Vencedor Oscar 2020: melhor ator coadjuvante para Brad Pitt
e melhor design de produção
e melhor design de produção
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Temos que reconhecer aqui que Era uma vez... Hollywood (Once upon a time... Hollywood, 2019), recente longa de Quentin Tarantino é uma fantástica viagem no tempo e uma genial homenagem à Americana indústria de TV e Cinema . Para essa jornada cômico dramática recheada de reviravoltas e boas doses de melancolia, humor ácido e violência gráfica, o diretor escalou dois dos melhores atores para essa recriação da Hollywood dos anos 60: Leonardo DiCaprio e Brad Pitt. O primeiro acerto da produção começa por eles, acrescido por roteiro e direção muito sólidos que convergem o que Quentin Tarantino valoriza em seus trabalhos: conhecimento cinéfilo sobre o Cinema e a indústria, storytelling do seu próprio jeito e com forte metalinguagem e o violento e bem humorado de sua filmografia.
Assim como Pedro Almodóvar realiza em "Dor e Glória", Quentin Tarantino também faz um filme levemente melancólico que utiliza o tempo como protagonista da viagem narrativa. Esse elemento temporal tem muito a dizer sobre o diretor, o contexto e suas reflexões após longa carreira. Embora filmes bem distintos, são produções de cineastas com estilos muito bem marcados e levam a entender como reflexivos de um crise criativa na qual cada diretor repensa sua trajetória e o Cinema. Felizmente, eles recuperam na tela muito de sua autoria cinematográfica, muito madura em escolhas na linguagem empregada, na qual esta dinâmica do tempo tem um papel fundamental na qualidade da obra. O resultado é impressionante e evidentemente belas homenagens ao Cinema e sua potência narrativa.
Também temos que observar e aplaudir essa dimensão temporal na prática. A edição é muito bem realizada ao longo de 160 minutos de projeção. É uma montagem extensa, porém bem projetada para uma experiência única ao espectador. A sensação é de ter realizado uma imersão na história, como se despregar do tempo cronológico real e entrar absurdamente no tempo da narrativa cinematográfica. A experiência se torna espetacular e só ressalta que Quentin Tarantino realizou um dos melhores filmes de 2019 e merecidamente recebeu indicações no Oscar, Globo de Ouro e BAFTA 2020. Além da vitória de Brad Pitt nas três premiações como melhor ator coadjuvante, o longa ganhou melhor filme cômico ou musical e melhor roteiro no Globo de Ouro.
Não se pode esquecer de mencionar aqui que a recriação de Hollywood passa por vários detalhes da enciclopédia cinéfila que Quentin Tarantino representa, e são muito bem reinventados em cena pelo design de produção orquestrado por Barbara Ling , além do fiel diretor de fotografia Robert Richardson que já trabalhou com Tarantino em filmes anteriores. O Oscar à Ling só vem a reforçar a qualidade dessa recriação.
No centro da narrativa, temos a dupla Rick Dalton(Leonardo diCaprio) e Cliff Booth (Brad Pitt) que, em uma relação mista de chefe x empregado e de amizade tem uma química incrível para a perspectiva cômico dramática da história, já que cada um vive uma crise pessoal e profissional, portanto, um alimenta o resto da autoestima e do ego do outro. Dalton é um ator cowboy de TV já em declínio e com altos e baixos e que busca renovação através do Cinema. Booth é um dublê experiente que representa a não valorização da classe, ocupando seu tempo em pequenos favores a Dalton, circular pela cidade, cuidar do próprio Rottweiler e o ócio. Ele é como um capataz, aparentemente tranquilo mas uma bomba relógio em situações críticas. Em umas sequências mais extraordinárias, Cliff Booth visita um rancho abandonado, surge como um cowboy estrangeiro e provoca o estranhamento e incomodo dos esquisitos do local, entre eles, a atriz Lena Dunham (da série Girls) que interpreta uma hippie sem teto.
Além do excelente e premiado roteiro fazer a diferença, Tarantino é um reconhecido roteirista de mão cheia. Nesse aspecto, ele acrescenta outras formas de recriar fatos ao contextualizar essa história em uma época também macabra que entra em choque com o clima glamouroso de Hollywood. Assim, o público é levado à época dos crimes macabros de Charles Mason, elemento que oferece um estranho suspense à história em torno da presença da belíssima Sharon Tate (Margot Robie), assassinada na Drive Cielo. Tanto ela como Roman Polanski (Rafal Zawierucha) são vizinhos de Rick Dalton que considera um glamour se aproximar dessa "gente de cinema" que na ocasião não era tão de cinema assim. Tarantino consegue jogar bem com a narrativa cômico dramática que representa essa crise de Dalton e que, essencialmente, é uma crise que muitos Hollywoodianos passaram e continuarão a passar.
Assim como Pedro Almodóvar realiza em "Dor e Glória", Quentin Tarantino também faz um filme levemente melancólico que utiliza o tempo como protagonista da viagem narrativa. Esse elemento temporal tem muito a dizer sobre o diretor, o contexto e suas reflexões após longa carreira. Embora filmes bem distintos, são produções de cineastas com estilos muito bem marcados e levam a entender como reflexivos de um crise criativa na qual cada diretor repensa sua trajetória e o Cinema. Felizmente, eles recuperam na tela muito de sua autoria cinematográfica, muito madura em escolhas na linguagem empregada, na qual esta dinâmica do tempo tem um papel fundamental na qualidade da obra. O resultado é impressionante e evidentemente belas homenagens ao Cinema e sua potência narrativa.
Também temos que observar e aplaudir essa dimensão temporal na prática. A edição é muito bem realizada ao longo de 160 minutos de projeção. É uma montagem extensa, porém bem projetada para uma experiência única ao espectador. A sensação é de ter realizado uma imersão na história, como se despregar do tempo cronológico real e entrar absurdamente no tempo da narrativa cinematográfica. A experiência se torna espetacular e só ressalta que Quentin Tarantino realizou um dos melhores filmes de 2019 e merecidamente recebeu indicações no Oscar, Globo de Ouro e BAFTA 2020. Além da vitória de Brad Pitt nas três premiações como melhor ator coadjuvante, o longa ganhou melhor filme cômico ou musical e melhor roteiro no Globo de Ouro.
Não se pode esquecer de mencionar aqui que a recriação de Hollywood passa por vários detalhes da enciclopédia cinéfila que Quentin Tarantino representa, e são muito bem reinventados em cena pelo design de produção orquestrado por Barbara Ling , além do fiel diretor de fotografia Robert Richardson que já trabalhou com Tarantino em filmes anteriores. O Oscar à Ling só vem a reforçar a qualidade dessa recriação.
No centro da narrativa, temos a dupla Rick Dalton(Leonardo diCaprio) e Cliff Booth (Brad Pitt) que, em uma relação mista de chefe x empregado e de amizade tem uma química incrível para a perspectiva cômico dramática da história, já que cada um vive uma crise pessoal e profissional, portanto, um alimenta o resto da autoestima e do ego do outro. Dalton é um ator cowboy de TV já em declínio e com altos e baixos e que busca renovação através do Cinema. Booth é um dublê experiente que representa a não valorização da classe, ocupando seu tempo em pequenos favores a Dalton, circular pela cidade, cuidar do próprio Rottweiler e o ócio. Ele é como um capataz, aparentemente tranquilo mas uma bomba relógio em situações críticas. Em umas sequências mais extraordinárias, Cliff Booth visita um rancho abandonado, surge como um cowboy estrangeiro e provoca o estranhamento e incomodo dos esquisitos do local, entre eles, a atriz Lena Dunham (da série Girls) que interpreta uma hippie sem teto.
A premiação de Brad Pitt é uma das mais justas da temporada em virtude de que a história é bem mais interessante com seu personagem coadjuvante. Pitt consegue dar uma dimensão bem autoral ao personagem, ao mesmo tempo, expressa um humor pseudo tranquilo e uma lealdade excepcional a Dalton. É um cara natural, tipo um cowboy eficiente e desconfiado, com o qual o espectador pode simpatizar facilmente mesmo que Booth não se esforce tanto para isso. Em várias cenas, esse personagem desconfia do que está à sua volta, dessa Hollywood aparentemente cool e glam, e com isso, ele passa a ser um coadjuvante chave para ver além da superfície do olhar. Brad Pitt demonstra bastante liberdade e espontaneidade nessa atuação, com um charme fora de série que é reforçado com toda a composição de figurino, maquiagem, design de produção e fotografia da época, que valoriza as nuances retrô e fashion.
Muito mais do que belos, loiros e talentosos, Brad Pitt e Leonardo DiCaprio funcionam bem juntos, tem uma parceria com toque de insanidade que, a qualquer momento, pode explodir em violência e descontrole emocional, além da admiração e bom humor de certas cenas. Basta lembrar que Di Caprio fez muito bem o Jordan Belfort (de O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese) e Calvin Candie (de Django Livre, de Quentin Tarantino), além de Pitt ter arrasado como Aldo Raine em Bastardos Inglórios. Todos esses personagens passados são boas referências para reforçar como Dalton e Booth cairam como uma luva para os atores.
Muito mais do que belos, loiros e talentosos, Brad Pitt e Leonardo DiCaprio funcionam bem juntos, tem uma parceria com toque de insanidade que, a qualquer momento, pode explodir em violência e descontrole emocional, além da admiração e bom humor de certas cenas. Basta lembrar que Di Caprio fez muito bem o Jordan Belfort (de O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese) e Calvin Candie (de Django Livre, de Quentin Tarantino), além de Pitt ter arrasado como Aldo Raine em Bastardos Inglórios. Todos esses personagens passados são boas referências para reforçar como Dalton e Booth cairam como uma luva para os atores.
Além do excelente e premiado roteiro fazer a diferença, Tarantino é um reconhecido roteirista de mão cheia. Nesse aspecto, ele acrescenta outras formas de recriar fatos ao contextualizar essa história em uma época também macabra que entra em choque com o clima glamouroso de Hollywood. Assim, o público é levado à época dos crimes macabros de Charles Mason, elemento que oferece um estranho suspense à história em torno da presença da belíssima Sharon Tate (Margot Robie), assassinada na Drive Cielo. Tanto ela como Roman Polanski (Rafal Zawierucha) são vizinhos de Rick Dalton que considera um glamour se aproximar dessa "gente de cinema" que na ocasião não era tão de cinema assim. Tarantino consegue jogar bem com a narrativa cômico dramática que representa essa crise de Dalton e que, essencialmente, é uma crise que muitos Hollywoodianos passaram e continuarão a passar.
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Saudações cinéfilas,
Cristiane Costa, MaDame Lumière