MaDame te mostra a Mostra internacional de Cinema
Uma seleção especial de filmes na semana mais cinéfila de São Paulo
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Por Cristiane Costa
Estive em Lisboa e lembre de você é uma adaptação do livro homônimo de Luiz Ruffato que aborda uma história sobre a imigração de um brasileiro em Portugal e a realista frustração ao se confrontar com as dificuldades de adaptação e permanência no país. Ser estrangeiro em terra estranha nunca foi fácil. Com esse drama, isso fica mais claro, principalmente em Portugal que tem tido uma grave crise econômica nos últimos anos. Através de uma narrativa que mantém a simplicidade do linguajar mineiro de Serginho, personagem principal interpretado por Paulo Azevedo, o roteiro mostra uma sequência de infortúnios em sua vida: um cotidiano modesto na cidade de Cataguases (MG), um casamento com uma mulher com sérios problemas psiquiátricos, a vontade imediatista de ir à Europa e tentar uma vida melhor e os desafios e dificuldades financeiras, afetivas e diárias em geral.
Com direção do cineasta português José Barahona, o longa ganha em contar uma história simples de um homem que tentou dar certo na vida apesar de toda a sua ingenuidade. Interpretado com um misto de generosidade e humildade, Serginho é um personagem que parece inocente demais em sua ida a Portugal. Como boa parte dos brasileiros que se aventuram no exterior, ele faz parte daquelas pessoas que, em um ímpeto emocional, sonhador e ingênuo, tomam a decisão de arriscar uma nova vida sem ter necessariamente as condições estáveis ou o mínimo de conhecimento para tal desafio. O que acontece é que Serginho é ingênuo demais e existe essa fragilidade do personagem no desenrolar da narrativa, logo nada muito diferenciado acontece em termos de conflito. Embora ele seja boa pessoa, bonito, dócil e engraçado, ele faz papel de bobo em determinadas situações, o que afeta diretamente a força dramatúrgica do personagem. Como todo o sonhador, há momentos de tristeza e um ar melancólico, depressivo. Assim, no transcorrer da história, também há momentos de quem romantiza ideais e, principalmente, relacionamentos amorosos. Mas Serginho tem dedo podre no amor. Sua entrega ligeira às mulheres nem sempre é sinônimo de felicidade.
Barahona realiza um bom trabalho de escolha de determinadas locações portuguesas e o destaque são a fotografia e a atuação de Paulo Azevedo. Diante da jornada aventureira de Serginho, importa mais observar como ele age nas variadas situações como encontrar um emprego, relacionar-se sexualmente com uma prostituta, lidar com a falta de dinheiro e a solidão. Todas essas situações, ainda que cotidianas, tem a vantagem de oferecer ao público uma oportunidade de analisar como Serginho mantém uma natureza sonhadora e ingênua. Como sonhos são frustrados e nem sempre sair do Brasil é a solução.
Considerando a obra literária, o roteiro se ocupa em marcar bem o jeito de falar interiorano de Serginho, transferindo para a tela a variação linguística do personagem e o colocando como um contador de histórias. Ele também se dirige à audiência, sozinho no plano, como se estivesse tendo um dedo de prosa sobre seu drama, logo, existe uma boa abertura na comunicação para ouvir o que ele tem a nos dizer. Por outro lado, por mais que tenha tido um esforço do roteirista em manter a originalidade da Literatura, as marcas linguísticas serão melhores observadas e curtidas em uma leitura do livro, pelo menos, é o que evidencia a narrativa de Ruffato e a diferencia no cenário editorial Brasileiro. Felizmente, o ator Paulo Azevedo incorpora bem a tranquilidade mineira, com fala mansa e franca. Também, ele mostra como Serginho poderia ter dado mais certo na vida. Os últimos planos mostram bem como nem tudo são flores. Ainda assim, escolhas são escolhas e cada um tem a liberdade de ir e de permanecer, onde quer que queira.
Considerando a obra literária, o roteiro se ocupa em marcar bem o jeito de falar interiorano de Serginho, transferindo para a tela a variação linguística do personagem e o colocando como um contador de histórias. Ele também se dirige à audiência, sozinho no plano, como se estivesse tendo um dedo de prosa sobre seu drama, logo, existe uma boa abertura na comunicação para ouvir o que ele tem a nos dizer. Por outro lado, por mais que tenha tido um esforço do roteirista em manter a originalidade da Literatura, as marcas linguísticas serão melhores observadas e curtidas em uma leitura do livro, pelo menos, é o que evidencia a narrativa de Ruffato e a diferencia no cenário editorial Brasileiro. Felizmente, o ator Paulo Azevedo incorpora bem a tranquilidade mineira, com fala mansa e franca. Também, ele mostra como Serginho poderia ter dado mais certo na vida. Os últimos planos mostram bem como nem tudo são flores. Ainda assim, escolhas são escolhas e cada um tem a liberdade de ir e de permanecer, onde quer que queira.
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Cristiane Costa, MaDame Lumière