É bem evidente que Nosso Lar é um longa-metragem feito sob medida para os seguidores do Espiritismo, porém é muito importante que seja encarado como um filme que tem uma mensagem global de redenção e não somente como um sermão espírita, sob o risco de que se o expectador mais crítico se apegar a questões mais religiosas e levar o sermão ao pé da letra, o filme pode se tornar uma comédia para os mais céticos, uma invasiva afronta para os mais intolerantes e muito pendante como Cinema já que é filmado de forma bem tradicional, como ensinar o alfabeto a uma criança, principalmente nas incansáveis narrações em off. Infelizmente o problema de Nosso Lar é que depende muito mais do expectador se adequar ao roteiro para incorporar genuinamente algum aprendizado dele que não esbarre em bandeiras religiosas; isso ocorre porque o filme não se esforça para conquistar o público que não segue tal religião. No geral, se o expectador se esforçar para contemplar os esforços do filme e se sensibilizar com a mensagem global, Nosso Lar é bem emotivo e capaz de fazer com que reflitamos sobre nossas mundanas atitudes, pensar na lei da ação e reação a qual não há escape, de como somos falhos e de que, se existe um inferno pós morte, este não é um divertido open bar. Inclusive a questão de mudança comportamental em André Luiz é bem ressaltada na película e muito válida como lição atitudinal de vida. Ele era um médico ocupado, um marido distante, um pai austero, ou seja, ele não aproveitou a família que teve na vida que lhe foi dada. Quando morre, nem ele mesmo acredita que está em um Umbral aterrorizante com almas atormentadas que mais parecem zumbis genocidas. Em uma atitude de extremo desespero, como é comum acontecer com vidas afligidas, ele pede o perdão pelos seus pecados e é recolhido para o Nosso Lar. Na colônia, ele continua o mesmo homem arrogante e ganancioso através de atitudes muito claras durante o filme, mas eis que a mudança começa a acontecer, ele deseja voltar à Terra para ver como sua família está, e para conseguir tal liberalidade, terá que ser um novo homem.
Mesmo que peque no didatismo do texto que chega a cansar em vários aspectos, Nosso Lar demonstra que houve um empenho em criar uma atmosfera próxima ao sci-fi de um mundo espiritual que, para alguns pode soar como um ridículo exagero em uma película religiosa, mas em se tratando de Cinema Brasileiro, isso é um avanço, ou pelo menos, um olhar diferenciado em comparação aos cinemas favelas e comédias dos últimos tempos. Há que saudar a equipe técnica que investiu em nomes importantes da indústria cinematográfica mundial como o diretor de fotografia Ueli Steiger, o compositor Philip Glass e a Intelligente Creatures, especialista em efeitos visuais. Nosso Lar é dotada de uma arquitetura ficcional moderna e futurista, com prédios brancos e iluminados que colaboram para criar essa atmosfera de clareza espiritual como um paraíso em ficção científica. As locações internas não são tão caprichadas como as internas e a sensação que fica sobre esses planos fílmicos é que há um mundo paralelo no qual a vida continua de forma mais leve para tratar dos males que o ser humano incorporou na Terra. Há elementos cenográficos que cooperam para criar essa ambientação comunitária de paz e tranquilidade como pessoas ouvindo música clássica em um parque, recém desencarnados chegando ao Nosso Lar, sendo abraçados e tratados com intervenções mediúnicas de mãos e tomando sopa e água em macas de um hospital, enfim, tudo coopera para dizer que há vida após a morte e é possível tornar-se uma pessoa melhor, encontrar auxílio espiritual em colônias como Nosso Lar. Mesmo que isso seja bem em linha com o Espiritismo e pode ser absurda se esta não é a sua fé, verdadeiramente, todos precisam rever sua espiritualidade em um mundo cada vez mais conturbado que assola vidas em constante destruição.
Origem: Brasil
Gênero(s): Drama, Religioso
Duração: 102 min
Diretor(a): Wagner Assis
Roteirista(s): Wagner Assis, baseado na obra homônimo de André Luiz, psicografada por Chico Xavier.
Elenco: Renato Prieto, Fernando Alves Pinto, Rosane Mulholland, Inez Viana, Rodrigo Dos Santos, Werner Schünemann, Clemente Viscaíno, Helena Varvaki, Aracy Cardoso, Selma Egrei, Othon Bastos, Ana Rosa , Paulo Goulart, Lu Grimaldi, Chica Xavier
O trailer mostra muito bem a beleza visual dos efeitos, mas tenho medo disso ofuscar demais a narrativa da história. Assistirei, mas sem pressa.
ResponderExcluirBeijos! ;)
acho que eu sou um dos únicos que não gostou do filme. fui com um grupo de amigos ver o filme e na metade saimos, definitivamente não gostei, chegou em uma parte que não aguentava ver e ouvir o tal de andré luiz. enfim, não gostei mesmo.
ResponderExcluirAbs. =)
Claramente, o objetivo deste filme é sensibilizar. É reforçar a fé de quem já a tem e sensibilizar quem tem tendência a acreditar. Comigo, a obra funcionou demais! Achei bem interessante.
ResponderExcluirOi my Darling.
ResponderExcluirAcho Nosso Lar um filme difícil de avaliar e vou demorar pra escrever uma resenha no C. Rodrigo, ainda porque a temática envolve crenças e é tão complicado quanto política. Rs!
Mas de fato há inúmeras irregularidades, até nos efeitos especiais inconvincentes (em algumas nuances).
Tem uma cena de diálogo sofrível quando o André volta a terra e vê sua família conversando roboticamente. No piano ou na idéia de vamos tomar um chá!
Mas...o filme tem momentos ótimos, como você disse quanto a mudança de comportamente de André e graças a "Deus" eles tem um ótimo ator em cena, Renato Prieto, que salva o filme de um infeliz desastre total.
Preciso rever em casa na minha home video com minha Avó, que sem delongas amou o filme! Rs!
Beijos
Rô