#Terror Psicológico #Suspense #Fé #CríticaCurta #CinemaAmericano  #CinemaCanadense #Streaming #PrimeVideo Por  Cristiane Costa ,  Editora ...

Crítica Curta: Herege (Heretic, 2024)




 #Terror Psicológico #Suspense #Fé #CríticaCurta #CinemaAmericano  #CinemaCanadense #Streaming #PrimeVideo


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



O filme parte de uma premissa instigante, ideal para um embate psicológico e moral sobre a essência da fé e a maldade humana, e cumpre essa promessa ao apresentar um personagem sombrio e letal. O que se revela, contudo, é um thriller marcado por um ritmo prolongado e por uma profundidade aparente que nem sempre consegue envolver o espectador, funcionando mais como um espaço de horror do que como ação. Ainda assim, a performance intensa de Hugh Grant e a ousadia em levar o teste de fé ao limite asseguram sua relevância. O resultado é ⭐⭐⭐: um esforço consistente que, com seu desfecho aberto, avança nas ambiguidades da espiritualidade e da mortalidade, sustentando a reflexão.



O Propósito da Crítica Curta
Um panorama direto ao ponto para filmes que merecem sua atenção imediata. A curadoria perfeita para escolher sua próxima sessão de streaming com rapidez e confiança.
 



Imagem Prime Video Amazon. Divulgação.

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#Drama #ComédiaDramática #Trauma #Vulnerabilidade #CicatrizesdeGênero #CinemaAmericano #MulheresnaDireção   #Lançamentos Lançamento de 11 de...

Crítica | Sorry, Baby e A Elegância de Habitar o Próprio Silêncio




#Drama #ComédiaDramática #Trauma #Vulnerabilidade #CicatrizesdeGênero #CinemaAmericano #MulheresnaDireção #Lançamentos


Lançamento de 11 de Dezembro #MaresFilmes #AlphaFilmes



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação





Sorry, Baby, estreia de Eva Victor, surpreende pela delicadeza com que trata um trauma profundo, equilibrando sensibilidade e humor em meio a temas complexos que deixam marcas de deslocamento e solidão. Fenômeno de crítica com 97% de aprovação no Rotten Tomatoes e eleito um dos melhores filmes do ano pelo The New York Times, o longa chega ao circuito brasileiro chancelado por prêmios de roteiro em Sundance e indicações ao Spirit Awards e Globo de Ouro. O projeto consolida Eva Victor como uma das vozes mais potentes do cinema independente contemporâneo e revela uma roteirista de habilidade excepcional.







Agnes surge como uma protagonista magnética que habita ambientes bucólicos, mas cuja vida é atravessada por uma dor silenciada. Em vez de performar o luto ou se entregar ao choro desesperado, ela reage com uma mente intelectualizada: processa o trauma através de reflexões cortantes, risadas inesperadas e uma lucidez que desconcerta. É nessa intersecção entre o ordinário e o trágico que o filme se estabelece como um drama cômico de força universal, capaz de dialogar sobre dores frequentemente invisíveis em um cotidiano marcado pela indiferença.




Na arquitetura desse descompasso, Agnes habita um tempo próprio, um relógio interno que não sincroniza com a insensibilidade coletiva da vida moderna. O roteiro é estruturado em capítulos como um livro, ecoando sua profissão de professora de literatura, e cria uma conexão imediata com o espectador. O humor funciona como ferramenta de humanização: permite que sua fragilidade transpareça sem que ela perca dignidade ou inteligência. Eva Victor, que traz experiências em séries como Billions e Eva vs. Anxiety, revela-se em seu primeiro longa um talento visceral. Sua atuação é simultaneamente dolorosa e divertida, solitária e universal. É nesse equilíbrio que reside o frescor de sua autenticidade: uma mulher brilhante, deslocada e machucada. Por essa entrega, ela desponta como forte candidata ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama.







O ambiente acadêmico, que teoricamente deveria abrigar o ápice do conhecimento e da compreensão humana, revela-se em Sorry, Baby como um espaço de violência velada e de profunda falta de empatia. Através de figuras alienadas que recorrem a desculpas burocráticas para evitar qualquer envolvimento emocional, o filme expõe a crueldade inerente às instituições, onde a competição frequentemente camufla abusos e omissões sistêmicas. Fora das salas de aula, o cenário bucólico não oferece refúgio, mas intensifica uma solidão austera. A escolha de roteiro e direção por uma arquitetura de casas regionais, marcada por uma estética fria e seca, acentua o isolamento de Agnes. É nesses espaços cotidianos, na imobilidade da banheira, no enquadramento da janela e na clausura do carro, que sua solidão ganha contornos físicos. O design de som completa essa imersão, alternando silêncios pesados, gritos contidos e a fragmentação sonora de um ataque de ansiedade para traduzir, com precisão, as oscilações de humor e a dor da protagonista.



Além da entrega visceral de Eva Victor, o filme ganha ainda mais densidade com a excelente atuação coadjuvante de Naomi Ackie. Ela surge como o elo de amizade e empatia, a única voz que se manifesta em genuíno amor pela amiga Agnes. Suas cenas tornam o acolhimento uma atitude palpável de quem realmente se importa, reforçando que a escuta e a presença são gestos transformadores diante da dor silenciada.



O roteiro diferencia-se ao abordar um tema extremamente doloroso sob uma perspectiva feminina que jamais esquecerá o trauma, mas aprenderá a lidar com a dor sendo fiel a si mesma. No mundo contemporâneo, que clama incessantemente por performance e sucesso, Agnes caminha na contramão. Sua trajetória revela uma mulher humilde, cujo “empoderamento vulnerável” traduz uma personalidade autêntica e forte, mas que não esconde suas fragilidades. Esse conceito ganha força ao mostrar que sua coragem está em expor vulnerabilidades sem perder autenticidade. Agnes é tão genuína que nem mesmo sua mente brilhante escapa ao silêncio e à incompreensão. O desfecho, embora claro em sua intenção, deixa marcas realistas para as próximas gerações que, idealmente, aprenderão a escutar mais o outro em vez de ostentar uma força invulnerável que não existe.



Em última análise, Sorry, Baby é um convite ao despertar. Ao expor que todos estamos sujeitos ao silenciamento coletivo, o filme sugere que um mundo mais sensível só é possível através da relação genuína com a dor alheia. Eva Victor não entrega apenas um filme premiado, mas um espelho incômodo e necessário sobre a nossa capacidade de acolhimento. A jornada de Agnes nos ensina que ser fiel à própria vulnerabilidade é, talvez, o ato mais corajoso de resistência diante da indiferença do mundo.








Imagens. Divulgação. Mares e Alpha Filmes.

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  #Drama #Amizade #Traição #Juventudes  #Amadurecimento  #CinemaBrasileiro#FicçãonoCinema #AdaptaçãoLiterária  #BrunoBarreto #LarissaManoel ...

Crítica | Traição Entre Amigas: Além dos Laços da Juventude

 




#Drama #Amizade #Traição #Juventudes #Amadurecimento #CinemaBrasileiro#FicçãonoCinema #AdaptaçãoLiterária  #BrunoBarreto #LarissaManoel #GiovannRispoli #Lançamentos


Lançamento de 11 de Dezembro #ImagemFilmes 



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




O lançamento de Traição Entre Amigas (2025) traz uma estratégia que vai além do apelo comercial imediato. Ao reunir Larissa Manoela e Giovanna Rispoli, o longa capitaliza a lealdade de uma base fiel de fãs que cresceu junto com as atrizes, ao mesmo tempo em que lhes propõe um necessário desafio de maturidade. Para o diretor Bruno Barreto, o cinema é, essencialmente, uma investigação sobre o comportamento humano, o que justifica sua conexão com a obra de Thalita Rebouças. Celebrando 25 anos de carreira, a autora enfatiza que sua parceria com Barreto floresceu pela recusa a visões simplistas; em suas histórias, as pessoas acertam e erram na mesma medida, refletindo a fragilidade da condição humana.  








Para Larissa Manoela, que celebra duas décadas de trajetória, o projeto surge como um marco de validação em territórios decisivos de sua atuação, explorando a humanidade, a feminilidade e uma sensualidade madura. Já para Giovanna Rispoli, encontrar sua personagem foi fundamental para lidar com a complexidade da figura feminina, permitindo-lhe investigar nuances intensas e perturbadoras. Ambas as protagonistas são apresentadas de forma humanizada, onde o erro é compreendido como parte intrínseca da travessia. Essa honestidade narrativa retira o filme do campo das lições de moral e o coloca no território da vivência real e da autodescoberta.  





Foto Acervo MaDame: Coletiva de imprensa  do filme




A dinâmica de amadurecimento ganha uma camada extra de tensão com a presença de Gabriel, interpretado por André Luiz Frambach. Vivendo um personagem mentiroso e machista, o ator constrói um tipo que desperta confiança e repulsa simultaneamente, evidenciando o papel pedagógico do cinema ao expor as engrenagens de amores tóxicos para o público jovem adulto. Ao moldar o papel com valores opostos à sua postura real, Frambach expõe o perigo dos sedutores manipuladores. O elenco é ainda fortalecido por nomes de diferentes gerações, como Guenia Lemos, Otávio Linhares, Dan Ferreira, Gabrielle Joie e Pedro Colombelli, que conferem sensibilidade e solidez ao tom contemporâneo da obra.  





 Escritora Thalita Rebouças completa 25 anos de carreira. Foto divulgação.




Embora o filme mantenha uma doçura pop, as performances assumem uma crueza necessária ao lidar com a dor da separação e os limites das escolhas. A obra equilibra o entretenimento com a realidade ao abordar a sexualidade e os novos vínculos que surgem, como o envolvimento da personagem de Larissa Manoela com a figura vivida por Nathalia Garcia. Além disso, a presença de Emanuelle Araújo, no papel de mãe, consolida um ambiente familiar que precisa processar as transformações dessas novas fases. O roteiro evita o moralismo, focando na quebra abrupta gerada por mágoas que resultam em um afastamento essencial para o crescimento individual.  






Foto pré-estreia. Divulgação.




A geografia do filme atua como elemento narrativo estratégico através da escolha de Curitiba e Nova York como eixos centrais. Bruno Barreto subverte a expectativa visual convencional ao retratar Curitiba em um inverno frio e monocromático, aproveitando o rigor estético de locais como o Teatro Guaíra, a Ópera do Arame e o tradicional trajeto de trem para Morretes. Essa inversão climática, onde o cenário brasileiro assume o frio enquanto o verão floresce no exterior, foge dos clichês geográficos habituais. Esse frescor confere ao longa uma identidade estética mais autoral e sofisticada, próxima de obras que buscam romper com o senso comum e elevar a produção para além do nicho comercial.  





Elenco de muito talento e conexão. Foto Acervo MaDame: Coletiva de imprensa  do filme




Em última análise, a direção de Bruno Barreto conecta de forma harmoniosa o amadurecimento do elenco às complexidades das relações femininas, historicamente marcadas por tensões e competições. No filme, a traição deixa de ser um fatalismo para se tornar um episódio de evolução, sugerindo que a lealdade mais profunda deve começar em nós mesmos. Ao focar nos processos individuais de amores e dores, a narrativa aproxima o espectador de uma experiência empática e autêntica, oferecendo uma mensagem positiva sobre a necessidade de seguir em frente para alcançar uma versão melhor de si.




(3,5)





Imagens. Divulgação Imagem Filmes e Acervo pessoal Coletiva de imprensa.

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  #Drama #CríticaSocial #Cotidiano #Repressão #CinemaIraniano  #CinemadoOrienteMédio #CinemaDenúncia Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogu...

Crônicas do Irã (Terrestrial Verses, 2023)

 




#Drama #CríticaSocial #Cotidiano #Repressão #CinemaIraniano  #CinemadoOrienteMédio #CinemaDenúncia




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Crônicas do Irã: A Vigilância fora do quadro e o Cinema de Denúncia





Crônicas do Irã, dos diretores Ali Asgari e Alireza Khatami, configura-se como um urgente cinema de denúncia, utilizando o humor sutil como arma contra os absurdos do autoritarismo. O filme potencializa a vigilância e a arbitrariedade ao adotar uma escolha estética radical: retira a figura repressora do quadro de visão do público, deixando o cidadão oprimido em situação humilhante e aprisionada. Essa técnica revela que o censor pode ser qualquer um e nem sempre é identificado, reforçando o caráter sistêmico da opressão. Essa escolha estética se soma ao contexto político da obra, que nasce como um ato de resistência. 




O valor intrínseco de Crônicas do Irã reside no fato de que o filme é, em si, um ato de coragem. Filmado inteiramente na clandestinidade, o chamado “cinema de guerrilha”, para driblar a censura oficial do Estado, sua própria existência desafia o autoritarismo. Os diretores enfrentaram proibições de viagem e restrições severas, sendo impedidos de comparecer à estreia mundial em Cannes. A ausência dos criadores no Festival transformou-se em um poderoso protesto silencioso contra a repressão. 










A opção de manter o interlocutor fora de quadro confere ao filme impacto político e psicológico. Essa ausência transmite a ideia de uma omnipresença repressiva que cerca o indivíduo e suas liberdades. Não há diálogo construtivo ou resolutivo com essa figura; os cidadãos passam por interrogatórios como forma de tortura institucionalizada. Eles não podem questionar, pois são julgados de forma arbitrária ou desencorajados a buscar soluções mútuas. Esse recurso visual é um incômodo constante, pois expõe a vulnerabilidade das existências submetidas a uma vigilância ininterrupta.  




Se por um lado a ausência de rosto intensifica a opressão, por outro o humor surge como válvula de resistência. O riso escancara que o que está sendo praticado ali é um absurdo sem sentido. Já que a burocracia teocrática não respeita a vulnerabilidade, a autenticidade e a verdade de cada história, o nonsense do totalitarismo é introduzido com frases que ecoam essa falta de humanidade. Esse riso, portanto, não é gratuito; é uma alternativa política que revela a fragilidade de um sistema que parece invencível.  










O filme consegue costurar as dez histórias curtas de forma coesa, sem dispersar o foco narrativo. Isso ocorre porque há uma unidade estética rígida: a figura de poder sem rosto, fora do quadro, e a câmera estática que observa criam um sistema visual que encurrala o cidadão. Tanto o primeiro plano como o último amarram essas vinhetas, dando um efeito realista e profético ao totalitarismo. Assim, a soma das pequenas injustiças, como regras cotidianas aparentemente banais, atinge o objetivo de mostrar o autoritarismo em escala humana e transversal, com prólogo, desenvolvimento e desfecho coesos.  





O legado de Crônicas do Irã é inegavelmente de coragem e denúncia. Sua criação foi um ato de bravura, pois expõe que, para ações básicas do cotidiano, o cidadão iraniano não tem liberdade dentro de uma ética humanizada. Isso só foi possível com um cinema de guerrilha rodado na clandestinidade e fora da censura, caso contrário, a própria moralidade os prenderia. Por isso, o filme repercutiu tanto em Cannes, espaço consagrado ao cinema de combate que valoriza os temas de Direitos Humanos e liberdades individuais e coletivas. Crônicas do Irã se estabelece como um registro urgente que confronta o totalitarismo.







(3,5)

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  #ComédiaDramática #Drama #Criseexistencial #Amadurecimento #SaúdeMental #CríticaCurta #CinemaArgentino #CinemaLatinoAmericano #Streaming #...

Crítica Curta: Arturo aos 30 (2023)

 



#ComédiaDramática #Drama #Criseexistencial #Amadurecimento #SaúdeMental #CríticaCurta #CinemaArgentino #CinemaLatinoAmericano #Streaming #HBOMax


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



O filme parte de uma premissa perfeita para um olhar íntimo e sem máscaras sobre a crise existencial dos 30, cumprindo ao expor a sensação de fracasso e a fragilidade das relações interpessoais. O que se revela, porém, é um drama marcado por um arco pouco evolutivo e por uma melancolia arrastada, que resulta em uma apatia e o coloca na média. Ainda assim, a atuação e a direção de Martin Shanly sustentam um estilo autoral potente, alinhado ao cinema realista argentino. O resultado é ⭐⭐⭐: um esforço válido que, apesar da execução arrastada, se destaca pela pertinência e pela ousadia em explorar um gênero, a comédia dramática contemporânea, que muitos julgam fácil de fazer, mas que exige verdadeira maestria.



O Propósito da Crítica Curta
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Imagem HBO Max. Divulgação.

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  #Suspense #ThrillerDigital #ThrillerPsicológico #Stalker #VigilânciaOnline #AmeaçaPsicológica#CríticaCurta #CinemaAmericano #Streaming #Pr...

Crítica Curta: Drop - Ameaça Anônima (2025)

 




#Suspense #ThrillerDigital #ThrillerPsicológico #Stalker #VigilânciaOnline #AmeaçaPsicológica#CríticaCurta #CinemaAmericano #Streaming #PrimeVideo


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



O filme tinha a premissa perfeita para um suspense digital claustrofóbico sobre vigilância e a face sombria da ameaça online, mas se contenta com o uso de fantasias que testam a credibilidade da narrativa. O que se observa é um thriller que sofre com baixa verossimilhança em pontos-chave, exigindo que o público abstraia detalhes para sustentar a tensão. Felizmente, a protagonista confere paciência e vulnerabilidade à situação de alto stress. O resultado é ⭐⭐: um entretenimento regular que, ironicamente, encontra seu ponto de diversão justamente nesse exagero facilitado do roteiro, provando que o timing de tensão pode ser esvaziado por um texto fragilizado em sua coerência.



O Propósito da Crítica Curta
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Imagem Prime Video Amazon. Divulgação.

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  #Horror #HorrorGótico #Fantasia #Drama #CinemaAmericano #CinemaLatinoAmericano#LiteraturanoCinema #AdaptaçãoLiterária #CríticaSocial #Rede...

Crítica | Frankenstein: O DNA de Del Toro na Era do Streaming

 



#Horror #HorrorGótico #Fantasia #Drama #CinemaAmericano #CinemaLatinoAmericano#LiteraturanoCinema #AdaptaçãoLiterária #CríticaSocial #Redenção #GuillermodelToro #MaryShelley #Lançamentos #Streaming #Netflix



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




A parceria entre a Netflix e Guillermo del Toro é, por si só, um evento cinematográfico. Frankenstein (2025) surge como uma das grandes apostas do streaming, ostentando o status de superprodução que busca redefinir a fronteira entre o cinema de autor e o consumo massivo doméstico.



A obra rapidamente conquistou a atenção da crítica especializada, garantindo cinco indicações ao Globo de Ouro 2026. Entre as categorias - chave, destacam-se Melhor Filme – Drama, Melhor Direção (para Del Toro), Melhor Ator em Filme – Drama (para Oscar Isaac), Melhor Ator Coadjuvante (para Jacob Elordi) e Melhor Trilha Sonora Original (de Alexandre Desplat). Se os prêmios ressaltam sua relevância industrial, é na estética que Del Toro reafirma sua singularidade, colocando a Netflix no centro do debate sobre o futuro das narrativas de grande escala fora das salas escuras e questionando se a genialidade visual pode prosperar inteiramente sob a égide do algoritmo.



Apesar do formato de superprodução da Netflix, o filme pulsa com o DNA autoral de Guillermo del Toro. O cineasta entrega uma adaptação fiel ao espírito de Mary Shelley, mas marcada por sua assinatura estética. Del Toro mergulha no realismo mágico, no horror gótico e na fantasia com um toque de romantismo e humanidade. Longe de se render ao formato genérico de “evento de streaming”, a obra utiliza o grande orçamento para amplificar, e não diluir, sua visão, provando que a alma do autor pode sobreviver ao algoritmo.








É impossível abordar Frankenstein sem considerar a vasta tapeçaria de adaptações que o precedem. Desde a versão icônica de James Whale nos anos 30 até as releituras modernas, a Criatura e seu criador fazem parte do inconsciente coletivo. O que Del Toro faz, porém, é dialogar com essa tradição, honrando-a com o drama gótico clássico e reescrevendo-a com sua paleta de cores e humanismo. Ao situar a história sob a chancela da Netflix, garante que a profundidade de Mary Shelley sobre a responsabilidade do criador e os limites da ciência seja revisitada por uma audiência global sem precedentes.



Essa reflexão ética encontra sua expressão visual na estética gótica. O Doutor Victor Frankenstein, vivido por Oscar Isaac, é movido por um interesse obsessivo e doloroso, enraizado em traumas de infância. Ao criar a Criatura, ele a condena à dor da imortalidade e da solidão. Guillermo del Toro transcende a ideia da criatura como ser malévolo. Seu Frankenstein, belamente interpretado por Jacob Elordi, é a prova de que a crueldade reside no egoísmo humano, tornando a Criatura a vítima mais sensível e trágica da história.








A estética gótica, marca autoral de Del Toro, atinge aqui uma arte majestosa e levada ao extremo. Isso se revela nos figurinos quase oníricos de Elizabeth, interpretada por Mia Goth, e no laboratório de Victor, que se move entre penumbras, ciência e sangue. Essa ambientação potencializa a dualidade da Criatura, cuja perfeição escultural contrasta com sua alma dilacerada. A melancolia e o drama são amplificados pela trilha sonora de Alexandre Desplat, que confere à narrativa uma dimensão épica e romântica.



O elenco estelar e de alta qualidade interpretativa dá voz a um dos clássicos mais dramáticos da literatura. Oscar Isaac e Jacob Elordi exibem uma química palpável, elevando o drama para além do gênero. Isaac traduz a obsessão e a tragédia de Victor, enquanto Elordi humaniza a Criatura em sua busca por identidade. A essa dinâmica se somam Christoph Waltz, como o ambicioso Heinrich Harlander, que encarna a crítica à exploração da ciência por interesses gananciosos, e Mia Goth, no papel de Elizabeth, cujo olhar moral é o contraponto da obra. Juntos, compõem um mosaico interpretativo que sustenta a densidade dramática e filosófica da narrativa.








A ressonância de Frankenstein não se limitou às indicações do Globo de Ouro. O filme foi celebrado em festivais de prestígio, elogiado por críticos por sua audácia visual e pelo refinamento das atuações. Ao mesmo tempo, conquistou rapidamente o público da Netflix, tornando-se um dos títulos mais consumidos da plataforma. Essa aclamação dupla confirma que há um apetite global por narrativas de grande escala que não sacrificam a complexidade ética e estética em nome do entretenimento imediato.



A adaptação de Del Toro é relevante não apenas para o streaming, mas para o próprio conceito de cinema contemporâneo. Com o talento excepcional do diretor, o filme dificilmente poderia ser algo abaixo do excelente. Frankenstein é um blockbuster de autor que revela que a verdadeira monstruosidade é a ambição e a arrogância humanas. Para além do perdão e da redenção, o filme deixa uma reflexão fundamental: ao provar que densidade artística pode ser um sucesso global de audiência, Del Toro impõe um novo padrão de qualidade para o streaming, elevando o patamar do que deve ser considerado cinema no conforto do lar. A glória desta adaptação reside em demonstrar que grande arte e grande audiência podem, e devem, coexistir, um triunfo que reafirma o poder da sala escura mesmo quando transposto para a tela doméstica.










Imagens Créditos Netflix. Divulgação.

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Crítica Curta: Rebel Ridge (2024)

 




#Suspense #Thriller #Ação #CríticaCurta #CinemaAmericano  #Corrupção #Streaming #Netflix


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O filme tinha a premissa perfeita para um suspense de ação ético sobre corrupção policial, mas se contenta com uma execução lenta e antagonistas pouco desenvolvidos. O que se observa é uma narrativa que sofre com o convencimento desnecessário e a superficialidade do jogo político, perdendo a chance de mergulhar na profundidade sociopolítica que o tema exige. Ainda assim, Aaron Pierre confere carisma ao protagonista e estabelece uma confiança que sustenta o interesse do público. O resultado é ⭐⭐⭐: um esforço válido que mostra evolução na Netflix, mas ainda represado por escolhas superficiais e intenções contidas.



O Propósito da Crítica Curta
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Imagem Netflix. Divulgação.


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  Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Recentemente, o cineasta Kleber Mendonça Filh...

Crítica | O Embate entre o Algoritmo e a Sala Escura: Um Manifesto de Resistência

 





Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Recentemente, o cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de O Agente Secreto, rebateu de forma contundente as declarações do co-CEO da Netflix sobre a hegemonia do streaming. Mendonça Filho foi claro: “o streaming é uma nova e espetacular forma de ver filmes, mas não pode ter o poder de acabar com a cultura da sala de cinema”. Para ele, são as salas que constroem a história duradoura de uma obra, lembrando que nada substitui a experiência física e coletiva. Sua fala não é apenas técnica, mas um alerta urgente sobre como o ecossistema do entretenimento está sendo moldado para enfraquecer a experiência comunitária em favor da comodidade algorítmica.



A cultura digital trouxe uma dualidade irreversível. Se por um lado democratizou o acesso, por outro consolidou uma lógica de consumo rápido e acomodado. Vivemos sob o império das iscas de engajamento, onde a gratificação imediata reduz a capacidade crítica. Algoritmos que recomendam conteúdo sem curadoria fragmentam a atenção e corroem o valor da sala escura. O público questiona o custo financeiro e social de ir ao cinema frente à facilidade dos catálogos, que ironicamente agora incluem anúncios reminiscentes de distopias televisivas. O risco de a sala perder espaço para o desinteresse algorítmico é uma realidade sistêmica que ameaça a alma da sétima arte.



Essa lógica se reflete também nas janelas de exibição, cada vez mais estreitas por interesses econômicos. A escassez de salas não comerciais e a voracidade das plataformas em disponibilizar conteúdo instantaneamente criam uma confusão estrutural. O exemplo de Frankenstein, de Guillermo del Toro, ilustra bem: um lançamento limitado competindo simultaneamente com o catálogo digital revela uma estratégia puramente econômica, não curatorial. O resultado é um mercado em que janelas curtas sabotam distribuidoras e exibidores, tornando a sala física um elo frágil na cadeia de valor do cinema.



Ir ao cinema, além disso, tornou-se um evento de luxo. Os custos de ingressos, alimentação e transporte, somados ao desgaste causado por comportamentos inadequados de alguns espectadores, criam barreiras sociais e educacionais. Muitos preferem o conforto doméstico por economia pessoal. Entretanto, o paradoxo se revela ao olharmos para o teatro. Embora caro, preserva sua lotação por ser uma experiência impossível de replicar no digital. Isso nos obriga a questionar se o cinema, ao render-se à lógica do sofá, não está sacrificando sua própria aura de evento imperdível.



O efeito colateral dessa lógica é a erosão do filme de orçamento médio. O mercado privilegia o blockbuster monumental, empurrando obras autorais para festivais e plataformas digitais. O risco final é a atrofia da capacidade analítica. Sem o hábito da descoberta na sala escura, o público se rende à hegemonia algorítmica que recomenda apenas o previsível. Perdemos o mergulho nas relações humanas ao esquecer que o que nos conecta às histórias são as emoções, algo que nem mesmo a inteligência artificial, por mais sofisticada que seja, é capaz de replicar.



Não adianta procurar culpados isolados. A provocação central é: estamos nos rendendo ao conforto doméstico mesmo tendo condições de vivenciar a sala escura? Se sim, o problema não é apenas econômico, mas cultural e político. O cinema precisa de porta-vozes e de um público que o abrace com consciência. Ir ao cinema é um ato de resistência social, cultural e política. Nada substitui esse encontro magistral entre luz e sombra, entre legado e continuidade. É na catarse coletiva que nos conectamos com nossa essência humana. Defender a sala de cinema é preservar o espaço onde a vida e a arte se fundem em sua forma mais pura, um ritual que não pode ser abandonado.




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  Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação As recentes marchas que tomam a Avenida Paul...

Cinema vs Série | Ângela Diniz em Duas Telas: Espelhos de uma Tragédia

 




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




As recentes marchas que tomam a Avenida Paulista e ruas de todo o Brasil, com o grito uníssono de mulheres exigindo o direito de permanecer vivas, não são apenas manifestações políticas: são atos de sobrevivência. Nesse cenário de urgência, o Cinema e a TV assumem um papel vital ao expor a face símbolo e maléfica de uma ordem social masculina que insiste em controlar corpos e destinos.



Ao revisitar a tragédia de Ângela Diniz através de duas produções distintas, somos forçados a encarar como a violência de gênero é meticulosamente construída e silenciada pelo sistema. Mais do que biografia, essas obras funcionam como denúncia do cerceamento da autonomia feminina, lembrando que a luta de 1976 ainda ecoa nas trincheiras cotidianas das mulheres de hoje.



As interpretações de Isis Valverde e Marjorie Estiano divergem conforme as escolhas de roteiro e direção de cada obra. No longa-metragem dirigido por Hugo Prata, Isis foca no isolamento psicológico e na melancolia de uma Ângela afastada da filha e confinada em Búzios sob o controle sufocante de Doca Street, vivido por Gabriel Braga Nunes.



Já a série da HBO Max com direção de Andrucha Waddington permite que Marjorie explore o magnetismo social e a energia solar de Ângela. Sua performance exala a liberdade que, ironicamente, serviu de gatilho para o ódio de seu algoz, interpretado por Emílio Dantas. Enquanto Isis entrega uma camada vulnerável e melancólica, Marjorie personifica a mulher livre que se recusa a se submeter às convenções sociais. Ambas entregam trabalhos excepcionais ao humanizar uma figura atravessada por uma sociedade que, em 1976, não oferecia redes de apoio a mulheres que ousavam romper silêncios.



Na construção do antagonista, o poder masculino ganha facetas distintas, porém igualmente sufocantes. No cinema, Gabriel Braga Nunes vive um Doca Street com personalidade marcante e charme social, focado em demandas profissionais que deixam Ângela em uma solidão de espera, mas que revela uma agressividade sedutora e perigosa.



Já a versão da HBO Max, vivida por Emílio Dantas, apresenta um homem desagradável e antipático desde o primeiro contato. É um perfil antissocial, cuja agressividade é extrema e perturbadora, já marcado por um histórico de rompimento traumático com a ex-esposa. Embora as visões sobre o vilão divirjam, entre a sedução do cinema e o asco imediato da série, ambos se tornam insuportáveis na tela ao minarem a autonomia de Ângela. O ciúme e o controle obsessivo se repetem, provando que, independentemente da máscara, a violência estrutural busca sempre o mesmo fim: a supressão da voz feminina.



A estética do confinamento utiliza o cenário da Praia dos Ossos como uma poderosa metáfora para o cerceamento da liberdade. No cinema, o local é apresentado inicialmente como uma promessa de recomeço para o casal vivido por Isis Valverde e Gabriel Braga Nunes. Contudo, o que deveria ser um refúgio revela-se gradualmente uma prisão isolada, onde Ângela é privada de interações sociais.



Já na série da HBO Max, o contraste é mais drástico. A narrativa expõe a vida vibrante de Ângela no Rio de Janeiro para, em seguida, mergulhá-la na clausura imposta por Emílio Dantas. É aqui que as obras escancaram um dos sinais primordiais de um parceiro tóxico: a tentativa deliberada de afastar a mulher de sua rede de apoio, familiares e amigos. Infelizmente, muitas mulheres confundem esse afastamento forçado com demonstrações de amor ou cuidado, entrando inadvertidamente em um jogo de controle. O agressor instrumentaliza a geografia de Búzios para silenciar Ângela, provando que afastar a mulher de quem a protege é a etapa fundamental para a dominação absoluta.



A série da HBO Max mergulha com profundidade no tribunal da imagem que se seguiu à tragédia, revelando uma sociedade dividida e, em grande parte, cúmplice do algoz. Por ser uma mulher libertária que ousou separar-se, morar sozinha e desafiar convenções sobre a guarda dos filhos, Ângela foi pré-julgada por uma burguesia que não admitia sua autonomia.



A produção destaca a figura do advogado de defesa Evandro Lins e Silva (Antonio Fagundes), que orquestra o assassinato de reputação da vítima para atenuar a culpa de Doca Street, um reflexo nítido de como a branquitude e o status social operam para blindar o agressor. Mesmo vinda de uma família influente, Ângela morreu em uma solidão imposta pela violência, sendo posteriormente julgada por uma sociedade que preferiu condenar sua conduta moral a encarar a barbárie do feminicídio. Esse processo ecoa nos linchamentos virtuais de hoje, onde a narrativa do algoz ainda é usada para silenciar a dor e o direito à vida de mulheres que se recusam a caber em padrões servis.



Historicamente, é imperativo notar o abismo entre a cobertura da imprensa em 1976 e a reinterpretação proposta por Duda Almeida (roteirista do filme) e Elena Soárez (roteirista da série). Se na época o caso foi enquadrado sob a ótica sensacionalista da “legítima defesa da honra”, as produções atuais deslocam o foco para o feminicídio estrutural. Tecnicamente, cada obra constrói essa atmosfera de forma distinta: o cinema aposta em fotografia saturada e ritmo de suspense clássico para chocar, enquanto a série da HBO Max utiliza uma trilha sonora que evoca a efervescência dos anos 70 em contraste com a frieza do bunker psicológico de Búzios. Essa diferença de linguagem é vital, pois o fôlego da série permite desdobrar a rede de fofocas e o isolamento social com densidade que o filme, em sua brevidade impactante, apenas sugere.



Sob o olhar contemporâneo, ambas as obras deixam de ser meras reconstituições para se tornarem ferramentas de debate sobre a urgência de leis e políticas públicas efetivas. Elas dialogam com o público atual ao expor que o padrão de silenciamento e a manipulação da imagem da vítima permanecem como heranças nefastas. A dimensão pedagógica se amplia quando percebemos que o tribunal da internet herda vícios do tribunal conservador da década de 70. Ao dar visibilidade ao que antes era invisibilizado pelo privilégio masculino, cinema e streaming contribuem para uma reeducação do olhar, essencial para que as novas gerações que hoje ocupam a Paulista não aceitem retrocessos nas representações femininas e na defesa da vida.



O legado pedagógico das obras reside em expor uma dinâmica social em que o homem é historicamente poupado de suas responsabilidades, seja pela superproteção do sistema ou pela incapacidade de lidar com mulheres fortes. A série da HBO Max, por ter maior tempo de tela e uma direção de época superior, destaca-se como o produto mais interessante ao permitir que Ângela seja lembrada não apenas como uma vítima melancólica, mas em sua plena alegria de viver.



Ambas as produções são válidas para observar os comportamentos masculinos que ressoam como feridas abertas na contemporaneidade, mas é a série que melhor humaniza o lado exuberante da personagem que tanto incomodou o sistema. O veredito final reafirma: a verdadeira conexão se constrói na escuta e na autonomia, lembrando às futuras gerações que a luta nas ruas precisa ser acompanhada por leis que impeçam que a insegurança masculina destrua a felicidade feminina.








Cotação média: 2,5 estrelas para o filme e 3,5 estrelas para a série. 




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