Com uma projeção relativamente curta para o gênero e um desenvolvimento linear porém longe de ser raso, o longa-metragem tem um olhar diferenciado a partir da visão de uma criança. Acima de tudo, Bruno é um observador da realidade circundante. A forma como o personagem é construído é bem interessante porque é um garoto que transita entre a inocente ingenuidade de uma criança e o espírito libertário mais amadurecido de um potencial adulto que faria a diferença naquele universo hostil, de intolerância étnica e social. Bruno é atento para perceber que sua mãe está sofrendo ao saber que ali naquela fazenda há um campo de concentração e muita bárbarie, ainda que ele não saiba as atrocidades que são cometidas sob as ordens de seu próprio pai; assim como ele é esperto o suficiente para burlar a segurança de sua casa, questionar o autoritário professor nazista que denigre a imagem dos judeus e perceber que sua irmã Gretel (Amber Beattie) é uma jovem Alemã que já perdeu a inocência há muito tempo ao colar cartazes do Reich Hitleriano em seu quarto e flertar com o general Kotler (Rupert Friend) como se fosse uma mulher adulta. Para um filme que se localiza em um período sangrento como foi o Holocausto, a projeção em si não é exacerbadamente dramática no transcorrer da fita, e usa de efeito catártico em seu desfecho no qual toda a descarga emocional recae sobre o sensível expectador.
A amizade entre um garoto judeu e um filho de militar nazista rompe com a ordem histórica e, mesmo que traga desdobramentos devastadores e muito tristes, é uma amizade necessária para o contexto moral, tal que emocionem e tornem menos impessoal esse ' pai' que não tem nome na película e precisa sofrer da tragédia de sua própria posição sócio-política, desta forma, o homem 'de Hitler' torna-se o homem frágil que fragilizou e dizimou inúmeros judeus. O recurso de criar um personagem frio, mandatório e sem nome , o 'Pai/Vater' (em alemão), é muito coerente e esclarecedor já que era assim que Hitler era tratado, como pai de uma Nação, aquele que manda e desmanda, que é saudado, obedecido e temido, logo aqueles que vestiam uniformes militares, bravejavam o 'Heil Hitler' e assassinavam em seu nome eram como filhos a cumprir a vontade do pai, a manter-se como 'herdeiros e pais' de uma nação e dar continuidade a bárbarie gerada na insana mente de Hitler. Sob esse ponto de vista, O menino do pijama listrado é um belíssimo 'must-watch' que muito mais que brindar-nos com a comovente amizade e a sensível perda da inocência, possibilita ter uma visão dramática do Holocausto que se desdobra da esfera coletiva para a individual e traz a tragédia para o lado nazista. O 'pai' provou do próprio veneno de seus atos genocidas, provou da atrocidade de sua História.
Título Original: The boy in the Striped Pajamas
Origem: Inglaterra
Gênero(s): Drama
Duração: 93 min
Diretor(a): Mark Herman
Roteirista(s): John Boyne
Elenco: Asa Butterfield, Zac Mattoon O'Brien, Domonkos Németh, Henry Kingsmill, Vera Farmiga, Cara Horgan, Zsuzsa Holl, Amber Beattie, László Áron, David Thewlis, Richard Johnson, Sheila Hancock, Charles Baker, Iván Verebély, Béla Fesztbaum
Ah Madame, quem te acompanha no twitter viu o seu sofrimento acerca deste filme, hehe. Você ficou bem...'emocionada', não é ?
ResponderExcluirÉ um filme que gostei bastante quando vi, mas tenho que revê-lo, já que tem um tempo que o vi. Mas, gostei demais dele, achei bem trabalhado e argumentado, fiquei triste pelo final.
Abs.
Apesar de ser um filme um tanto previsível, é impossível não se emocionar com aquele final.
ResponderExcluirTriste DEMAIS este filme. E muito bem realizado também.
ResponderExcluirComovente, tocante e muito triste. Adoro este filme. Lindo!
ResponderExcluirBeijos, querida! ;)