Assim como não podemos viver sem blockbusters, também não podemos viver sem os filmes independentes. Equilibrar as distintas naturezas das produções cinematográficas na experiência da Cinefilia e saber apreciá-las é uma das mais reveladoras jornadas que o Cinema oferece. A agradável descoberta é perceber que haverá sempre um roteiro, uma direção, uma montagem que mostrará uma outra forma de comunicar uma ideia, propor uma reflexão. O vigor do Cinema é constantemente reciclado através das sutilezas do processo criativo. Nesta caixinha de surpresas surge o vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Locarno, "O futuro perfeito", uma produção da Argentina com a direção da alemã Nele Wohlatz.
Com uma duração curta (65min), um elenco internacional (China, India) e falado em espanhol e mandarim, o longa centraliza a cidade de Buenos Aires e a onda crescente de imigração. É para a capital portenha que a jovem chinesa Xiaobin (Xiaobin Zhang) é levada a viver com sua família. Cercada pelas responsabilidades e tradições dos pais, donos de uma lavanderia, ela pouco sabe do seu destino, mas toma ações para se adaptar à nova realidade e ter autonomia. Sem saber falar o idioma local e diante de um mundo desconhecido, ela se matricula em um curso de espanhol, trabalha em um supermercado, começa a juntar economias e a namorar o indiano Vijay (Saroj Malik).
É interessante notar que, muito mais do que um filme realizado sob a perspectiva feminina com uma personagem de 17 anos em um rito de amadurecimento e mudanças, o longa é sobre empoderamento feminino acrescido de uma dinâmica linguística bem peculiar e inteligente na construção da narrativa. Xiaobin está aprendendo o castelhano, está construindo o seu vocabulário e repertório, sua forma de se comunicar, refletir e argumentar, e enfrentando os desafios da linguagem e suas relações com a cidade, as pessoas, o trabalho, a cultura, o futuro. Assim, esse roteiro curto se torna imenso com diferentes possibilidades de interação linguagem, identidade e sociedade, principalmente em um mundo cada vez mais global que tem discutido a questão da imigração e a representação e representatividade étnica e de gênero.
De uma forma crível, a história apresenta algumas cenas chave que demonstram a evolução de Xiaobin: seu posicionamento com relação ao futuro e seus desejos, como interage no relacionamento amoroso e com os colegas de curso, como exerce seu potencial imaginativo a medida que domina cada vez mais o idioma. A atuação naturalista da atriz, um pouco introspectiva e amadora, também corrobora a fase de adaptação da jovem e ajuda a ver seu esforço e evolução do início ao desfecho do filme. Xiaobin virou atriz por acidente e topou realizar este longa. Como ela própria disse: “Nas filmagens, eu só tinha que viver de novo aquilo que eu tinha vivido de verdade”
A relação entre sua capacidade criativa e argumentativa e um dos tempos verbais que aprendeu, o condicional, é um dos momentos mais brilhantes. Com isso, ela começa a imaginar o seu futuro e as inúmeras possibilidades de viver. É exatamente essa distinta forma de desenvolver uma ideia no espaço narrativo de um filme que faz com que seja essencial abrir as caixinhas de surpresa do Cinema Independente e olhar novas perspectivas de produção audiovisual.
De uma forma crível, a história apresenta algumas cenas chave que demonstram a evolução de Xiaobin: seu posicionamento com relação ao futuro e seus desejos, como interage no relacionamento amoroso e com os colegas de curso, como exerce seu potencial imaginativo a medida que domina cada vez mais o idioma. A atuação naturalista da atriz, um pouco introspectiva e amadora, também corrobora a fase de adaptação da jovem e ajuda a ver seu esforço e evolução do início ao desfecho do filme. Xiaobin virou atriz por acidente e topou realizar este longa. Como ela própria disse: “Nas filmagens, eu só tinha que viver de novo aquilo que eu tinha vivido de verdade”
A relação entre sua capacidade criativa e argumentativa e um dos tempos verbais que aprendeu, o condicional, é um dos momentos mais brilhantes. Com isso, ela começa a imaginar o seu futuro e as inúmeras possibilidades de viver. É exatamente essa distinta forma de desenvolver uma ideia no espaço narrativo de um filme que faz com que seja essencial abrir as caixinhas de surpresa do Cinema Independente e olhar novas perspectivas de produção audiovisual.
Ficha técnica do filme Imdb O futuro perfeito




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Cristiane Costa, MaDame Lumière