Em continuação à política da boa vizinhança exercida pelos Acadêmicos do Oscar, esse ano temos 9 filmes concorrentes à melhor longa de ficção para agradar todos os gostos de público, iniciativa que já é previsível pois nos últimos anos nem todos os filmes são realmente incríveis. Temos Cavalo de Guerra, O Artista, O homem que mudou o jogo, os Descendentes, a Árvore da vida, Meia-noite em Paris, Histórias Cruzadas, A invenção de Hugo Cabret e Tão perto e tão forte. Embora bons entretenimentos, poucos são dignos de uma estatueta de melhor do ano e a maioria são dramas bastante apreciados pela Academia como Os Descendentes, de Alexander Payne que é uma dramédia sobre um viúvo traído (George Clooney) que tem a esposa em coma e precisa seguir sua vida com perdão e superação para criar suas filhas. Outros dois filmes que combinam com a Academia e falam de superação e esperança são Histórias Cruzadas, de Tate Taylor e O homem que mudou o jogo, de Bennett Miller. O primeiro conta uma bela história sobre um grupo de empregadas domésticas negras que contam suas histórias secretas de convívio com suas patroas brancas. Além de terem uma voz no livro escrito pela aspirante à jornalista Skeeter (Emma Stone), elas lidam com o preconceito racial da época. O segundo tem o astro Brad Pitt como o gerente de um time de baseball, o Oakland A , que consegue montar um time sem orçamento e com a ajuda de um programa de computador.
Dentre os filmes, minha preferência é por A invenção de Hugo Cabret, mais pela maneira que foi dirigido, dos movimentos de câmera altamente sofisticados e experientes de Scorsese à realização nostálgica de um Cinema que honra o trabalho de Georges Melies, assim como traz à reflexão a perpetuidade da obra de um diretor, a questão da passagem do tempo se um cineasta será esquecido ou não. Na concorrência acirrada, deve competir com Hugo o Artista, que é um filme mudo, belo, poético, simpático, com protagonistas carismáticos (Jean Dujardin e Berenice Bejo) e com uma direção concisa que não deixou de fazer referências claras à História do Cinema e que teve uma dose de coragem ao trazer o não sonoro à contemporaneidade. Se der alguma zica e a tradição falar mais alto, ganham estatuetas filmes como Os descendentes e Histórias Cruzadas, que também têm atores como George Clooney e Viola Davis, que realizam uma ótima atuação. Na categoria de filme estrangeiro, torcida geral para o Iraniano a Separação, de Asghar Farhadi, vencedor do Urso de Ouro em Berlim e do Globo de Ouro e um dos melhores filmes do ano. Me surpreendeu como um realista drama familiar, de alta qualidade em roteiro, atuação e direção, que coloca o expectador para dentro da tela.
Na direção, quem deve levar é Michel Hazanavicius (O Artista) ou Martin Scorsese (Hugo), porém essa é uma categoria que divide o meu coração porque Martin Scorsese merece esse prêmio pelo requinte e magia nas telas, e também por, após ter dirigido filmes brutos e de tema muito adulto e violento, se rende a um trabalho que é uma poesia cinematográfica para toda a família, porém não se pode esquecer que Terrence Malick fez um genial A árvore da vida, que é praticamente um exercício existencialista, de investigação sobre o homem e seu lugar no mundo, com uma fotografia incrível que é realista e onírica ao mesmo tempo. Dessa forma, Martin Scorsese e Terrence Malick são as minhas preferências. Para melhor ator e atriz, prefiro que ganhem, respectivamente Jean Dujardin (O Artista), que é expressivamente um Gene Kelly moderno e Francês, bonito, envolvente e dançante e, a poderosamente dramática Viola Davis (Histórias Cruzadas), que é uma atriz muito diferenciada e que merece prêmios pela sua veia natural para atuação, sua humildade em cena que é engradecida na tela. Não desprezo os trabalhos de George Clooney (Os descendentes) e Meryl Streep (A dama de Ferro), mas é hora de colocar sangue novo nessas premiações, além disso, Gary Oldman em O espião que sabia demais seria o meu 2º candidato caso Jean Dujardin não ganhe. Embora o personagem de Gary Oldman não seja o mais inesquecível dos competidores, a atuação é concentrada, enigmática e experiente. Já como coadjuvantes femininas, minhas preferências são para Jessica Chanstain (Histórias Cruzadas) e Bérénice Bejo (O Artista), por iluminarem a tela com suas simpáticas personagens e darem o ar da graça de uma forma muito especial, porém Octavian Spencer (Histórias Cruzadas) é uma forte candidata em um dedicado papel que aproveita seu jeito despojado e bem humorado no papel de uma empregada desbocada. Como ator coadjuvante, vencerá Christopher Plummer (Toda forma de amor), que é o queridinho da categoria ao intepretar um idoso com câncer que assume ser homossexual, porém eu prefiro que ganhe Max von Sydow e seu personagem que não fala em Tão forte, tão perto. Ainda que seja um papel muito pequeno, é um belo trabalho de Max que, através do olhar e das expressões de melancolia e de carisma, faz jus a me lembrar que ele era um dos favoritos do gênio Ingrid Bergman.
Desejo um excelente Oscar a todos!
Preferência: A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: O Artista
Quem pode surpreender: Os descendentes
Melhor Direção
Preferência: Martin Scorsese, A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: Michael Hazanavicius, O Artista
Quem pode surpreender: Alexander Payne, Os descendentes
Melhor ator
Preferência: Jean Dujardin, O Artista
Quem deve levar: Jean Dujardin, O Artista
Quem pode surpreender: George Clooney, Os descendentes
Melhor atriz
Preferência: Viola Davis, Histórias Cruzadas
Quem deve levar: Meryl Streep, A Dama de Ferro
Quem pode surpreender: Michelle Williams, Sete Dias com Marilyn
Melhor atriz coadjuvante
Preferência: Jessica Chanstain, Histórias Cruzadas
Quem deve levar: Octavia Spencer, Histórias Cruzadas
Quem pode surpreender: Berenice Bejo, O Artista
Melhor ator coadjuvante
Preferência: Max von Sydow, Tão forte tão perto
Quem deve levar: Christopher Plummer, Toda forma de amor
Quem pode surpreender: Jonah Hill, o homem que mudou o jogo
Melhor roteiro original
Preferência: Meia-noite em Paris
Quem deve levar: Meia-noite em Paris
Quem pode surpreender: Margin Call
Melhor roteiro adaptado
Preferência: A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: Os descendentes
Quem pode surpreender: Tudo pelo poder
Melhor animação
Preferência: Rango
Quem deve levar: Rango
Quem pode surpreender: Não há,
com a exclusão de As Aventuras de TiTin na competição.
Melhor filme em lingua estrangeira
Preferência: A separação
Quem deve levar: A separação
Quem pode surpreender: Não há
Melhores Efeitos Visuais
Preferência: Planeta dos macacos
Quem deve levar: Planeta dos macacos
Quem pode surpreender: Harry Potter e as Relíquias da morte - P2
Melhor Edição de som
Preferência: A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: A invenção de Hugo Cabret
Quem pode surpreender: Cavalo de Guerra
Melhor Som
Preferência: A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: Cavalo de Guerra
Quem pode surpreender: A invenção de Hugo Cabret
Melhor Edição
Preferência: A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: O Artista
Quem pode surpreender: A invenção de Hugo Cabret
Melhor Fotografia
Preferência: A árvore da Vida
Quem deve levar: A árvore da Vida
Quem pode surpreender: Não há
Melhor Direção de Arte
Preferência: A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: O Artista
Quem pode surpreender: Meia-Noite em Paris
Melhor Figurino
Preferência: A invenção de Hugo Cabret
Quem deve levar: O Artista
Quem pode surpreender: W.E
Melhor Maquiagem
Preferência: Harry Potter - As relíquias da morte - p2
Quem deve levar: A Dama de Ferro
Quem pode surpreender: Harry Potter - As relíquias da morte - p2
Melhor Trilha Original
Preferência: O Artista, Ludovic Bource
Quem deve levar: O Artista, Ludovic Bource
Quem pode surpreender: A invenção de Hugo Cabret, Howard Shore
Melhor Canção Original
Preferência: Man or Muppet, The Muppets, Bret McKenzie
Quem deve levar: Man or Muppet, The Muppets, Bret McKenzie
Quem pode surpreender: Real in Rio, Rio, Siedah Garrett
Melhor Documentário (longa-metragem)
Preferência: Pina
Quem deve levar: Paradise lost 3: Purgatory
Quem pode surpreender: Pina
Melhor Documentário (curta-metragem)
Preferência: Saving Face
Quem deve levar: God is bigger than Elvis
Quem pode surpreender: Saving Face
5 comentários:
Caro (a) leitor(a)
Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.
Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.
No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.
Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.
Saudações cinéfilas,
Cristiane Costa, MaDame Lumière