Enfretamos situações limites quase todos os dias em uma das naturezas mais selvagens, a humana. Mas como enfrentar sozinho e enclausurado uma situação limite após cair em uma fenda rochosa no Grande Canyon? Como enfrentar o próprio limite, sem água,sem comida, sem qualquer ajuda, lutando pela sobrevivência em meio às lembranças de amores, amigos e familiares? Danny Boyle, premiado diretor de Quem quer ser milionário e o roteirista Simon Beaufoy fecham mais uma parceria de sucesso e colocam energia à essa questão no novo longa-metragem 127 horas, inspirado em surpreendente história verídica do alpinista Aron Ralston. Em Abril de 2003, após partir em uma daquelas viagens radicais e solitárias nas quais não se avisa a ninguém aonde se vai, Aron caiu em um Canyon e teve o braço imobilizado por uma rocha por 5 dias. Parece um episódio inusitado ver um experiente aventureiro em esportes radicais ter a falta de sorte de cair em um buraco, no entanto, aconteceu e 127 horas está aí para provar que essa é uma grande história de superação. Interpretado formidavelmente pelo talentoso ator James Franco, que foi indicado ao Oscar 2011 por essa bela atuação, Aron é herói verídico de um jornada claustrofóbica e dramática, porém contagiante, divertida e delirante.
Com uma direção que tem cara, jeito e vícios de Danny Boyle, 127 horas é um filme que se divide como um longa-metragem de 2 homens só, ou seja, de um lado ele é de Boyle, olhando para o próprio umbigo e entregando uma direção centrada em si mesmo com uma variedade de adjetivações: enérgica, contemplativa, intimista, realista, sentimentalista, ressaltada por grandes manobras comerciais que vão de Pepsi a Gatorade, enfática no uso de trilha sonora e que recorta a tela. Do outro lado, o filme é de James Franco do começo ao fim, carismático, bem humorado e até mesmo apoiado pela sua própria câmera, o que cria uma metalinguagem cinematográfica em cena. Para fugir do clima de aprisonamento e da chatice que seria filmar um homem preso em um buraco, Boyle abusa do detalhismo de objetos e das belíssimas paisagens dos Canyons e harmoniza as cenas com os amorosos devaneios do alpinista em momentos de desespero, solidão, melancolia, humor e superação. James Franco dá vida e muita simpatia a um Aron que, certamente, dá vontade de conhecer pessoalmente.
É inevitável não elogiar 127 horas pelas suas virtudes conciliantes: É um filme claustrofóbico mas enérgico, vivo, bonito. Outra razão de elogiá-lo é muito simples: É uma película difícil de se dirigir porque exige um pouco mais de energia, seja no esforço criativo, seja no detalhismo ao conduzir o olhar em uma única pessoa que está quase imóvel e sem saída. Boyle poderia ter explorado melhor James Franco, mas mesmo assim, o emergente ator carrega o filme nas costas. É importante enfatizar que um filme como 127 horas exige um ator bem preparado, concentrado e, ao mesmo tempo, muito à vontade para criar essa relação emocionante com o público. Mais uma vez, James Franco faz valer o porquê mereceu sua indicação a Oscar de melhor ator. Ele é pura simpatia e envolvimento com o papel e, ainda que a competição na categoria esteja acirrada, ele poderia ganhar esse Oscar.
À princípio, imaginar mais um filme como Enterrado Vivo no qual a personagem sofre as consequências de estar imobilizado pode parecer maçante e desagradável, porém esses filmes têm surpreendido positivamente. É nessa situação claustrofóbica que o alpinista teve tempo de pensar na sua vida, nos seus relacionamentos, comportamentos e no tempo que se dedica às pessoas. O tempo e o que se faz e se fez com ele é relevante. Preso à uma situação limite, Aron tem tempo para beber água, tempo para tomar o banho de sol, tempo para receber a visita de um pássaro, tempo para gravar uma mensagem à família. Aron tem o tempo para refletir que não teve tempo de falar com sua mãe, com a ex-namorada, com o chefe, etc. Ele tem tempo para concluir que não deixou bilhete algum, de dizer 'Eu te amo'. Só falta mais tempo para sobreviver! Situações limites nas quais a morte quer beijar e arrancar-nos a carne é um bom exemplo de como lembranças vêem à tona, e com elas, palavras de perdão, saudades e amor que não foram ditas, pela falta de tempo ou o que seja. Com tudo isso, Boyle e Beaufoy exploram os flashbacks, as memórias, os devaneios e as imagens dos Canyons com os delírios de Aron ganham vida para se concluir que viver é importante, sobreviver e voltar para a casa é muito mais. Para Aron, é bem provável que o viver radicalmente não queria dizer que ele viveu tudo que ele precisava. Ele é um aventureiro, adepto de esportes radicais, um ser livre, mas será que realmente ele convivia com as pessoas que ele amava? Fica a reflexão para as próximas 127 horas.
Chances para o Oscar:
Das categorias para as quais foi indicado, tem mais chances para melhor Ator, melhor edição e melhor canção original. É provável que não ganhe nenhuma delas por conta dos concorrentes pesados à frente.
Avaliação MaDame Lumière 4 estrelas
OI Darling!
ResponderExcluirEu adorei o filme ele é vibrante.
Adoro emoções fortes no cinema!
Bjs.
RODRIGO
Saudades de mais posts seus e de seus lindos comentários!!!
Não assisti ainda a este filme, mas muito me impressiona os elogios que recebeu, especialmente no que diz respeito à atuação do James Franco.
ResponderExcluirPreciso conferir! Estou apenas esperando a estreia do filme no cinema aqui da minha cidade :)
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