Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Com Darren Aronofsky e Arnold Schwarznegger como produtores, Em busca da vingança (Aftermath, 2017) narra o episódio do desastre aéreo de Überlingen, ocorrido após um erro humano no controle aéreo. Nesta tragédia, falecem esposa e filha de Roman, interpretado por Schwarznegger. Dirigido por Elliott Lester e roteirizado por Javier Gullón (de "O homem duplicado"), este longa combina drama e suspense em uma história de caminhos cruzados pela culpa e vingança.
Às voltas com o Cinema, Schwarznegger é o único chamariz da história. Mostra versatilidade para o drama de natureza dilacerante e contida. Com um personagem que perde abruptamente seus maiores tesouros afetivos, o ator tem uma atuação sóbria que equilibra duas facetas de Roman: um homem inconformado que deseja justiça mas que, por outro lado, dá margem a um comportamento imprevisível, nunca abertamente claro.
Como uma tragédia abrupta e impactante, duas vidas se cruzam, a de Roman, o pai de família solitário que, por trás de um aparente controle, pode surtar a qualquer momento, e a de Jake (Scoot McNairy), o controlador de tráfego aéreo responsabilizado pela tragédia. Como um bom acerto, o roteiro investe em enfocar estas duas vidas, de dois pais que têm suas vidas destroçadas sob diferentes perspectivas. De uma forma verossímil, ambos não são ouvidos nos trágicos desdobramentos e tratados como parte de processos protocolares.
Trazendo esta história baseada em fatos reais para a realidade, como muitas tragédias pessoais, os envolvidos perdem o chão e tentam reconstruir suas vidas, entretanto, mais do que a perda em si, o que ocorre para os que ficam é igualmente imprevisível e dramático. Culpa, inconformismo, raiva, vingança são convertidos em variados episódios que vão desde os ímpetos de morrer e de matar ao perdão e o recomeço, desta forma, embora não seja um filme extraordinário, o drama apresenta estes elementos que convergem nos desejos e atitudes comuns quando a justiça legal é medíocre, lenta e falha.
Este espírito de vingança não é uma emoção apenas imediata após ver alguém que se ama ferido ou morto, mas é um sentimento que vem com a explosão da raiva, muitas vezes, por não ser ouvido e tratado com dignidade pela justiça. Neste sentido, a performance de Arnold Schwarzenegger vem a agregar a figura do homem comum que, fatalmente, torna sua vida mais trágica em um pico de emoções destrutivas. Mas, entre o meio e o desfecho do filme, a narrativa acelera sem dar coesão e desenvolvimento entre Roman e Jake, fato que fragiliza o drama e também não possibilita melhores cenas para Schwarzenegger.
Como desastre aéreo, o filme apresenta algo tão dilacerante quanto a perda: o descaso da companhia aéreo, a falta de humanidade no trato da dimensão emocional dos familiares que perdem entes queridos e o silêncio que corrói ambos os lados impactados pela tragédia. Enfim, um filme mediano para mostrar o desequilíbrio das tragédias silenciadas.
Madame, belo texto!
ResponderExcluirSchwarznegger era bom nos anos 70, 80 e 90. Seu retorno ao cinema, sinceramente, após o seu envolvimento na política tem sido agridoce para mim. Admiro ele pela carreira que construiu, foi meu herói na adolescência e pior é vê-lo no piloto automático em fitas esquecíveis.
Vou demorar pra assistir esse!
Beijão
Rô
Olá curator, obrigada.
ExcluirRealmente não é fácil ver que ele não tem mais o vigor de antigamente. Até o Stallone conseguiu ser mais esperto, vide a franquia Creed.
Bjs,
Cris