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Mostra 2015: Body (Cialo,2015), de Malgorzata Szumowska


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Uma seleção especial de filmes na semana mais cinéfila de São Paulo
Acompanhe!





Por Cristiane Costa


Dizem que o corpo sofre o que a alma sente. Esta é uma das maiores verdades dos tempos modernos e líquidos. É comum o ser humano lidar mal com suas próprias perdas, dores e frustrações. Como consequência, há uma série de transtornos psiquiátricos que vão além da mente e que agravam a saúde do corpo físico, principalmente em casos de distúrbios alimentares como a obesidade ou a anorexia, transformando o processo em um círculo vicioso e autodestrutivo. 





Sob a direção da Polonesa Malgorzata Szumowska, Body (Cialo) aborda uma contemporânea temática, a anorexia, e entrelaça a relação de 3 pessoas com o corpo e a alma em meio ao conflito de Olga (Justynan Suwala), uma jovem que, após perder a mãe, começa a ter comportamentos disfuncionais com relação à sua alimentação. Evita alimentar-se bem e, quando decide fazê-lo, oscila entre vômitos intencionais e comilanças às escondidas. Seu pai, interpretado por Janusz Gajos, trabalha como perito criminal, identificando e analisando mortos, portanto sua relação com o corpo é racional, profissional,  distanciada, além de ter uma péssima relação com a filha que nutre ódio e mágoas  por ele. Fora do núcleo familiar está a médium e terapeuta Anna (Maja Ostaszewska) que trabalha com psiquiatria no tratamento de jovens anoréxicas.  Anna tem uma relação mais espiritualizada e de autoconhecimento do corpo.





Vencedor do Urso de Prata de melhor diretora no Festival de Berlim, Body tem uma direção precisa na proposta realista e documental de expor o drama da anorexia e a disfunção das relações interpessoais que dificultam o entendimento da doença e a aceitação do tratamento. É um bom longa que se diferencia por possibilitar uma interpretação aberta pois, ao mesmo tempo que, permite uma reflexão bem particular e a nossa relação com as fronteiras do psíquico, físico e espiritual, ele é um drama universal de que, como depende apenas de cada um, permitir-se ultrapassar a barreira psicológica que adoece o corpo e a alma.



Embora a abordagem espírita não é aprofundada e nem este é o propósito da narrativa, é interessante notar como o roteiro articula uma conciliação de posturas entre a terapeuta, o pai e a filha para enfrentar a doença e, mais ao final, dá um toque cômico com um desfecho "weird surprise" para as audiências. Diferente da postura racional do pai, normalmente reproduzida várias vezes na sociedade cruel da modernidade, o longa transita com seriedade pelo tema, porém, mais adiante desconstrói a racionalidade com uma janela para o oculto e para o bom humor. Assim, é preciso encarar a anorexia de Olga, mas também, é preciso encarar a morte, a perda e a solidão de forma mais descontraída pois, cada um à sua maneira, é um ser solitário nesta história e reage com diferentes nuances comportamentais. Esta convergência de personagens e atitudes em uma dualidade temática morte-vida e a cinematografia vigorosa de Szumowska com fotografia assinada por Michal Englert fazem de Body uma ótima reflexão sobre a perda e seus efeitos no corpo e na alma.





Ficha técnica do filme ImDB Body (Cialo)
Distribuição: Supo Mungam Films

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