Mais um ano, tive o privilégio de acompanhar o Festival de Cinema Francês, um evento que traz o que há de mais moderno e inédito na Cinematografia Francesa e ocorre em várias cidades do país. Se há um evento de Cinema que me faz bem, esse é o Varilux por duas simples razões: Não é um festival afetado por algumas n pessoas que são do Cinema ou da Imprensa e agem como semi-deuses. Você chega lá e aprecia como um ser comum, se quiser até com cara de blasé, o seu cineminha e ainda tem o privilégio de encontrar uma audiência mais educada que ficará quieta e não vai fazer aquele barulho insuportável durante a sessão. Outro motivo é o melhor: assistir filme francês é sempre divertido. De repente, o filme te tira daquele cotidiano chato, te leva para Paris ou outra região da França e sua vida parece Francesa por algumas horas. Você começa a rir como um francês e acha tudo aquilo um relaxante entretenimento. Além disso, até o mais dramático dos filmes, há um certo humor trágico, aquele que aceitamos por sermos humanos demais. É bom demais! Adoro esse vigor contemporâneo do cinema Francês.
Como uma cinéfila que faz alguns sacrifícios de tempo e dinheiro, arrumei um espaço na agenda, selecionei 8 filmes de minha preferência e fui lá na Região da Avenida Paulista. Esse ano, em São Paulo, só 4 Cinemas apresentaram o Festival, o que acho pouco para uma cidade como São Paulo, mas isso já é outra história delicada, a da distribuição e da espera pelo lançamento do filme na estreia oficial, tudo isso faz parte de curtir Cinema no Brasil, há que ter paciência. No geral, o Festival foi bom e não tenho do que reclamar, salvo que poderiam ter colocado algumas sessões como a de Antes do Inverno e a de O passado em salas maiores, como por exemplo, colocar essas sessões na sala 2 do Cine Livraria Cultura é um desperdício e os ingressos se esgotam rapidamente, além disso, as entrevistas realizadas na sala 1 do Cine Livraria Cultura tem que ocorrer com a luz ligada. O público mal consegue ver a cara do artista ou tirar uma foto boa, como foi o caso da entrevista de Isabelle Huppert. Também penso que o Festival tem que criar um mecanismo de comunicar melhor a riqueza cultural do Cinema Francês, uma lacuna que ocorre muito com o Cinema de Arte ou mais cult em um país no qual as pessoas tem mais acesso ao blockbuster. A impressão que tenho é que somente quem é muito apreciador de Cinema ou da língua Francesa é que frequenta esse tipo de evento.
Desta vez e, modéstia de Madame à parte, tive ótimo bom gosto e escolhi filmes agradabilíssimos, sobre os quais falarei a respeito em outros posts: Um amor em Paris (de Marc Fitoussi) e uma Relação delicada (de Catherine Breillat), com Isabelle Hupert, Antes do Inverno (de Philippe Claudel), Lulu, nua e crua ( de Solveig Anspach), O Passado (de Asghar Farhadi), Eu, mamãe e os Meninos ( de Guillaume Galliene, da Commedie Française e vencedor do Cesar), Yves Saint Laurent (de Jalil Lespert) e uma viagem extraordinária (de Jean-Pierre Jeunet). Não assisti em tela grande Os incompreendidos de Godard, um dos homenageados do Festival; com certeza, uma heresia, mas nem tudo é perfeito na vida. De todos os filmes, os imperdíveis que você tem que assistir quando estrearem é: O Passado, Eu, mamãe e os meninos, YSL e uma viagem extraordinária. Asghar continua um diretor que entrelaça o expectador em um cenário de conflito familiar e moral, que a tendencia é o público ficar pensando naquela história por dias. Galliene é fantástico com um tino para o cômico e o dramático com muita versatilidade, trabalhando bem tanto em Eu, mamãe e os Meninos como em Yves Saint Laurent. Por falar nesse último, ele é de uma beleza plástica e emocional, com uma maravilhosa direção de Arte, que faz a gente correr para ler a história da moda e tentar compreender melhor o icônico estilista YSL. Para encerrar com chave de ouro, Jeunet, o queridíssimo diretor do amado O Fabuloso Destino de Amélie Poulain retorna para mais uma viagem. Seu filme é de uma graciosidade ímpar sem deixar aqueles momentos criativos de lado.
Como bônus, encontrei a magnífica Isabelle Hupert na entrevista concedida antes da exibição de Um amor em Paris. Bastante objetiva e de poucas palavras, ela foi a reencarnação da madura mulher Francesa: elegante, discreta, direta. Confesso que, em alguns momentos, achei que ela poderia ter sido mais simpática e educada na forma que respondia, mas no final, a experiência foi agradável e inesquecível, afinal ela é Francesa e franceses costumam ser mais diretos e autênticos em como se comunicam. Ela é um luxo de qualquer jeito e uma atriz tão fantástica que, ao olhá-la, fiquei imaginando como ela consegue ser tão simples e tão majestosa. Ser simples, refinada e talentosa é uma grande virtude, somente uma virtude de grandes estrelas.
Merci!
Infelizmente, esse ano, não assisti nenhum filme inédito francês. O Festival é bom demais, não é darling?
ResponderExcluirBelas palavras.
Beijos.
Ele é muito bom, dear. Quem sabe o próximo ano podemos conferir alguma sessão, né?
ResponderExcluirBjs