Por Cristiane Costa, Editora e crítica de Cinema MaDame Lumière e Especialista em Comunicação Empresarial
O Cinema do coreano Hong Sang-Soo é uma rica experiência sobre o próprio ato de realizar Cinema, de ser um exímio contador de histórias sobre as relações humanas e como diferentes decisões nos levam a distintos caminhos na ficção e na realidade. Assim é o que acontece nos relacionamentos e também na realização artística, criativa, humanizada enfocados pelo diretor de extensa filmografia indie como "O dia em que ele chegar", "Montanha da liberdade", "A visitante Francesa". Em algum momento, seja na escrita de um roteiro, na montagem de uma sequência, seja na forma como ocorre uma conversa descontraída entre amigos e o flerte com um pretendente, estas situações culminam em erros, acertos, aprendizados e reflexões. Faz parte da nossa humanidade e das dificuldades inerentes a se ajustar em diferentes cenários e relações.
Com esta inteligente escolha de emular as relações humanas através metalinguística e universal arte do Cinema, podemos dizer que "Certo agora, errado antes", último longa de Hong Sang-Soo, vencedor do Leopardo de Ouro, prêmio ecumênico do Júri e melhor ator (Jae-Yeong Jeong,) no Festival Locarno de 2015, sustenta mais uma vez o estilo do diretor e perenidade de seu Cinema independente ao ser fiel às suas escolhas de roteiro e direção.
A história aborda outro personagem cineasta, Ham Chunsu (Jeong), que chega à cidade de Suwon para um debate sobre seu filme e encontra a jovem artista plástica Yoon Hee - Jeong (Min-hee Kim). Começam a conversar, beber e dar uma volta pela cidade. Como em "O dia em que ele chegar", Sang-Soo focaliza um personagem que está de passagem em uma cidade, desta forma, marcando um tempo transitório no qual qualquer coisa pode acontecer. Muito seguro e leal à sua marca autoral, o diretor desenvolve uma narrativa com diálogos intimistas que expõem a complexidade das relações humanas, com suas palavras ditas e não ditas, verbalizadas equivocadamente ou não, com diálogos seguidos de longos silêncios e introspectivos gestos.
A história aborda outro personagem cineasta, Ham Chunsu (Jeong), que chega à cidade de Suwon para um debate sobre seu filme e encontra a jovem artista plástica Yoon Hee - Jeong (Min-hee Kim). Começam a conversar, beber e dar uma volta pela cidade. Como em "O dia em que ele chegar", Sang-Soo focaliza um personagem que está de passagem em uma cidade, desta forma, marcando um tempo transitório no qual qualquer coisa pode acontecer. Muito seguro e leal à sua marca autoral, o diretor desenvolve uma narrativa com diálogos intimistas que expõem a complexidade das relações humanas, com suas palavras ditas e não ditas, verbalizadas equivocadamente ou não, com diálogos seguidos de longos silêncios e introspectivos gestos.
As duas pontas da contradição humana em relacionamentos são notáveis neste filme. Chunsu e Hee-Jeong conversam naturalmente como se fossem antigos conhecidos ou amigos. A forma como se deslocam em cena, do primeiro ponto de encontro a um bar e depois à casa da garota é consideravelmente rápida no tempo e no espaço. Às conversas mais íntimas e risos, opõem-se os comportamentos tímidos, de um tênue e tão natural deslocamento no ambiente, semelhante a quando não conhecemos tão bem a alguém e, mesmo diante disso, nos sentimos atraídos a vivenciar os momentos.
Como decisão recorrente em certos filmes de sua carreira, Sang-soo divide sua narrativa em duas partes, repetindo as mesmas situações que levam os personagens a vivências diferentes. Este recorte é bem interessante como experiência reflexiva sobre o filme e as relações humanas. Em diversas vezes durante a projeção, é natural se perguntar: quantas vezes determinado episódio da vida me levou a um caminho x e não ao Y? Ou, o que aconteceria se eu tivesse seguido este caminho e não aquele outro? Finalmente, esta escolha na construção da narrativa dialoga com o ato de criação no Cinema, o que se converte em uma bela e autêntica forma de fazer filmes.
Como decisão recorrente em certos filmes de sua carreira, Sang-soo divide sua narrativa em duas partes, repetindo as mesmas situações que levam os personagens a vivências diferentes. Este recorte é bem interessante como experiência reflexiva sobre o filme e as relações humanas. Em diversas vezes durante a projeção, é natural se perguntar: quantas vezes determinado episódio da vida me levou a um caminho x e não ao Y? Ou, o que aconteceria se eu tivesse seguido este caminho e não aquele outro? Finalmente, esta escolha na construção da narrativa dialoga com o ato de criação no Cinema, o que se converte em uma bela e autêntica forma de fazer filmes.
Fazendo um paralelo com a realização audiovisual, o exercício é o mesmo. São escolhas, são memórias e experiências, são atos de tomar decisões e criar histórias que são catalisados para construir um filme. Nisso está a lúcida forma de Sang-Soo fazer Cinema. Com dramas relativamente simples e cheios de lacunas para deixar os pensamentos livres, o diretor não tem pretensões de dar as respostas pasteurizadas ao público. Em "Certo agora, errado antes", suas fórmulas para a direção continuam as mesmas mas o resultado final abre inúmeras interpretações para as audiências. Tanto que, cada espectador poderá chegar a outras observações e percepções sobre os diálogos entre um homem e uma mulher, por exemplo, muitas das quais não necessariamente estão dentro do filme e foram expostos por Chunsu e Hee-Jeong . É um filme pequeno de significados gigantes e universais como tudo que é bom no Cinema independente Coreano.
Ficha técnica do filme Imdb Certo agora, errado antes
Distribuição no Brasil: Zeta filmes
Data de estreia : 19 de maio de 2016
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Cristiane Costa, MaDame Lumière