Indicado a melhor filme no Oscar 2016
Por Cristiane Costa, Owner, Editora e Crítica de Cinema MaDame Lumière e Especialista em Comunicação Empresarial
Dentre
os filmes indicados à categoria de melhor filme no Oscar 2016, certamente
“Spotlight: segredos relevados” é um dos mais completos em virtudes técnicas e
foi concebido e executado para ser objetivo, pragmático e direto ao ponto, sem
firulas, o que lhe garantiu outras indicações como melhor direção (Tom
McCarthy), melhor ator coadjuvante (Mark Ruffalo), melhor atriz coadjuvante
(Rachel McAdams), melhor roteiro original (Josh Singer e Tom McCarthy) e melhor
edição (Tom McArdle). Com tantos
reconhecimentos nas premiações recentes, entre os quais, os prêmios de melhor
roteiro original no BAFTA, melhor filme, roteiro e elenco no Boston Society of
film critics awards e o SAG de elenco excepcional, “Spotlight” revela-se como
um excelente filme sobre investigação jornalística com uma abordagem que
evidencia a importância da liberdade de imprensa e da dedicação ao jornalismo
com qualidade, obstinação e profissionalismo.
A
história é baseada em um recorte cronológico real ocorrido com jornalistas do Boston Globe no começo dos anos 2000 e conferiu-lhes o prêmio
Pulitzer. Eles investigaram casos de pedofilia causados por padres católicos
nos USA. Com um ótimo senso de realismo
e sem apelar para o “drama show” de expor a igreja católica com um approach narrativo muito agressivo, o
diretor Tom McCarthy e o competente elenco formado por críveis atores como
Michael Keaton, Liev Schreiber, Stanley Tucci, Mark Ruffalo, Rachel McAdams etc
entregam um longa que preza por pontos muito fortes: roteiro, edição, direção e
elenco, e faz o público perceber que não há santos debaixo do céu. O perigo do
assédio sexual e toda a violência psicológica que ele causa está em toda a
parte, inclusive nos lugares nos quais as pessoas deveriam estar seguras. Muitas delas são
silenciadas por medo e vergonha.
Este
roteiro, forte competidor a ganhar o Oscar, serve como um bom guia para
retratar uma história investigativa e ele possibilita que o elenco trabalhe de
uma forma ampla e, ao mesmo tempo, particular. Por quê? Porque todos os atores
têm seu lugar ao sol. O desenvolvimento de personagens dá conta dá articulada
interação entre eles e o desencadeamento das situações permite que cada um
brilhe individualmente, muito bem apoiado por uma precisa montagem. Também os
atores trabalham em prol da coerência e coesão da história como um todo. Todos,
sem exceção, tanto que os coadjuvantes foram indicados ao Oscar e com méritos.
Mark Ruffalo encarna tão perfeitamente o jornalista Mike Rezendes, totalmente
focado na busca pela informação e com um sentimento de justiça. Michael Keaton
como Walter “Robby” Robinson tem momentos relevantes para o papel de um
jornalista, principalmente quando a mistura das dimensões pessoal x
profissional resultam em dilemas e erros que nem sempre podem ser contornados
facilmente.
A
força narrativa de “Spotlight” está no que ele propõe como base argumentativa:
a investigação realista e sem máscaras que, pouco a pouco, vai explorando as
situações e provoca um contínuo e sutil mal estar, afinal, pensar que padres molestaram
crianças é um assunto pesado e revoltante. Por Boston ser uma cidade
tradicional nos Estados Unidos com uma comunidade católica, esta história foi
um escândalo, entretanto, McCarthy acerta ao expor como a igreja teve manobras
dissimuladas e cruéis para silenciar as vítimas e afastar os culpados. O pior crime é tratar o crime como algo normal. Era exatamente o que
acontecia com os casos de pedofilia neste ambiente. Padres eram realmente afastados
e acobertados e a sujeira jogada para debaixo do tapete. Embora o roteiro pudesse ter atiçado um
pouco mais a polêmica, seu tom suave e pé no chão é muito eficiente porque o
elenco consegue entregar qualidade na atuação e preencher os espaços que,
porventura, possam dar a impressão de que faltou algo.
Finalmente,
um dos grandes ganhos da experiência da audiência com este filme é observar os
bastidores do jornalismo, mais especificamente de um projeto investigativo de maiores proporções midiáticas e polêmicas no qual o vespeiro é lidar com uma
instituição tradicional e poderosa como a igreja e com crimes que envolvem
crianças. O clima aqui poderia ser muito pesado, mas não é porque o tratamento
do roteiro é objetivo e pragmático. A história ocupa-se de mostrar como os
jornalistas trabalharam com foco, como as responsabilidades foram divididas e as
ideias e dilemas foram compartilhados.
O
filme é um ótimo laboratório em formato audiovisual para analisar a missão
jornalística. O filme traz certa nostalgia para quem é da área e sabe da
importância da pesquisa e da estratégia comunicacional para lidar com tato com
determinadas situações críticas. No passado, o jornalismo era levado mais a
sério e existia uma análise mais profunda e reflexiva frente a um desafio editorial.
Situações como apuração de dados e informações, influências diversas e abertura
à confiança nas abordagens às vítimas, falhas profissionais que
impactam a constante correria e pressão de uma redação e da notícia em primeira
mão são nítidas aqui, portanto, “Spotlight” é necessário a qualquer pessoa que valoriza
este trabalho. Com relação ao Oscar, pode perder o de melhor filme apenas para “O
Regresso” de Alejandro Iñarritu ou “Mad Max: Estrada da Fúria” de George
Miller, seus principais concorrentes.
Eu gostei muito de Spotlight. Pessoalmente desfrutei muito deste filme pelo bom enredo e narrativa. Realmente vale a pena todo o trabalho que o elenco fez, cada detalhe faz que seja um grande filme. É um dos filmes de drama mais interessantes de Michael Keaton além do filme sobre a historia do McDonalds que ele estrenou no ano passado . Você já viu também? Vale muito à pena, é um dos melhores do seu gênero. Além, tem pontos extras por ser uma historia criativa. Se vocês são amantes do trabalho desse ator este é um filme que não devem deixar de ver.
ResponderExcluirOi Andrea, obrigada por mais uma ótima contribuição ao blog. Eu gostei muito de spotlight pois ele tem um elenco bem afiado e é um filme bem articulado no desencadeamento das ações em cena. É como uma jornada na qual existe um ritmo certeiro, que envolve o espectador em uma conclusão que, a qualquer momento, pode nos deixar sem fôlego. Posso dizer que é um filme executado com maestria no sentido da eficiência.
ExcluirEu gosto do Michael Keaton porque penso que ele é um ator verossímil, há um pragmatismo nele que me faz respeitá-lo. Birdman foi um filme que eu gostei bastante de sua atuação, embora há pessoas que não gostam do Iñarritu.
Eu ainda não vi o filme sobre o McDonalds. Vou procurar! Caso você saiba o nome do filme e quiser colocar aqui, agradeço.
Abraços