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O blog trará sagas, super heróis e outros personagens inesquecíveis!
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Quando na época de seu lançamento em 2017, o filme da heroína Diana, a Mulher Maravilha (Wonder Woman) da legendária DC Comics, apresentou um hype bem feminino muito além da sua icônica personagem. Ao ser dirigido por uma mulher Patty Jenkins que não tinha tanta experiência como cineasta de grandes produções, produtores assumiam o risco de trazer inovação no elenco e na direção para um blockbuster que tem um vínculo bem afetivo com as plateias geek e cinéfila.
Tanto ela como a atriz principal Gal Gadot tinham também o desafio de representar a voz e o talento de milhares de mulheres que todos os dias lutam para trabalhar em ambientes de diversidade, inclusão e equidade. No imaginário dos quadrinhos, do Cinema e da TV, a Mulher Maravilha sempre foi uma inspiração para muitas, com isso, a responsabilidade era enorme. Ainda que esse tipo de decisão não costuma intimidar produtores, porém, haviam cobranças e expectativas previsíveis para uma bilionária produção. Não era apenas mais um blockbuster na voraz esteira industrial de Hollywood, mas uma nobre prova de fogo para consolidar mulheres à frente de grandes bilheterias.
A decisão foi certeira, o resultado, incrível. Mulher Maravilha é um dos melhores filmes de super heróis até o momento.
Na essência de sua mensagem, o longa diz muito mais do que somente ter protagonismo feminino em várias etapas da sua produção, ele diz respeito sobre um enfrentamento heroico da mulher como representação de uma guerreira contra toda forma de opressão, guerra e morte. Ao sair da ilha, onde é uma princesa protegida pela mãe e outras mulheres, Diana tem o desafio de amadurecer como mulher e como heroína. Na sua jornada ela tem escolhas difíceis e tem um belo papel de líder com uma excepcional capacidade de trabalhar em equipe com outros homens e colocar em ação a sua natureza sensível e leve com forte compaixão.
A partir dessa observação em toda a sinergia entre direção, roteiro e elenco, é possível corroborar que a personagem Diana, com a delicadeza, beleza e simplicidade da atuação de Gal Gadot, tem um excelente arco dramático que cresce a medida que ela compreende o que está acontecendo fora da ilha de Temyscira. Ela carrega em si uma ligeira e bem humorada ingenuidade que é proposital na construção da personagem, mas também contribui para dar o contorno de uma mulher que equilibra a doçura, a força e a inteligência. Aos poucos, Diana percebe o que é a guerra e por que sua missão no mundo é lutar contra esse mal.
Ao conhecer o espião e piloto Steve Trevor (Chris Pine), Diana encontra um bom parceiro para essa caminhada. Um tanto fechado em si, como a maioria dos espiões em uma guerra, Trevor reúne o conhecimento da experiência e do contexto para trabalhar em equipe com Diana e os demais colegas. Com isso, essa aproximação possibilita o desenvolvimento das emoções dos dois. Como um inevitável encontro amoroso, Steve e Diana se amam, mas servem à humanidade e a propósitos maiores, constatação que é vista em um dos melhores e mais comoventes momentos da história.
Seria possível discorrer sobre vários detalhes sobre o longa, porém coube aqui selecionar um recorte relevante sobre o generoso presente dado por Patty Jenkins ao público: representatividade, feminismo e amor bem combinados com envolventes cenas de ação, guerra e aventura. Ainda que o Feminismo seja muito mal compreendido por quem não busca compreendê-lo bem em sua historicidade, valor e importância, Mulher Maravilha traz essa contemporânea celebração de amadurecimento de uma mulher e heroína. Diana ama como sobre humana e como humana.
Ela defende a humanidade como mulher e reconhece a importância dos homens que ali estão com ela. Assim, o filme é sobre representatividade feminina, mas também sobre equidade e empatia na interação dos personagens homens e mulheres. Isso ajuda a compreender porque a fotografia que Diana tira com os colegas combatentes é tão significativa. A perspectiva do Feminismo nunca foi odiar aos homens. Talvez o filme ajude muita gente a compreender a real força feminina que integra a todos.
Nunca é fácil fazer um longa-metragem de super herói capaz de se conectar com questões de gênero, porém Mulher Maravilha o faz com leveza, bom humor, ação e afeto. É um filme sobre amor e guerra, propósito e coragem para o bem coletivo. Essa extraordinária capacidade de unir o que é sobre humano com a vulnerabilidade de ser humano catalisou as emoções da personagem no clímax. Diana enfrenta a guerra e a si mesma ao lidar com escolhas e perdas. Diana se humaniza e isso é apaixonante como produção feminina que dialoga com o que nos une como seres humanos: fragilidade, força e a nobre capacidade de amar.
Concordo: humor, leveza e afeto.
ResponderExcluirTexto primoroso.
Renato Alves
Renato,
ExcluirObrigada. Sempre é um prazer ter sua visita.
Um abraço
MaDame