A Origem é concebido no seu cerne a partir de uma idéia de Nolan, que levou 10 anos para elaborar esse roteiro. A idéia era unir a espionagem corporativa com os sonhos; para tal, como exímio argumentista, ele criou uma estrutura lógica dentro do surrealismo do enredo: Entrar nos sonhos de um executivo que herdará um império empresarial e implantar, através do Inception (a inserção) uma idéia para que ele divida a sua corporação, cumprindo, desta forma, o desejo do concorrente. Nesse processo estrutural no mundo dos sonhos, uma equipe liderada por Cobb (Leonardo di Caprio) parte na missão Inception entrando em vários níveis do subconsciente, na qual há regras do que é realidade e do que é sonho, do que deixa os personagens vulneráveis e do que os deixa defensivos, portanto, Nolan torna A Origem um sci-fi palpável, de um heist movie sensível, um suspense arrebatador, uma obra prima multi-gêneros que não limita a mente humana, e muito menos, a capacidade ilimitada do Cinema como criação artística, de reflexão existencial e ressonâncias psíquicas.
Apesar de ser mais uma louvável idéia de Nolan, racionalizar esse argumento construindo uma estrutura lógica de regras para a equipe de Cobb operar não era a única manobra criativa do cineasta, era preciso mover a emoção dos personagens e, principalmente sobre o público. Era preciso coletivizar o sentimento dramático de Inception, aproximá-lo de culpa, redenção, amor, perda, etc., acercar o sonho de uma real experiência humana, somente assim a emoção poderia aflorar na audiência e o sonho ser percebido como um sonho que pode ser o de qualquer um de nós. Tal brilhantismo de Christopher Nolan é tão evidente e reconhecido por quem está sensível à linguagem cinematográfica que, nem mesmo o fato de ele não ter sido indicado ao Oscar de melhor diretor fez com que ele ficasse no limbo. Nolan é o arquiteto do filme dos sonhos cinematográfico (e cinéfilos). Acima de tudo, A Origem é o ponto de vista único de um cineasta que é habilidoso conhecedor da mente humana, uma competência que já havia demonstrado em suas produções Batman - O Cavaleiro das Trevas, O Grande Truque e Amnésia. Ele é capaz de harmonizar a sua habilidade técnica e intelectual com sua sensibilidade e curiosidade e abraçar a psicologia individual e da coletividade, inclusive bebendo da fonte de mestres da Psicanálise como Jung e Freud. Ele insere uma idéia na sétima Arte emanando o poder inovativo e ilimitado da mente humana, a mesma idéia capaz de catalisar a catártica mudança em nós ao assistir esse fantástico longa-metragem e ser impactado por ele por dias e mais dias.
Nolan permanece o cineasta original, criativo, visionário pensador e sofisticado, um desenvolvedor de planos surreais em A Origem para demonstrar que, por trás de uma ficção, de um heist movie que aproxima características de James Bond a film-noir, há uma forte ressonância emocional que massifica o filme despertando a sensibilidade do público em geral, e por conseguinte, sua simpatia. Nesse sentido, o espectador compreende o drama de Cobb e como ele tem que lidar com um peso enorme durante o filme, longe de seus filhos, saudoso de sua esposa, assim como fica intrigado com a intenção do autor. Além disso, os sonhos também são esconderijos do subconsciente dos desejos mais ocultos, um mundo que criamos, no qual construímos para viver uma realidade paralela, mas também um mundo no qual desenvolvemos estratégias de autopreservação. Finalmente, a maior dádiva de A Origem é não precisar escapar do sonho para viver uma emoção real. Em mais uma obra prima de Christopher Nolan não há limites para sonhar, para transformar o sonho em uma realidade, afinal, quando dormimos, somos nós os arquitetos dos nossos sonhos. Quando assistimos a um filme, queremos que o autor compartilhe propriamente o seu sonho cinematográfico, ou seja, o filme que ele criou, a origem de mais um sonho realizado chamado Cinema.
Título original: Inception
Origem: USA, Reino Unido
Gênero: Ação, suspense, Crime, Sci-Fi
Duração: 148 min
Diretor: Christopher Nolan
Roteirista(s): Christopher Nolan
Elenco: Leonardo Di Caprio, Marion Cotillard, Joseph Gordon-Lewitt, Ellen Page, Tom Hardy, Ken Watanabe, Cillian Murphy, Michael Cane, Pete Postlethwaite,Dileep Rao
Interessante analise ... São poucos, porém são tipos de filme como esse que cresce mais no imaginário do espectador por tocar em temas que se fosse com outros, seria um fiasco. Estamos diante de um novo gênio cinematográfico? Eu não sei ... não sou fã dele, mas negar que existem coisas nesse filme que nos deixam a lembrar por que o cinema é tão fascinante ... é de uma burrice sem tamanho.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Oi,
ResponderExcluirObrigada pelo comentário! A Origem exerce um fascínio como Cinema que permite sonhar assistindo ao filme sem considerar o sonho uma experiência à parte da experiência humana, do que está diretamente ligado aos dramas domésticos. Gosto de como ele criou o lúdico com algumas regras, mas gosto do desfecho que está relacionado a uma história pessoal, com esposa, filhos, despedida e retorno ao lar.
Um abraço,
Realmente Madame, ótima análise. Sintetizou ao máximo 'Inception'. Se parar para pensar, "A Origem" é um filme com uma história simples, mas Nolan desenrola esta história de forma tão original e intensa que parece ser algo... fenomenal, maior do que realmente é. E,claro, isso de fato é. "A Origem" é algo de outro mundo... Sei lá, mas acho que Nolan conseguiu fazer o que muitos já pensavam ser impossível: reinventar o modo de se fazer um filme. Em tempos na onde a originalidade é mato, "A Origem' prova que ainda existe uma luz no fim do túnel :)
ResponderExcluirabs.
Madame....
ResponderExcluirSaudade de você!!! Fiquei de te enviar um e-mail e que vergonha!!! Não deu tempo!! Mas era só pra dizer que vou esperar até julho para reabrir o blog, quando acabar meu curso e aí poderei me dedicar mais tempo para ele!!!
Fiquei feliz que esse ano, pela primeira vez, assisti metade dos filmes que estavam indicados ao Oscar antes da cerimônia!! Alguns não passaram na minha cidade! Mas assisti Discurso e Cisne Negro!!!
Tu já sabe que o meu favoritismo era por A Origem, mas depois que assisti Cisne Negro... Senhor... que filme é esse!!! Fui assisitit por indicação tua e não me arrependo um minuto sequer!! Me mijei nas calças!!! Mas vim falar de Inception!!
Considero uma obra-prima, mas tem algumas falhas que eu e os votantes do Oscar tbm não gostaram pelo jeito!! Como a falta de desenvolvimento dos personagens secundários, ou mesmo do DiCaprio!! Sim eu entendi o sofrimento dele, entendi que todo aquele esforço era para poder ver os filhos novamente, mas em nenhum momento realmente simpatizei por ele, ou torci pra que ele conseguisse voltar aos filhos!!! Sem falar no descaso com o talento da Cotlard, uma das minhas atrizes favoritas!!! Acho que, para quem colocou o Coringa e o Batman nas telas, poderia ter feito melhor com Cob e Mal!!
Gênio ele é, pq transformar uma trama simples, num filme complexo daqueles que tu precisa assitir mais de uma vez pra entender não é tarefa pra qualquer um!!! Um dos fatos de eu gostar tanto de A Origem é que eu me senti, primeiro um bobo por ter caído nessa ladainha, e depois um gênio por ter decifrado o código!!! Isso que faz o filme de Nolan ser tão bom, pq, em tempos de imediatismos, ele nos faz pensar e pensar e pensar e no final a gente descobre que é muito mais gratificante estudar uma solução do que encontrá-la pronta!!!!
No final acho que isso compensa qualquer falha, pq a experiência continua sendo gratificante com ou sem coadjuvantes!!! Estou guardando dinheiro pra comprar o DVD, deste e do Cisne Negro!!! heheheh
Bejão Madame!!!
E agora são duas críticas que eu estou aguardando... Cisne Negro e Chicago!! ahahha
Que maldade a minha, sabendo que tu não tem tempo, e eu só colocando pressão aqui!!! hhehehe
Mas eu espero!!! rsrs
Bejão