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Documentário observa a convivência de alunos
em uma escola primária Palestina
Por Cristiane Costa
Sob a direção de Yahya Alabdallah, O Conselho (Al Majlis/The Council, 2014) é um documentário sobre o funcionamento de uma escola primária para refugiados palestinos na região de Sukhna, na Jordânia. O seu título (e argumento) vem do "Majlis" (Conselho, na cultura Islâmica) que é um conceito relacionado ao agrupamento e inter relacionamento de pessoas em atividades de interesse comum e coletivo, que é o que se passa na escola em foco: a UNRWA.
Inicialmente, o filme é incômodo por uma razão bem simples: o realismo da miséria da escola e do seu entorno, focalizando como questões básicas são negligenciadas como melhor alfabetização e saneamento básico. De câmera na mão ou com câmera posicionada nos bastidores da escola como uma testemunha ocular e invisível, o longa aborda os modelos de convívio como a rigidez das normas, o tratamento cultural diferente entre meninos e meninas, abuso sexual, bullying, dificuldades de aprendizagem escolar, eventos escolares, entre outros.
Inicialmente, o filme é incômodo por uma razão bem simples: o realismo da miséria da escola e do seu entorno, focalizando como questões básicas são negligenciadas como melhor alfabetização e saneamento básico. De câmera na mão ou com câmera posicionada nos bastidores da escola como uma testemunha ocular e invisível, o longa aborda os modelos de convívio como a rigidez das normas, o tratamento cultural diferente entre meninos e meninas, abuso sexual, bullying, dificuldades de aprendizagem escolar, eventos escolares, entre outros.
O filme é bem construído com a ideia sistêmica do Majlis. Os alunos começam a formação de um conselho de estudantes para as eleições. Dois alunos, Abed e Omar, são os candidatos à presidência deste conselho. Eles são os protagonistas porém, no decorrer do documentário, o protagonismo é compartilhado e variados alunos participam, sempre abordando realidades do cotidiano escolar; umas mais culturais como a organização de uma festa, outras mais engajadas no bem estar do entorno como o tratamento do lixo e, assim, o espectador é levado a observar essa realidade dos alunos que, mesmo carentes, não lhes tira a participação diária de construir seus espaços colaborativos de Educação e convívio político e social.
Uma cultura Islâmica a ser observada, refletida e compreendida.
Ainda que seja um documentário bem realista, atual e baseado na espontaneidade dos alunos, algumas cenas têm um discurso preparado, principalmente porque algumas crianças têm dificuldades de ler e escrever e, depois, chegam a falar formalmente como se fossem adultos bastante letrados, engajados e politizados. Por mais que o retratado seja bem real, há uma reprodução de discursos pelos alunos, provavelmente foi intencional e usado como manobra crítica ou criação de uma narrativa documental que joga com a ficção e a realidade criando mecanismos para driblar a liberdade de expressão na Palestina.
Como uma das perspectivas críticas possíveis, esse recurso bebe do discurso "politicamente correto" usado pelas autoridades e pelo povo e faz uma boa jogada com a falta de Educação dos alunos de escolas simplórias, que são abandonadas pelo governo e apresentam claras e básicas deficiências em seu funcionamento. Sem dúvidas, esse é um recurso interessante para um produto audiovisual como o documentário e um cenário Islâmico, mas também, ele soa estranho e engraçado em como algumas crianças se expressam; dessa forma, lança a incógnita na experiência com o filme: o que é fala realmente espontânea? Apesar das aparentes lacunas, O Conselho é bem vindo porque dá voz às crianças, seja ela real ou ficcional, é um grande passo em uma cultura Oriental que intimida a liberdade das individualidades. É sabido que cineastas criam estratégias narrativas em seus filmes para driblar censuras locais em países de culturas rígidas.
Como uma das perspectivas críticas possíveis, esse recurso bebe do discurso "politicamente correto" usado pelas autoridades e pelo povo e faz uma boa jogada com a falta de Educação dos alunos de escolas simplórias, que são abandonadas pelo governo e apresentam claras e básicas deficiências em seu funcionamento. Sem dúvidas, esse é um recurso interessante para um produto audiovisual como o documentário e um cenário Islâmico, mas também, ele soa estranho e engraçado em como algumas crianças se expressam; dessa forma, lança a incógnita na experiência com o filme: o que é fala realmente espontânea? Apesar das aparentes lacunas, O Conselho é bem vindo porque dá voz às crianças, seja ela real ou ficcional, é um grande passo em uma cultura Oriental que intimida a liberdade das individualidades. É sabido que cineastas criam estratégias narrativas em seus filmes para driblar censuras locais em países de culturas rígidas.
A simplicidade dos alunos é comovente e tem mais condições de estabelecer e manter o interesse do público. A variedade de crianças que trazem várias problemáticas é o diferencial dessa convivência escolar pois são ali , alunos comuns, uns mais extrovertidos, outros mais introvertidos, outros mais problemáticos, outros menos. No geral, o longa começa bem e, depois, perde a chance de trabalhar melhor a edição no seu desenvolvimento. É o tipo de montagem que corta para vários planos de forma muito rápida, amplia a visualização da convivência sem querer perder nada, mas peca na continuidade das cenas. O resultado é uma edição caótica e com deficiências de linearidade e coesão narrativas, com um emaranhado de situações da vida escolar que poderiam ter sido melhor trabalhadas na montagem final para favorecer quem está do outro lado da Tela. Ainda assim, O Conselho é um bom e espontâneo documentário para analisar mais um microcosmo da instituição Educação no mundo e como se dá a formação de um Majlis estudantil, além de possibilitar refletir sobre o cotidiano escolar e suas debilidades.
Ficha técnica no ImDB Al Majlis / O Conselho
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Cristiane Costa, MaDame Lumière