Por Cristiane Costa, Editora, blogueira e crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Em tempos sombrios de uma guerra, a luta pela sobrevivência é muito mais que uma jornada individual do caos e morte à esperança e salvação. É um necessidade de ver a família, os amigos, o lar a salvo, muito mais que a si mesmo. Talvez esta seja o mais legítimo valor da obra "Os meninos que enganavam nazistas", best-seller homônimo do autor Francês Joseph Joffo, adaptado ao cinema pelo canadense Christian Duguay. Dois irmãos judeus, Joseph e Maurice, lutam para sobreviver durante a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas ocupam a França.
Joseph (Dorian Le Clech) e Maurice (Batyste Fleurial) atravessam as paisagens da França, lançados em experiências de violência, de compaixão e afeto. Entre lágrimas e sorrisos, os irmãos encantam com uma biografia que fala sobre amor, coragem, companheirismo, empatia. Em uma guerra que lhes arrancou a doce infância, a inocência foi perdida mas não a ternura e a audácia. Orientados pelo pai Roman (Patrick Bruel), os irmãos fogem para o Sul da França. Encontram pessoas que ajudam, outras que machucam. A narrativa é construída com as distintas alternâncias desta comovente biografia: o doce encanto dos irmãos, a graciosidade que alivia o terror da guerra , a imperativa necessidade de se separar dos pais e a perversidade dos nazistas.
A direção de Duguay trabalha para não transformar a obra em um filme de horror. Executa uma boa direção de atores, com destaque para o pequeno Le Clech, sua doçura e coragem. Suas lágrimas são um forte apelo emotivo. Expressam a inocência de quem sente medo, de quem precisa ser acolhido, de quem teve que crescer quando é, na verdade, ainda um grande bebê. As brincadeiras entre irmãos surgem em uma tentativa de aproveitar o pouco da infância que está sendo roubada pela guerra. O humor e a espontaneidade aliviam as tensões. Como um fio de esperança, também surge uma França ensolarada quando os irmãos brincam juntos, em um contexto de morte, a vida brilha na tela e traz conforto de que dias menos cinzas e mais ensolarados podem surgir para a família Joffo.
Esta construção fílmica não suaviza a guerra, tanto que há momentos árduos. Nas cenas de maior comoção, a Segunda Guerra Mundial mostra uma das suas faces mais monstruosas: o judeu que precisa esconder que é judeu. Um negar a si mesmo que é bastante doloroso. Nesse sentido, a guerra tenebrosa é filmada no plano das interações que os garotos estabelecem na jornada, tendo que lidar com a ausência dos pais, a constante sensação de insegurança e perseguição, as mortes e prisão de inocentes e rebeldes. O ponto de vista (deles) ressalta que eles, como corajosos meninos, estão acima da guerra. Ver dois irmãos como protagonistas é acreditar na força que vem do lar. E ter um lar para onde voltar e encontrar a família é o que importa.
Lançamento do livro no Brasil: Agosto , editora Vestígio.
Ótima dica, filme que emociona, a guerra é uma parte desumana da nossa história!!!!
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