sua interação com a namorada e jogadora Lou (Lou de Laâge) e seus demais amigos, sua insegurança em possíveis derrotas e falhas, o enclausuramento do hotel. A diretora se esforça em realizar enquadramentos que valorizam os aspectos de concentração, estratégia e competitividade do xadrez como planos detalhe e close ups, mas também abusa do plongée para o público ver o tabuleiro e as jogadas, logo os elementos em cena são explorados dentro do possível. Essa recorrência de determinados enquadramentos acabam preenchendo os vazios deixados por falta de melhores diálogos.
O longa dividiu opiniões da crítica especializada Francesa. Publicações como Le Parisien o elogiaram, outros como Le Monde e Liberación não apreciaram a obra. Mesmo que não seja um filme apaixonante e que conquista de imediato, é bem intencionado na proposta porque traz à reflexão como o ser humano é programado para ganhar e, nem sempre, sabe por que quer ganhar. Não busca autoconhecimento. Para tornar a situação pior, a pressão imposta nos jovens e para o sucesso é intensa. São pessoas que acabam incorporando estratégicas, táticas e ações sem olhar para dentro de si mesmas.




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Cristiane Costa, MaDame Lumière