Com um texto bem humorado de intensa sensibilidade a partir da simplicidade das palavras, uma cenografia encantadora, uma fotografia inspiradora, um roteiro belíssimo e uma interpretação divina de Juliette Binoche, Abbas entrega um filme conciso e envolvente cuja leveza consegue combinar perfeitamente com a profundidade dos diálogos, mesmo que os movimentos de câmera sejam mais limitados a planos longos e close-ups. Tal característica é muito rara em filmes pois nem todos conseguem harmonizar um texto descontraído com o peso de uma reflexão profunda sobre a vida, a arte, os relacionamentos, e ainda, presentear-nos com um jogo de espelhos entre um homem e uma mulher que passam a conversar como marido e mulher em um relacionamento de 15 anos. Aí reside o diferencial do roteiro: Elle e James são um casal? São tão originais que mesmo que sejam cópias de um casamento, eles são a expressão máxima de uma Cópia Fiel. Um magnífico jogo intepretativo porém sem máscaras que se coloca perante nós. Pura Arte em um descontraído diálogo bem humorado entre um homem e uma mulher de personalidades bem distintas porém fascinantemente sinérgicos na conjunta atuação, assim Cópia Fiel é a Discussão de Relação que comprova que é possível enfocar uma DR no Cinema que foge da convencional banalidade.
Embora o sensível filme repouse a nossa alma na candura do Cinema, ele não é de todo só dócil. Nunca é dócil lidar com o tempo e a solidão das mulheres que, na origem do Diretor, remetem às mulheres do Irã, dilaceradas por simplesmente não viver o seu tempo de verdadeiro viver. Há momentos nos quais o sorriso da bela Elle oculta uma mulher solitária que só precisa sentir a mão de um homem sobre o seu ombro. Elle é uma mãe que vive com o filho na Toscana há 5 anos, e na interpretação impecável de Juliette Binoche, Elle sustenta completamente a película. Não a toa que Binoche mereceu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. O filme tem a sua beleza, a sua gentileza. Carismática, sua expressão une as duas pontas da contradição: ela demonstra a sua força e a sua vulnerabilidade, fazendo um contraponto com a racionalidade de James que, indo mais longe e sob uma perspectiva meramente social e histórica sem ser sexista, pode ser a racionalidade dos homens do Irã. Há em Elle uma necessidade de se fazer compreender, de ser amada que é totalmente ajustável à realidade de mulheres que são repreendidas em suas mais intensas emoções, no seu direito ao diálogo, ao respeito, compreensão e amor. É possível que no jogo de espelhos de Kiarostami, Elle seja também a cópia fiel de uma original mulher Iraniana. Embora o discurso do filme não seja afirmar uma crítica à opressão sofrida pelas mulheres do Irã, há de educar o olhar para as relações da obra com a realidade circundante; eis um dos propósitos mais originais do Cinema, o de compreender o outro como em uma DR cinematográfica.
Título original: Copie Conforme (Certified Copy)
Gênero: Drama, Comédia Dramática
Duração: 106 min
Diretor(a): Abbas Kiarostami
Darling...passeando na MOSTRA SP. Rs!
ResponderExcluirEu sei que o Abbas Kiarostami já foi homenageado em alguma mostra.
Enfim, fiquei curioso quanto ao filme.
Só artistas de primeira linha.
Seu texto no ápice da cinefilia.
Bjs
Rô
vendo essas fotos da Juliete lembro o que impacto que me causou a primeira vez que assisti Os amantes de Ponte Neuf do leos carax, pena que nunca mais consegui encontra-lo. Anos mais tardes descobri que era continuação de Sangue Ruim, do mesmo diretor que inclusive teve uma cena famosa que a Us Top copiou grosseramente. Enfim, até hj ela é uma das minhas atrizes prediletas
ResponderExcluirabraços ae
fellini ?
http://blig.ig.com.br/serabenedito/
A MaDame está só assistindo grandes filmes na Mostra, hein? Tá sabendo selecionar bem! :)
ResponderExcluirTenho curiosidade de assistir a este filme somente para assistir à elogiada performance da querida Juliette Binoche.
Copie Conforme é um dos filmes que mais estou aguardando em 2010. Morro de inveja dos paulistas pela quantidade de filmes bons que serão exibidos na mostra de 2010.
ResponderExcluirGosto muito do trabalho do cineasta iraniano, suas histórias são profundas e conseguem causar alguma reação no espectador. Eu acho Juliette Binoche divina, apesar de não ter assistido este filme, gostei de vê-la vencedora em Cannes por melhor atriz. Mas Gérard Depardieu não concordou com a escolha do festival, ele andou declarando na imprensa que não entende porque todos morrem de amores por Binoche, ela não tem nada de mais. Só pode ser dor de cotovelo do ator :D
Curiosa para conferir a Juliette neste filme, ela parece ótima e o filme ser um deleite. Curiosa!
ResponderExcluirBeijos! ;)
Preciso dizer que vc me aguçou ainda mais a curiosidade para ver o filme? Então eu digo! Me aguçaste!
ResponderExcluirBjs
sempre é bem vinda uma atuação de Juliette Binoche, teu texto me deixou ansioso por esse filme.
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