Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

À parte dos predicativos visuais da formidável direção de arte de O Imaginário Mundo do Dr. Parnassus , uma narrativa fantástica ao mundo lú...

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus) - 2009



À parte dos predicativos visuais da formidável direção de arte de O Imaginário Mundo do Dr. Parnassus, uma narrativa fantástica ao mundo lúdico da trupe do imortal mágico Parnassus, a fita dirigida pelo ex-Monty Python Terry Gilliam sempre será lembrada como o último filme do saudoso Heath Ledger que faleceu durante suas filmagens. No auge de sua carreira após abrilhantar o Cinema com o inesquecível Vilão Coringa, de Batman - O Cavaleiro das Trevas , Ledger se tornou um jovem mito que continua habitando os sonhos de muitos cinéfilos. Sua morte foi um triste desafio à Gilliam que tinha uma ótima relação com o ator com o qual trabalhou em Os irmãos Grimm, além de ter sido um infórtunio que marcou a carreira de Gilliam com mais um lance de azar. Para concluir a produção e substituir Tony, o derradeiro papel de Heath Ledger, foram escalados Johnny Depp, Colin Farrell e Jude Law que prestaram uma homenagem ao falecido amigo, e tiveram a sorte de realizar uma transição intepretativa menos artificial a qual funcionou como um passe de mágica facilitado pelo surealismo do roteiro.






Ambientado em Londres, o filme narra a história Faustiana do Dr. Parnassus (Christopher Plummer, em excelente atuação), um velho que há milhares de anos atrás fez um acordo com o Diabo, Mr. Nick (Tom Waits) em troca da imortalidade. Como o Diabo não perde lucro em nenhum de seus astutos contratos, Dr. Parnassus tem que entregar-lhe a bela e sonhadora filha Valentina (Lily Cole) quando esta complete 16 anos. Com uma trupe formada pela filha, os assistentes Anton (Andrew Garfield) e Percy (Verne Troyer), Dr Parnassus tem uma vida eterna e fracassada, em nada se beneficia de sua imortalidade. Vive como um velho bêbado e sem vigor, não consegue atrair público em suas apresentações, oculta a verdade de sua filha, sofre com a morte da esposa. Resta a ele negociar novamente com o Diabo por novas almas, tal que impeça que perca a sua filha para sempre. Durante suas idas e vindas na sombria e suja Londres, a trupe encontra o misterioso Tony (Heath Ledger), sedutor, criativo e bom de lábia, que dá uma reviravolta na história. Ajuda a Cia nas apresentações e a conquistar novas almas. Entra no esplêndido mundo imaginário do Dr. Parnassus através de um espelho mágico, porta de entrada para a realização dos mais profundos e surreais desejos. Mas tudo tem um preço nesta fabulosa aventura e nem tudo é o que parece. O Diabo tem esperteza e está à espreita. Valentina corre perigo.






A primeira sublime sensação de
O Imaginário Mundo do Dr. Parnassus é a presença de Heath Ledger. Hipnotizante. Surreal. Nostálgica. É impossível tirar os olhos dele. Como se fosse um ato profético, ele escapa da morte em um triunfal início que chega a ser emblemático; logo mais, em outro momento, está gesticulando como um talento circense a encantar as platéias com seu irresistível charme. Com Ledger em um conto fantástico, o surreal se torna realidade e somos imediatamente impactados pela sua arte interpretativa, saudosa ao extremo, capaz de tocar nossos corações com a dor de sua ausência. Mesmo com as transformações de Ledger em Depp, Farell e Law, é notório como o falecido ator preenchia a tela com uma carismática e única atuação. Além dele, muito do encanto da película é a direção de arte apoiada pela experiência de Gilliam que tem o background de animador, de Monty Python, de cineasta 'que pensa fora da caixa'. Ele cria uma atmosfera pelicular e lúdica, um mundo de milhares de possibilidades imaginativas com desvairados cenários típicos de sua genial criatividade. O cineasta delira na sua inovadora insanidade cinematográfica e isso lhe possibilita um poder de criação ilimitado, alicerçado por uma liberdade artística de quem entrou no set de filmagens para fazer o que gosta e o que acredita. A beleza deste mundo atraí a partir da cenografia e dos figurinos e o desejo mais iminente é usar a tela do Cinema como se fosse o nosso espelho; fato que aproxima o Cinema como espelho dos nossos mágicos sonhos cinematográficos, aproxima de sua função de que, ao entrarmos através uma tela grande, somos projetados a ser parte de um novo mundo de infinitas experiências com a sétima Arte.





Mas nem tudo é parte da imaginação de quem entra através do espelho do Dr. Parnassus, há um senso de tornar palpável a suja e escura Londres que, claramente, faz o contraponto com o colorido mundo do imortal mágico. Enquanto Londres demonstra ser um local frio e úmido no qual as pessoas não se interessam pelo trabalho da trupe, o mundo do Dr. Parnassus é um escape àquele ambiente sem vida, um escape como os sonhos são. Com o espelho, enxergamos o que queremos ver , sentir, vivenciar. Ele é a passagem à imaginação, a fuga do ordinário cotidiano. Igualmente, a direção do elenco é primordial para a qualidade da fita, dado que a seleção deste corpo de atores faz mágica no filme. Todos têm caricaturas verossíméis com os integrantes de uma divertida trupe itinerante: o leal e mandão anão Percy, o jovem Anton apaixonado pela filha do patrão e os vários Tonys e suas espalhafatosas peripécias, todos realizam um trabalho compatível com este universo fantasioso. Ao atar as pontas do lúdico com a realidade dos conflitos morais
, a película evidencia que haverá sempre a luta do bem contra o mal na dualidade de cada caráter. Também não estamos lidando com uma trupe mambembe em um contexto non sense, pelo contrário, como tão próprio dos velhos palhaços, a loucura cômica é mais sana do que imaginamos. Mais adiante, há o livre arbítrio das escolhas, e são os mais íntimos sonhos que, verdadeiramente, se tornam realidade.




Avaliação MaDame Lumière








Título original:
The Imaginarium of Doctor Parnassus
Origem: UK, Canadá, França
Gênero: Aventura, Fantasia
Duração: 123 min
Diretor(a): Terry Gilliam
Roteirista(s): Terry Gilliam, Charles McKeown
Elenco: Andrew Garfield, Christopher Plummer, Colin Farrell, Heath Ledger, Johnny Depp, Jude Law, Lily Cole, Peter Stormare

4 comentários:

  1. Confesso que não curto muito o cinema do Terry Gilliam, mas o seu texto me animou em dar uma chance ao filme.

    Beijos! ;)

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  2. Linda crítica madame. Esse filme e Heath Ledger merecem. acho que esta fita foi imcompreendida. além do que o hype da presença de Ledger relegou a bela história contada ao segundo plano. Apesar do final apressado, O mundo imaginário do Doutor Parnassus é um belo filme.
    Bjs

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  3. Para eu encarar o cinema do Terry Gilliam preciso estar no estado de espírito certo, senão vou achar tudo muito estranho! Então, espero pelo dia em que estarei pronta para conferir "Dr. Parnassus".

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  4. Madame...

    Sem pressa pra me responder... Pode ser no ano que vem mesmo!! rsrs

    Tu tem o meu e-mail?? Não me lembro se eu cheguei a te passar um dia... bom qualquer coisa, eu tenho dois... e.jr.reis@gmail.com e eri_jr_reis@hotmail.com... eu entro nos dois, mas não muito frequentemente!!!

    Sobre o flme... quero muito assistir ainda. Não sou muito fã de circo, mas vale por ser o último filme do Ledger neh?

    Já quero desejar um Feliz Natal pq não sei se eu vou te escrever ainda até dia 25!!! Que o Papai Noel te traga muitos presentes, muita felicidade e sucesso...

    Tu merece tudo de bom Madame!!!
    Te adoro!!
    Bejão

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