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MaDame Blockbuster: Cinema Pipoca e no stress Por Cristiane Costa Peter Pan estreou nos Cinemas Brasileiros em uma ép...

MaDame Blockbuster: PETER PAN (PAN - 2015), de Joe Wright

MaDame Blockbuster:
Cinema Pipoca e no stress





Por Cristiane Costa


Peter Pan estreou nos Cinemas Brasileiros em uma época convidativa: próximo a 12 de Outubro, o Dia das Crianças, o que representou uma excelente estratégia comercial somada ao histórico da Warner Bros Pictures que, em Abril deste ano, anunciou que o lançamento seria adiado a fim de ampliar a exibição nos cinemas e datas que facilitassem o entretenimento para as famílias. No caso da direção, ela teria mais tempo para finalizar o filme e seus complexos efeitos visuais.  A decisão trouxe bons números. No primeiro final de semana de estreia, o blockbuster dirigido por Joe Wright arrecadou aproximadamente R$ 7 milhões de reais e, no segundo final de semana, continua líder, com arrecadação de mais de R$ 19,4 milhões e mais de 1,3 milhão de espectadores em todo o país.





Peter Pan traz o adorável e belo garoto Levi Miller que já conquista a partir do seu olhar sapeca e carismático. Ele vive em um orfanato sob as rédeas de uma cuidadora carrasca e não compreende por que foi abandonado pela mãe e nem sua origem. Em uma noite inusitada, ele é levado à Terra do Nunca, um lugar fantástico habitado por fadas, piratas, guerreiros e princesas. Com a ajuda da princesa Tigrinha (Rooney Mara)  e o capitão gancho (Garett Hedlund), eles lutarão contra o tirano pirata Barba Negra (Hugh Jackman), cuja ambição desmedida deseja destruir a paz e a natureza e subjugar crianças como escravas.





Hugh Jackman e Rooney Mara: atores bons porém personagens rasos



Um dos maiores clássicos da Literatura infanto-juvenil é uma história comovente em qualquer adaptação porque resgata três virtudes: desperta a criança impetuosa e eternamente brincalhona que ninguém deveria deixar de ser, enfoca um menino orfão em busca do lar e da família e apresenta um mundo lúdico de personagens fantásticos. Adaptada com roteiro de Jason Jachs, o enredo mantém esta base argumentativa clássica, porém muda o transcorrer dos acontecimentos e o desenvolvimento dos personagens, incluindo mais aventura e menos conflito e priorizando os efeitos visuais e a jornada de descoberta e identidade do pequeno herói. Esta escolha do roteiro tem pontos favoráveis e negativos, mesmo com atrativo elenco e um experiente cineasta.




Garett Hedlund e Levi Miller: boa energia. Nova amizade.




Dentre os pontos favoráveis, o mais evidente e que vale a pena ser citado é a audácia do diretor em aceitar o projeto e dar um toque "Harry Potter" bem amparado por seu background no cinema Britânico. Joe Wright é um excelente cineasta para dramas clássicos. Entregou adaptações literárias que enfocavam a mulher em uma sociedade tradicional e o drama romântico como "Orgulho e preconceito", "Desejo e reparação" e "Anna Karenina". Aqui, ele realiza uma mudança de 180ºC e vai para o universo da fantasia com o desafio de revigorar uma fábula com uma releitura híbrida que conserva o clássico e o contemporâneo. A aposta deu certo. Em termos visuais, o filme é encantador e, tecnicamente, o uso do 3D é bem executado e eficiente. A boa escolha do elenco garante coesão, sinergia e carisma entre os personagens, com destaque para Levi Miller e Rooney Mara.






Ainda que seja um blockbuster de apelo muito comercial, com um personagem amado por gerações de pessoas e com o público infanto-juvenil como principal target, apenas aspectos técnicos não favoreceram Peter Pan e não o colocam como um filme excepcional. O longa ganha em aventura, ritmo e efeitos visuais e perde em roteiro, em storytelling, em qualidade e conteúdo na relação entre os personagens. As emoções estão ali, enquanto Peter Pan procura compreender quem era sua mãe, qual era a história da Terra do Nunca e quem são seus novos amigos, porém, o roteiro não aproveita esta complexidade humana e relacionamento entre as personagens. Não intensifica a vilania do Barba Negra, não possibilita um Peter Pan menos acrobático e voador e mais voltado para o conflito da história e a tradição da fábula. 


O resultado final é puro entretenimento visual em movimento. É um bom filme para apenas entreter e, por isso, ele atende bem a audiência infantil. Não faltarão barcos voando, elementos da natureza excêntricos e muita aventura claramente expositiva.  O longa cativa mais pelo carinho envolto em um personagem tão emblemático e não necessariamente em como a história foi estruturada plano a plano. Há determinadas cenas que não fariam nenhuma falta, enrolam ou descaracterizam a história. Na maioria das vezes, vale mais a pena manter adaptações clássicas sempre clássicas. 






Ficha técnica do filme no ImDB Peter Pan
Distribuição: Warner Bros. Pictures

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