Ao assinarem o roteiro e a direção do contemporâneo remake de Bravura Indômita, faroeste protagonizado por John Wayne em 1969, os irmãos Coen não fizeram somente mais um filme objetivo, fluído e divertido, mas realizaram uma excelente homenagem a esse clássico e ao gênero western, entregando ao público um filme oxigenado com o frescor e bom humor que somente Joel e Ethan Coen poderiam trazer à sétima Arte. Nessa bela refilmagem, os cineastas se mantém fiéis à literária obra prima de Charles Portis, realizam mais uma sublime parceria com o diretor de fotografia Roger Deakins (de Onde os fracos não têm vez) e contam com um atrativo elenco: Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Broslin e a novata emergente Hailee Steinfield, revelação do Oscar ao ser indicada à melhor atriz coadjuvante com apenas 15 anos de idade.
A película é um excepcional trabalho estético, um exercício de fazer Cinema a partir de imagens fílmicas que dispensam as palavras. A sequência na qual Cogburn carrega Mattie no colo é um exemplo fascinante do poder da imagem. Instantaneamente, a direção dos Coen e a primorosa fotografia de Deakins salvam o remake muito mais do que as atuações que, diga-se de passagem, são boas mas não são espetaculares. A técnica não deixa a emoção em segundo plano, no entanto é a técnica que prevalece, muito consciente. A verdadeira beleza de True Grit é adentrar o espelho que é a estética fotográfica na tela. É bem provável que o filme não teria o mesmo efeito se Deakins não estivesse no comando da direção de fotografia e não tivesse tanta proximidade aos Coen. Observamos suas texturas e cores, somos transferidos para aquele mundo distante, rústico e aventureiro, de homens bêbados e sujos e garotas solitárias e destemidas, compartilhamos da mesma jornada, torcemos pela justiça de uma orfã de pai, simpatizamos por um beberrão de um olho só, nos emocionamos com a indomável superação de Cogburn, cavalgando pela soturna atmosfera que parece não ter fim. A fita desperta emoções a partir dos antagonismos: ele é um misto de realismo e surrealismo, de não ficção e ficção, de vingança pelo preço de duas moedas de ouro e de brincadeira de velho oeste. Só há uma emoção que transita entre os dois pólos: que a punição venha a qualquer custo.
Chances para o Oscar:Merece ganhar o Oscar de Melhor Fotografia para Roger Deakins,categoria que tem mais mérito e oportunidade de ganhar.
Origem: USA
Gênero: Faroeste, Western
Duração: 110 min
Diretor: Joel and Ethan Coen
Roteirista(s): Joel and Ethan Coen
Elenco: Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Broslin, Hailee Steinfield
Um excepcional trabalho estético. Muito bem colocado. Concordo tb que a técnica se sobressaia às atuações.
ResponderExcluirEnfim, um retrato sóbrio e bem ajustado do que é o filme tu colocaste aqui!
bjs
Um bom filme.
ResponderExcluirAh! Adicionei o seu blog no meu.
Abraço e prazer!