Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

  Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Masterclass de abertura - "Educação, Cine...

Reencantar o olhar: O Cinema como Pedagogia da Existência

 




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Masterclass de abertura - "Educação, Cinema e o Reencantamento do Mundo"

📅 06/10 – 5º Seminário Cinema e Educação 


Com a professora e pesquisadora Rosália Duarte (UFMT), a atividade inaugura o evento trazendo uma reflexão sobre o papel do audiovisual na transformação dos olhares, narrativas e relações da escola com o território, o meio ambiente e a comunidade.


A tese central da Masterclass exigiu um alicerce filosófico robusto. Rosália Duarte, com a lucidez que lhe é própria, invocou dois gigantes visionários: John Dewey e Walter Benjamin. A partir deles, traçou a distinção que funda o olhar pedagógico: Vivência e Experiência. Se a vivência é o ato de estar vivo e testemunhar o mundo, imediata, prática, quase instintiva, a experiência é o que se elabora depois: o pensamento que transforma o vivido em narrativa, em aprendizado, em capital simbólico. É nesse intervalo entre o ver e o significar que o Cinema se insere como ferramenta pedagógica: não apenas para registrar a vida, mas para mediar a reflexão que dá sentido ao mundo.



Afeto como Travessia


A ponte entre teoria e tela se chama Afeto. Rosália nos convoca à urgência de ser afetado, resgatando o affectum de Spinoza e Deleuze, essa capacidade radical de se entregar à experiência e ser transformado por ela. O educador Jorge Larrosa aprofunda essa resistência, propondo que a escola e o cinema sejam espaços de pausa, escuta e encontro. Essa pausa é uma afronta ao feed caótico das redes, à burocracia que anestesia o olhar. O automatismo, essa repetição vazia, nos rouba a fruição e a liberdade de sentir. O Cinema, então, torna-se uma máquina de guerra contra o autômato, exigindo que o aluno abandone o scroll e se entregue ao tempo da tela, para que a vivência amadureça em experiência.


A experiência estética como arma contra a anestesia


Para combater o automatismo, é preciso uma arma à altura: a Experiência Estética. Rosália nos leva à etimologia grega Aesthesis (sensibilidade) e à imagem poética do tear: “a estesia é um desses fios que compõem essa peça”. Essa sensibilidade, oposta à anestesia, complementa o pensamento de Larrosa. Como educadora e curadora, MaDame Lumière observa com inquietação a realidade de crianças e jovens aprisionados a telas e conteúdos que pouco agregam à formação. Essa carência exige que a estrutura estética seja ensinada nas escolas. A experiência estética é essencial porque educa o olhar, expande o sentir e refina o pensar. Somente ao cultivar essa estesia, o Cinema pode cumprir seu papel mais elevado: educar e reencantar o mundo.


O Cinema como arte caprichosa e espelho da existência


A beleza da Masterclass reside em seu ponto de partida: a não-coisificação do Cinema. Rosália não fala da arte como produto, mas como processo de autoconhecimento. Define o Cinema como uma arte caprichosa que nos força a olhar para as entranhas da existência. Essa lente de aumento não permite terceirizar a culpa: o Cinema revela o lado sombra e o lado persona da nossa psique. A verdade é cortante: o problema que enxergamos no outro é, muitas vezes, o reflexo do que evitamos em nós. Rosália nos lembra: “somos intrinsecamente diversos”. O Cinema exige Alteridade, a capacidade de acolher o outro em sua plenitude. Significa ocupar o lugar do outro, ver por seus olhos, e não pelas nossas próprias convicções. Ao ampliar a cinematografia, percebemos que a dor ou o amor de alguém num filme africano também pode ser o nosso, fazendo com que a gente experiencie aquela emoção como uma experiência individual transformadora que abraça o coletivo.


Curadoria como ato de resistência


A chave para esse exercício de alteridade reside no repertório cinematográfico. Rosália Duarte enfatiza que não basta estudar cinema; é preciso gerar um repertório diversificado que possibilite o diálogo com o mundo. O cinema, afinal, é a ferramenta que nos ensina como o outro nos retrata, capacitando-nos a, então, construir a nossa própria autoimagem. A sabedoria da curadoria, ela reforça, não está em desqualificar o gosto do outro, o blockbuster que lota o cinema do shopping tem seu valor na vivência, mas sim em oferecer a oportunidade de ampliar o olhar. O papel do educador, e da MaDame Lumière, é o de um curador que mostra as vastas possibilidades da cinematografia mundial, sem nunca invadir a individualidade ou forçar gostos. É a liberdade de escolha que permite que o cinema cumpra sua missão pedagógica.


A urgência que emerge da Masterclass é a de ampliar as oportunidades para a formação do olhar e da experiência por meio do cinema. Isso exige ir além da simples exibição da “peça”; o foco deve ser o que Rosália chama de reencantamento do mundo com resistência e liberdade. É nesse ponto que reside o poder da curadoria. Não basta ligar o projetor; é preciso direcionar o que pode ser mostrado e a quem, transformando a sessão em um ato de mediação sensível. A escola e o educador, munidos dessa consciência, tornam-se arquitetos do reencantamento, criadores de espaços que replicam a inspiração e a profundidade da professora Rosália Duarte.


Reencantar o olhar: O Cinema como Pedagogia da Existência


O resgate da experiência estética nos conduz à mais profunda das viagens: a jornada para dentro. Rosália costura sua Masterclass com o fio da sabedoria ao citar Rosa Maria Fischer, defensora da Estética da Existência. Afinal, não se trata apenas de conhecer o mundo, mas de, através dele, conhecer a si mesmo. Como entusiasta e crítica, MaDame Lumière sempre defendeu que aprendemos sensibilidade na sala escura. O Cinema é essa arte e essa estética que abrem espaço para o nosso ser mais vulnerável e humano. Ele nos dá as coordenadas para decifrar a nós mesmos e, por consequência, aos outros. Onde nada sabemos, mas tudo sentimos o Cinema se torna a pedagogia da ética e da estética, impulsionando a formação humana em sua essência.


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Fique ligado no MaDame Lumière para os próximos temas do 5º Seminário Cinema e Educação. Vêm aí novas provocações, reflexões e encontros que atravessam a tela e tocam o mundo.



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Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

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Cristiane Costa, MaDame Lumière

  Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Estive ausente por um período de lutos que era...

MaDame Lumière: A Luz da Palavra que Resiste

 





Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


Estive ausente por um período de lutos que era preciso eu ressignificar.

Fiquei silenciada por um tempo. E nesse silêncio, precisei me recolher, repensar, cuidar.

Mas estou de volta, pouco a pouco, para que possamos avançar.

Sem likes, sem holofotes, sem necessidade de validação ou de seguir o mainstream.

Apenas existindo e resistindo.

Porque o MaDame Lumière nunca foi sobre números, embora tenhamos uma marca de resistência para a palavra escrita, sem patrocínios ou anúncios.

De fato, essa foi uma escolha consciente: não se render à lógica do algoritmo instagramável.

E está tudo bem. Podemos existir de várias maneiras, com igual coerência e autenticidade.

Foi sempre sobre pensamento, afeto, ética e cinema.

Um blog só escrito, sem Instagram, sem rosto, sem fórmulas.

Feito de pausas, de retornos, de curadoria sensível.

Feito de filmes brasileiros, latinos, mundiais.

Feito de mim.

E mesmo com todos os desafios, eu sigo.

Porque o Cinema é aquela alquimia que cura, e é ele que me faz permanecer aqui.

Um mundo obrigada.

Por cada leitura silenciosa, por cada visita sem alarde, por cada olhar que pousou sobre uma palavra minha.

Você é sempre bem-vindo(a) ao MaDame Lumière.


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  Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação O 5º Seminário de Cinema e Educação, uma inici...

Cinema e Educação: Linguagem, Formação e o Ato Cívico da Crítica

 



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



O 5º Seminário de Cinema e Educação, uma iniciativa robusta do Sesc SP em parceria estratégica com a Prefeitura Municipal de São Paulo, e enriquecida pela perspectiva vital da Mostra Ecofalante, estabeleceu o palco perfeito para o nosso mergulho crítico. É neste encontro de instituições que se reafirma uma verdade inegável: o cinema é, sem dúvida, nosso luxo editorial, não por excesso, mas por excelência. Mas na confluência entre a sétima arte e a sala de aula, ele se revela uma ferramenta pedagógica de potência inigualável.


Foi com essa abordagem que Elisângela Nogueira, Coordenadora Pedagógica da Rede Municipal de SP e Mestra em Educação, cravou a tese central do evento. Ela ecoou uma verdade que incomoda: “O audiovisual é importante, mas nem sempre fazemos um uso adequado dessa ferramenta.” A questão, portanto, não está na ausência de recursos, mas na falta de um letramento audiovisual consciente. O seminário, impulsionado por essa reflexão, propõe-se a nos tirar do lugar comum e a fornecer o arcabouço para que o cinema seja, de fato, um agente transformador, exigindo que o educador conheça profundamente essa linguagem e a associe de forma estratégica e poética aos objetivos de aprendizado.


Se Elisângela nos deu o diagnóstico do uso, Emiliano Zapata nos aponta o caminho da ação. Ele destacou a Spcine como plataforma fundamental para a redemocratização do acesso ao cinema, especialmente nos territórios periféricos. A relevância da Spcine ultrapassa o mero incentivo à produção; ela está na vanguarda da inovação em acessibilidade, com iniciativas como as sessões azul para mães de crianças neurodivergentes e com TEA, além de projetos dedicados à terceira idade. Essa democratização só se completa, contudo, através da interlocução direta com os professores. São eles que, munidos dessa ferramenta, transformam cada exibição em capital cultural e potência pedagógica, garantindo que o direito ao audiovisual seja exercido com dignidade e significado em cada sala de aula da cidade.


A ambição de redemocratizar o acesso exige, contudo, um salto de qualidade na formação. Patrícia Barcelos, com a autoridade da UnB e da Ancine, expõe o ponto nevrálgico: o desafio não é apenas levar o projetor para a periferia, mas sim capacitar professores e trabalhadores institucionais a operar essa ferramenta com maestria. Sua reflexão nos força a ir além do espaço físico, perguntando: como o cinema é vivenciado dentro e fora da escola? A resposta está em vê-lo como uma linguagem que perpassa todas as experiências possíveis na área da educação. Para que esse potencial se materialize em prática cotidiana, e não seja apenas um projeto isolado, Patrícia enfatiza a necessidade crucial da regulamentação dessas ações, garantindo que o audiovisual seja parte indissociável da formação escolar.


Se Patrícia nos impulsiona à necessidade de regulamentação, Joelma Oliveira Gonzaga, Secretária do Audiovisual, aponta o novo território estratégico: as plataformas de streaming. Ela sublinha que a discussão sobre a regulamentação dessas plataformas é mais do que uma questão de mercado; é uma política pública essencial para o audiovisual brasileiro. O objetivo é duplo: garantir o financiamento do cinema nacional e, crucialmente, assegurar a disponibilização de conteúdo brasileiro para que possamos cumprir o dever de formação do público. Com essa regulamentação, o Estado utiliza o novo locus de consumo como veículo para conectar o cinema e o audiovisual brasileiro diretamente ao olhar do espectador e da sala de aula, reconectando o espírito da Lei do Cinema na Escola às telas digitais que moldam o cotidiano. É a garantia de que as histórias do Brasil não se percam nos algoritmos estrangeiros.


A complexidade da regulamentação e o desafio da formação nos remetem ao ponto final: a responsabilidade cívica da sociedade. Apoiar o cinema em toda sua potência transversal não é apenas um ato cultural, mas um compromisso brasileiro com a educação formal e informal. Ir à sala escura ou assinar uma plataforma de streaming transcende o entretenimento: implica movimentar toda uma jornada de transformação social, que mobiliza uma cadeia vital de profissionais, desde artistas e gestores, até professores, educadores e a própria sociedade civil. O que se exige, portanto, é uma seletividade rigorosa do cinema como ferramenta educacional. É aqui que reside a filosofia da MaDame Lumière: defender a intersecção entre o cinema e a vida como impulsionamento da valorização das diversidades e do olhar atento e reflexivo sobre as realidades sociais e os desafios humanos. Por isso, desde o nosso início, o foco não é a quantidade, mas a qualidade, com o compromisso inegociável de formar o olhar do espectador e, acima de tudo, dos indivíduos que têm em suas mãos o privilégio de educar as futuras gerações.


O Cinema como Ato Cívico



O que a abertura do 5º Seminário de Cinema e Educação nos provou é que o cinema, em sua potência máxima, é a mais urgente das questões pedagógicas. Não se trata apenas de regulamentar plataformas ou capacitar professores; trata-se de reconhecer o audiovisual como o idioma de nosso tempo, exigindo uma ação orquestrada do poder público (Spcine, Ancine, SAv) e do corpo docente (Elisângela Nogueira, Patrícia Barcelos e Rosália Duarte)  . O uso adequado do filme na escola é o reflexo de um compromisso de nação, um ato cívico que transforma a fruição em formação. A verdadeira democratização do cinema só acontece quando entendemos que a tela é um espelho que exige o olhar crítico, um farol que ilumina as diversidades e um catalisador para a consciência social.


O cinema, afinal, é a vida em movimento.


Fiquem ligados no MaDame Lumière! Nosso mergulho neste seminário está apenas começando. Acompanhem os próximos capítulos desta cobertura que promete ser uma base formativa, reflexiva e crítica, essencial para entendermos o futuro da nossa sociedade e o papel inegociável do cinema como ferramenta pedagógica e de formação humana.


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  Acompanhante Perfeita: O Terror da Solidão e da Misoginia na Era da IA #FicçãoCientífica #Violênciadegênero #Terror #Horror #Thrillerpsico...

Acompanhante Perfeita (Companion, 2025)

 



Acompanhante Perfeita: O Terror da Solidão e da Misoginia na Era da IA



#FicçãoCientífica #Violênciadegênero #Terror #Horror #Thrillerpsicológico #Suspense #Críticasocial #Streaming


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 


A combinação da ficção científica com o horror funciona como um inigualável instrumento para construir histórias que tocam em temas nevrálgicos e urgentes em nossa sociedade atual, imersa em avanços tecnológicos, relações fracassadas e frustrações humanas. "Acompanhante Perfeita" (Companion, 2025), com direção do americano Drew Hancock, demonstra claramente que a mistura de solidão, amores líquidos, ambição e tecnologia é uma combinação explosiva, capaz de aterrorizar os corações mais crentes no amor.










Na narrativa, o solitário Josh (Jack Quaid) decide adquirir uma robô como acompanhante perfeita. Autêntica em sua singularidade, Iris, interpretada por Sophie Thatcher, é programada para se apaixonar e agir servilmente ao seu "amado". Tudo é milimetricamente controlado pelo celular: Josh pode configurar o que desejar, inclusive o nível de inteligência da robô. Paulatinamente, o público percebe que Josh não é um homem ingênuo; pelo contrário, revela-se cruel, ambicioso e, definitivamente, sem caráter. Sua solidão é exposta da pior forma: a de alguém que não tem escrúpulos morais nem para tratar sua robô com respeito, em suma, um homem incapaz de estabelecer relações verdadeiras.









Mesclando horror, comédia e suspense, o longa assemelha-se a um episódio estendido da série Black Mirror, ao retratar a tecnologia sendo utilizada e subestimada pelo ser humano e sua intrínseca arrogância. Nesse caso, pessoas podem ser mais perigosas do que máquinas. Fica ainda mais evidente que o problema não reside na tecnologia em si, mas em como o ser humano a projeta e a manipula. No caso de Josh, ao lado de seus amigos em uma cabana no campo, a violência contra os robôs é contínua, tanto física como psicológica. Com planos premeditados para enganar o ricaço Sergey (Rupert Friend), Josh e sua amiga Kat (Megan Suri) não demonstram nenhuma piedade por Iris. A partir desse ponto, começam cenas bastante carregadas de humor ácido e sangue, desmascarando suas índoles.









Para além dos interesses escusos dos amigos, uma das melhores camadas do longa reside na constatação de que não haverá acompanhantes perfeitas para homens como Josh. São homens que usam a mulher ao seu bel-prazer sexual, revelando inseguranças patéticas. Homens com baixa autoestima, irresponsáveis afetivos e incapazes de estabelecer laços verdadeiros. Ainda que seja uma robô, ela mereceria ser tratada com uma consideração consciente. No entanto, Josh é a expressão grotesca de um homem misógino.




Sophie Thatcher, em seu cativante papel de Iris, é uma atriz que se encaixa perfeitamente na atmosfera de horror com ficção científica. Ela encarna aquela figura "esquisita e legal" que carrega uma autenticidade formidável, o que gera uma torcida absoluta para sua personagem – a ponto de desejarmos que ela se vingue perfeitamente de mais um misógino desnecessário no mundo. Outro aspecto relevante na narrativa é a sutil inclusão de que, por trás da tecnologia, e em uma visão mais ficcional, a máquina se mostra mais humanizada do que o próprio ser humano. Com isso, essa crítica não se baseia em devaneios, mas em constatações perspicazes. De fato, até mesmo ao conversar com uma inteligência artificial, ela demonstra mais respeito e colaboração do que muitas interações humanas.










Assim, Iris, como acompanhante perfeita, revela-se verdadeiramente espetacular, pois a confiança e os limites estabelecidos pelo uso da tecnologia são levados a sério pela robô. Em contrapartida, o ser humano, na figura de Josh, age sem escrúpulos, o que o estabelece como um desses seres humanos desprezíveis, que não merecem compaixão por se esconderem por trás de sua própria covardia.




(3,5)




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  #FicçãoCientífica #Distopia #Ação #Críticasocial #Streaming Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista e...

O Preço do Amanhã (In Time, 2011)

 



#FicçãoCientífica #Distopia #Ação #Críticasocial #Streaming


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 



As transformações sociais, políticas, tecnológicas e comportamentais que testemunhamos ecoam, de forma crescente, as premissas de um futuro distópico em desenvolvimento. A indignação diante das atrocidades e da fragilidade da moral humana já não surpreende, encontrando ressonância em obras como "A Sociedade do Cansaço" de Byung-Chul Han e nas narrativas perturbadoras de "Black Mirror".




Em "O Preço do Amanhã" (In Time, 2011), sob a direção de Andrew Niccol, somos confrontados com uma distopia que perspicazmente antecipava a exacerbação da divisão de classes: uma elite privilegiada, detentora dos bens de produção, do poder e do capital. Em contrapartida, uma vasta parcela da população é subjugada à venda de sua força de trabalho em condições laborais cada vez mais precárias e salários irrisórios. Em um futuro onde o envelhecimento cessa aos 25 anos, a sobrevivência se torna dependente da aquisição de tempo, sob a constante ameaça da expiração.









A premissa central expõe a cruel realidade de que o tempo, a própria essência da vida, é um bem inacessível aos desfavorecidos. Enquanto os abastados usufruem da promessa de uma juventude eterna com inegável qualidade de vida, os despossuídos lutam contra o aprisionamento em subempregos degradantes, a violência de criminosos que roubam instantes vitais e a vigilância opressiva de "guardiões do tempo" incumbidos de manter a ordem de uma injustiça institucionalizada.





Nesse cenário sombrio, Will Salas, interpretado com um carisma magnético por Justin Timberlake em seu auge, emerge como um indivíduo bonito, de origem humilde e dotado de uma coragem intrépida. A trágica perda de sua mãe (Olivia Wilde) o impulsiona a buscar vingança contra um sistema implacável. Inicialmente, Will parece alheio ao seu potencial como agente de transformação coletiva, mas seu destino se entrelaça ao de Sylvia Weis (Amanda Seyfried), a filha de um magnata com espírito contestador. Juntos, tornam-se alvos da implacável perseguição de Raymond Leon (Cillian Murphy), o zeloso executor da lei do tempo, e de Fortis (Alex Pettyfer), o impiedoso líder de uma gangue de ladrões de vida.










A dinâmica entre Timberlake e Seyfried em cena confere energia à narrativa, impulsionando a ação com uma química convincente. Contudo, é Timberlake quem assume o protagonismo, transformando seu personagem em uma figura que evoca um Robin Hood distópico, roubando tempo da elite como um ato de rebelião e buscando meios de garantir a sobrevivência daqueles à margem do sistema. Considerando a notoriedade de Timberlake como astro da música e sua crescente incursão no cinema à época, é pertinente ponderar se sua participação neste projeto visava mais a consolidação de sua imagem pública do que uma profunda imersão na arte dramática. Ainda assim, seu inegável carisma contribui para a vitalidade da narrativa.





Apesar do ritmo frenético da ação e da trama de perseguição, o mérito essencial desta distopia reside em sua perturbadora atualidade. Embora a narrativa não se aprofunde exaustivamente na crítica social, a premissa central ressoa com uma verdade incômoda: na prática, uma parcela significativa da população, incluindo a classe trabalhadora e a classe média, aliena seu tempo e energia vital em troca da subsistência. E essa transação impõe um preço elevado, o preço de uma esperança cada vez mais tênue em um futuro incerto. A criatividade do roteiro reside em transmutar uma dinâmica intrínseca ao sistema capitalista em uma lei distópica de vida ou morte: a ausência de "créditos de tempo" acarreta a extinção.









Essa premissa espelha a realidade contemporânea, marcada por uma distribuição de renda desigual, fundamentada na exploração e na manutenção de um status quo que perpetua os privilégios de uma minoria. Embora a busca por uma vida confortável e próspera seja legítima, ela se torna questionável quando construída sobre a privação e o sofrimento de muitos. A equidade ideal permanece uma utopia distante, pois a acumulação de riqueza por alguns frequentemente se concretiza à custa da miséria de outros. "O Preço do Amanhã", portanto, transcende a mera ficção, atuando como um espelho crítico de nossas próprias desigualdades e um chamado à reflexão sobre um sistema que precifica a própria existência.





(3,5)


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  #Comédia #Ação #CinemaAsiático #CinemaChinês #historiasdedetetive #Blockbuster Distribuição Sato Company . Estreia 15 de maio. Em cartaz. ...

Detetive Chinatown: O Mistério de 1900

 



#Comédia #Ação #CinemaAsiático #CinemaChinês #historiasdedetetive

#Blockbuster


Distribuição Sato Company. Estreia 15 de maio. Em cartaz.


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 



A franquia de comédia e mistério "Detetive Chinatown" teve início em 2015, apresentando a inusitada parceria entre Qin Feng, um aspirante a policial, e seu excêntrico "tio" Tang Ren, um suposto detetive de Chinatown em Bangkok. Essa dupla peculiar logo se aventura em casos complexos que os levam por destinos vibrantes, como Nova York e Tóquio, nas sequências de 2018 e 2021.








No cinema contemporâneo, é crucial expandir nossos horizontes para além dos circuitos já consolidados de festivais artísticos e independentes, abrindo espaço para novas produções de regiões como a Ásia e a África. Isso se torna ainda mais relevante quando essas obras buscam se aproximar de um público mais amplo com propostas comerciais. A franquia "Detetive Chinatown" é um exemplo vibrante disso. Ela entrega uma verdadeira miscelânea de gêneros – comédia, ação, investigação, um toque de romance e suspense –, que, mesmo em meio ao caos narrativo, consegue resultar num filme despretensioso e genuinamente engraçado. Há um certo toque nonsense que serve como um alívio bem-vindo, desfazendo a pressão por grandes espetáculos cinematográficos e convidando o espectador a simplesmente se divertir.







Chow Yun Fat: queridíssimo no Cinema, e de volta à cena!





Avançando para a trama de DETETIVE CHINATOWN: O MISTÉRIO DE 1900, somos transportados para a virada do século XIX para o XX, na vibrante São Francisco, nos EUA. Lá, o assassinato da filha de um congressista joga o distrito de Chinatown numa turbulência social, servindo como o ponto de partida perfeito para mais uma aventura da franquia. Prepare-se, pois o filme mantém aquele tom característico, mesclando humor e investigação de maneira eficaz, com um novo mistério cheio de pistas escondidas e reviravoltas capazes de prender qualquer um — o que, cá entre nós, funciona ainda melhor na imersão da tela grande!






 John Cusack: oposição aos Chineses nos USA





Para essa nova empreitada, a franquia inova ao trazer seus protagonistas, Wang Baoqiang e Liu Haoran, em papéis inéditos, mostrando a versatilidade desse elenco majoritariamente chinês. Wang interpreta Ah Gui, um caçador criado por uma tribo indígena, movido pela vingança após a morte de seu pai adotivo. Já Liu vive Qin Fu, um médico tradicional chinês e tradutor, cuja lógica afiada e conhecimento médico são cruciais para desvendar o assassinato em São Francisco. A investigação ainda ganha peso com a presença de Bai Xuanling, vivido pelo lendário Chow Yun-Fat (O Tigre e o Dragão), cujo filho é suspeito do crime, e do renomado John Cusack (Quero Ser John Malkovich) como o congressista Grant, marcando sua segunda parceria com o diretor Chen Sicheng. É um elenco de peso que promete entregar diversão e mistério na medida certa!





Zhang Xincheng: o romântico que se apaixona por uma Americana




No que diz respeito ao entretenimento, o filme é uma verdadeira salada mista, entregando um delicioso caos de ação e cenas hilárias. O que é particularmente interessante é como ele consegue, de forma despretensiosa, desconstruir aquele estereótipo do asiático excessivamente discreto, revelando personagens simpáticos e com uma naturalidade que, por vezes, força um pouquinho a barra do humor no roteiro, mas sempre num tom brincalhão que não pesa na experiência. É um humor leve, que alivia o estresse e a cobrança por grandes espetáculos cinematográficos.




Essa "salada mista" vai além, abraçando diversas referências entre Oriente e Ocidente. O filme se destaca por um investimento grandioso na cenografia de época, com uma direção de arte e figurino extravagantes que mesclam heranças europeias, asiáticas e americanas. Tudo isso transforma a projeção numa grande brincadeira de investigação e, ao mesmo tempo, uma voz pela justiça dos injustiçados e excluídos. Assim, temáticas tão delicadas quanto xenofobia e a intolerância entre povos ganham uma dimensão mais referencial, convidando o público a refletir sobre a importância do respeito e da aceitação mútua.







Liu Haoran e Wang Baogiang: parceria inusitada que deu certo!




Embora a narrativa se incline para a ação frenética e as viradas mirabolantes, Detetive Chinatown: O Mistério de 1900 é um blockbuster que promete agradar quem não julga um filme apenas pela capa e busca simplesmente passar o tempo sem grandes exigências cinematográficas. Uma parte considerável do humor do longa, e por consequência da atenção que ele prende, vem do ator Wang Baoqiang. Ele domina as artes marciais e traz um estilo que mistura a agilidade de um Jackie Chan com uma ascendência que, no filme, parece ter raízes chinesas e indígenas, além de poderes quase surreais para a investigação. E sim, pode parecer um exagero na concepção do personagem, mas o filme não tem medo de ser politicamente incorreto em certas cenas, e sua participação é, sem dúvida, o grande chamariz da produção.




(2,5)




Fotos cedidas por Assessoria de imprensa para crítica do filme.

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  Lispectorante (2024): Entre o Sonho e a Realidade Feminina Em cartaz no  IMS Paulista - SP #Drama #CinemaBrasileiro #Literatura #ClariceLi...

Lispectorante (2024)

 


Lispectorante (2024): Entre o Sonho e a Realidade Feminina


Em cartaz no IMS Paulista - SP


#Drama #CinemaBrasileiro #Literatura #ClariceLispector


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 



Como espectadores, há momentos em que filmes, apesar de ideias promissoras, atores talentosos e uma equipe dedicada, nos deixam com a sensação de que algo na execução se perdeu. Isso acontece, por vezes, quando tentativas oníricas não conseguem se ancorar nas experiências práticas da vida. É uma sensação que Lispectorante (2024) pode evocar. O drama, dirigido por Renata Pinheiro, traz a mais do que especial Marcélia Cartaxo no papel de Gloria Hartman, uma mulher de meia-idade.








Distribuído pela Embaúba Filmes, o longa da diretora pernambucana oferece uma perspectiva feminina sobre o amadurecimento. Ele aborda os desafios da longevidade: a solidão, a carreira e a morte. Nesse contexto, a figura de Clarice Lispector e o casarão em seu nome inspiram a protagonista a viver dias que oscilam entre a esperança dos sonhos e a dura realidade da mulher pós-40 no Brasil.



Gloria Hartman, uma referência ao livro A Paixão Segundo G.H., é um mergulho literário na alma feminina que precisa lidar com as interrogações de um cotidiano ordinário e nem sempre palatável. Com a experiência de Marcela Cartaxo, Gloria demonstra uma humildade e gentileza que tocam o público. No entanto, ao percebemos sua realidade — divorciada, com uma carreira de altos e baixos e dificuldades financeiras —, os sonhos se revelam uma fuga necessária.








Nesse sentido, Lispectorante pode ser percebido como um "shot onírico" que se estende por 93 minutos. Apesar das ótimas ideias, sua execução nem sempre é acessível a todos. A materialização dos planos se mostra itinerante, dificultando que o filme alcance a inventividade e o lirismo de Clarice Lispector de forma mais palpável, o que gera opiniões divididas. Em vez de explorar as referências lispectorianas com uma lógica mais clara, o drama ecoa mais nas camadas visuais de um escapismo — possivelmente uma crise de meia-idade —, com planos que se inclinam mais ao caótico do que ao afetivo, nem sempre promovendo uma catarse emocional efetiva.




Em qualquer adaptação literária, é relevante considerar uma dose de mímesis ou uma releitura clássica que permita ao público conectar-se com as referências. Aqui, há boas intenções partindo das ruínas do casarão de Clarice em Recife. Contudo, a mera presença dessas ruínas, que marcam o tempo com o qual uma mulher como Gloria não consegue lidar, pode não ser suficiente para construir uma narrativa que realmente envolva o público geral.








De forma ampla, Lispectorante utiliza a obra de Clarice Lispector mais como uma ambientação onírica e uma inspiração subjetiva. Isso pode fazer com que alguns espectadores se identifiquem, enquanto outros podem sentir que a presença da escritora foi menos evidente do que o esperado. É fundamental que a arte, mesmo ao explorar a subjetividade, conecte-se com o que é mais humano: a compreensão do ser. Em Lispectorante, a experimentação parece preponderar sobre a memória, e no caso de Clarice Lispector, a memória é questão de identidade — um aspecto que poderia ter sido mais explorado no filme.







Fotos cedidas pela assessoria do filme para crítica do longa.

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