MaDame Blockbuster:
Cinema Pipoca e no stress
A produção da releitura de Tarzan, o legendário homem das selvas criado pelos escritos de Edgar Rice Burroughs, explica consideravelmente os resultados audiovisuais do mais recente blockbuster "A lenda de Tarzan", dirigido por David Yates que tem no currículo 4 filmes Harry Potter e o aguardado "Animais fantásticos e onde habitam". Com produção de David Barron, que já havia trabalhado com Yates em Harry Potters e com Kenneth Branagh em "Cinderela", a premissa está clara: como realizar um clássico Tarzan com uma superfície contemporânea, épica e dramática que valoriza os recursos CGI com maior estilização visual , com boa aceitação comercial para as massas e com a beleza dos valores da identidade, da justiça, da família e do amor? Todas essas experiências da dupla Yates/Barron estão nesse filme que pode ser resumido como uma aventura de natureza romântica , visualmente límpida , sem foco em explorar o contexto histórico do Congo e lutas sangrentas.
Em uma estrutura dramática que é dividida entre o tempo presente e breves flashbacks da origem, infância e maturidade do rei das selvas, John Clayton/ Tarzan (Alexander Skarsgård , de "True Blood") é um Lord Britânico casado com Jane (Margot Robbie) que, após ficar órfão e ser criado por gorilas no Congo, retorna à sua vida em Londres. Seus fortes laços de identidade com a terra que viveu, além da experiência, conhecimento e diplomacia o levam a ser convidado pelo Parlamento para atuar como adido comercial. Entretanto, ingressa em uma jornada que colocará sua vida, de Jane e de amigos em perigo.
É bastante evidente que o que menos importa em A Lenda de Tarzan é o senso de justiça a ser defendido quando um vilão ganancioso como Leon Rom (Christoph Waltz) está disposto a matar por diamantes e destruir qualquer pessoa, inclusive uma figura ultra humana como Tarzan. Leon não deseja empecilhos e é um mal a ser extirpado, mas a sua vilania não é sustentada por causa do desenvolvimento medíocre do seu personagem, o que representa uma forte lacuna do roteiro.
Gap semelhante é percebido no enredo da história que, infelizmente tem uma dupla de roteiristas inexperientes em sólidos argumentos. Adam Cozad e Craig Bewer não têm muito protagonismo (ou talento) para o desenvolvimento da história, afinal, o que foi priorizado na produção foi uma guerra sem muita violência e sem explorar profundamente os conflitos. O longa evidencia um Tarzan fisicamente bonito e escultural, em boa forma física e que luta pela liberdade da sua esposa. É como o mocinho que irá salvar a princesa! Para não ficar isolado no filme, já que a esposa é refém do vilão, colocaram Samuel L Jackson para alegrar a aventura e que ficou subutilizado, considerando que o que importa são os recursos visuais e as performances heroicas de Tarzan.
Dessa forma, o filme funciona melhor como uma produção que enfoca a figura mítica e fantasiosa do homem das selvas. Todos os recursos imagéticos são bonitos para estilizar e valorizar o homem que volta ao seu verdadeiro lar, tem uma força física sobrenatural, firma sua identidade a partir das memórias da infância e da importância da selva em sua formação. Como um pai que defende a família, ele defenderá o Congo. Antes dele, defenderá Jane, sua musa, daí o caráter épico romântico de Tarzan. De uma forma bem disciplinada, Yates cria uma selva quase surreal, com um ambiente enevoado que lembra o sonho. Desde a palheta de cores escuras, a sofisticação da fotografia, o belíssimo elenco de atores negros até o figurino e os enquadramentos em close da estonteante Margot Robbie que ressaltam o seu aspecto etéreo de musa, definitivamente está em foco a deusa de Tarzan.
Embora seu registro seja estilizado e desprovido de um crível realismo, o filme funciona bem em sua natureza romântica e vale o entretenimento desencanado, tanto que alcançou o ranking brasileiro de bilheterias em seu primeiro fim de semana de exibição com 620 mil expectadores. É uma história bastante idealista e que não coloca em pauta a sangrenta violência na África, mas evidencia valores românticos como o heroísmo, a liberdade e o amor e tudo isso vende bem no Cinema. Ele também reafirma, em variadas situações, o amor de Tarzan por Jane e é este fator que traz motivações e dinamismo à história.
Outros elementos como a armadilha do vilão, pouco estratégica, além da rixa entre Tarzan e o Chefe local Mbonga (Djimon Hounsou) são apenas artifícios antagonistas em cenas para reforçar a importância protagonista de Tarzan , a defesa do lar e de sua vida na selva. Não espere aventuras envolventes e divertidas como Indiana Jones ou um roteiro inteligente como Diamante de Sangue, A Lenda de Tarzan é um bonito romance com Robie e Skarsgard, atores que evocam uma beleza igualmente idealista e atrativa.
Distribuição: Warners Bros Pictures
Estreia nos Cinemas Brasileiros em 21 de Julho de 2016
Sua resenha deste filme é boa. Eu assisti a Lenda de Tarzan e devo dizer que eu gostei muito da história por que não é tão previsível como outras. Foi uma surpresa pra mim, já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. O elenco foi muito bom! Acho que Margot Robie e Christopher Walts foram uma parte importante do excelente filme. Eu também acho que foi um Djimon Hounsou filme muito bom. Sempre demonstrou por que é considerado um grande ator. O seu papel como o líder tribal foi bom. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo.
ResponderExcluirOlá Andrea, obrigada pela visita e ótimo comentário. Eu gostei desse filme pois ele mescla a aventura, o romance e a ação de uma forma menos previsível para um blockbuster.
ExcluirAbraços