Louis Garrel
Um ícone do Cinema Francês pela primeira vez no Brasil. Fascinante!
Texto e fotos por Cristiane Costa
Sabe aqueles momentos com pessoas únicas que passam na vida da gente como um meteoro e nos deixam fascinados com seu charme, educação e carisma? Assim foi a passagem rápida e inesquecível do ator Francês Louis Garrel ontem, 27 de Novembro, no Reserva Cultural em São Paulo para a divulgação e pré-estreia de "Dois amigos" (Les deux amis), seu primeiro longa-metragem como diretor e que entra em cartaz em 03 de Dezembro no Brasil. A história é inspirada na peça "Des Caprices de Marianne" de Alfred de Musset , uma das obras que Garrel conheceu na adolescência, e integrou a seleção da Semana da Crítica do Festival de Cannes 2015.
Conhecido por dramas polêmicos, sensuais e/ou românticos como "Os sonhadores" de Bernardo Bertolucci, "Ma mère" e "Canções de Amor" de Christophe Honoré, Garrel é muito mais do que um ator famoso e filho do cineasta Philippe Garrel. Ele é um artista completo que nasceu e cresceu no universo do Teatro e do Cinema e tem amplo repertório e paixão pelo que faz, além de ter um atraente estilo para campanhas publicitárias na moda e beleza. Seu desafio como diretor só vem a agregar valor à sua carreira e abrir uma nova fase na qual ele pode colocar sua visão narrativa, desta vez, bem mais pessoal, baseadas em escolhas genuinamente autobiográficas como, por exemplo, sua parceria com Honoré para o roteiro de "Dois amigos" que, segundo Garrel, tem uma escrita "muito sentimental e pudica"que lhe agrada bastante e é um excelente roteirista.
Bem vindo à batuta, Garrel!E o MaDame Lumière contará a vocês, cinéfilos queridos, alguns dos melhores momentos durante entrevista à Imprensa.
Em breve, crítica do filme no blog. Acompanhe!
Após quase duas horas de coletiva de imprensa, coordenada pela Imovision, uma das distribuidoras mais comprometidas em trazer excelentes filmes premiados, reconhecidos e de diferentes cinematografias ao Brasil, Garrel apresentou-se como uma pessoa bem humorada, carismática e charmosa. Muito à vontade com jornalistas e críticos de Cinema, trajando um estilo casual com boné e um cigarro eletrônico, ele comentou sobre sua ideia de realizar um "bromance" à Francesa e como aprecia comédias Italianas. Assim é sua estreia na direção de longas, uma dramédia sobre dois amigos, interpretados por Garrel e Vincent Macaigne, que agem como garotos frágeis. Eles se apaixonam pela mesma mulher, Mona, interpretada pela bela atriz Iraniana Golshifteh Farahani ("Procurando Elly e "Rede de Mentiras") e desconhecem o passado desta misteriosa jovem.
Embora a história seja bem simples, o filme entretém por ser descontraído e abordar a amizade masculina de forma despretensiosa, sensível e com determinados elementos que fazem parte das vivências de Garrel. Naturalmente, há uma ótima sinergia entre os atores e os dois amigos encenam com um apelo mais "clown", de homens sentimentalmente vulneráveis. Na maioria das cenas, terão dificuldades de se comunicar apesar do afeto, da lealdade e das diferenças. Garrel disse que "nem sempre tem todas as respostas e então convoca os amigos para conversar", além de lidar com suas angústias, desta forma, a última cena é bastante significativa e uma das suas preferidas. Sobre a escolha do argumento, ele complementa: "Achei legal o público olhar pelo buraco da fechadura a relação entre dois amigos".
Parte do bom resultado é dada também pela amizade e respeito profissional que Garrel tem por Farahani . Ela encarna sua sensualidade e beleza naturais e está bem à vontade em cenas mais expressivas, especificamente nas românticas e sedutoras com Garrel. A exilada atriz vive em Paris e tem participado de novos projetos cinematográficos com a liberdade que jamais encontraria na repressão presente em seu país Natal. Em um dos momentos mais bonitos da entrevista, quando lhe foi perguntado sobre Farahani e o fato dela ter sido expulsa do Irã na época que ela apareceu com os ombros desnudos em uma apresentação de "Rede de Mentiras" em Nova York, Garrel disse: "Falei a ela que agora o Cinema é o seu país".
Apesar da popularização e lançamentos das comédias Francesas no Brasil, "Dois amigos" é um híbrido das comédias Italianas e Francesas, um pouco de romance, obsessão, drama, amizade masculina, tudo junto e misturado. Ainda assim, o jovem diretor incorpora recortes autobiográficos como uma cena da manifestação de 68 em Paris, bem recorrente no cinema Francês e presente em "Os sonhadores", realiza a parceria com Honoré em um texto que tem muito de Honoré, principalmente as hesitações, angústias e sentimentalismos do Amor e a eterna presença de uma França mítica e leve e propositalmente modificada pelo diretor.
Embora tenha muito de Francês no longa, Garrel acredita que "os Franceses não vão ter um boa reputação sobre o seu filme", o que não é surpresa considerando que os Franceses não ultra valorizam o cinema do país e Garrel já está acostumado às cobranças por ser filho de cineasta e sabe bem equilibrar seus papéis como ator, diretor e celebridade do Cinema Francês. Mais adiante, assumiu que não conhece muito sobre o Cinema Brasileiro e que aceitaria uma lista de sugestão de filmes. Por outro lado, conhece "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite", além de ter ouvido bons elogios sobre o trabalho de Wagner Moura.
Despojado e de uma beleza jovial e enigmática, Garrel também fez comentários graciosos quando perguntaram-lhe sobre ser sex symbol e realizar filmes com temática gay. Por incrível que pareça, ele foi modesto e não se acha tão bonito assim. Brincou: "Se você me visse em uma pista de dança, você mudaria de ideia". Também disse: "Sou 100% hétero e 49% gay". E não poderia ser diferente, ele é um sonho Francês para homens e mulheres e MaDame endossa sua beleza e talento. De perto, ele é realmente apaixonante! Vida longa a ele e ao seu Cinema! Merci!
Mais sobre o filme e Garrel na crítica de "Dois amigos"
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