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Rapidinhas no MaDame: Porque o que importa é o prazer da Cinefilia Estreia nos Cinemas: 01 de Outubro Por Cristiane Cos...

A possessão do mal ( The Possession of Michael King - 2014), de David Jung

Rapidinhas no MaDame:
Porque o que importa é o prazer da Cinefilia



Estreia nos Cinemas: 01 de Outubro



Por Cristiane Costa



Sobre a história: Michael King (Shane Johnson) não acredita nem em Deus e nem no Diabo e em qualquer religião, doutrina espiritual ou poder sobrenatural. Após a morte abrupta da esposa e com a responsabilidade de criar a filha Ellie (Ella Anderson), o processo de perda lhe é tão doloroso que ele passa a negar qualquer fenômeno espiritual. Sua ironia, sarcasmo e falta de crença atingem um nível maior de incredulidade e ele decide realizar experimentos para provar que estas forças espirituais não existem. No entanto, pouco a pouco, é possuído por uma força maligna que deseja destruir sua vida e a de sua família.







Opinião Geral sobre o filme:  Lançado por David Jung, mais um estreante diretor no gênero horror, A possessão  do mal já se explica pelo título: é sobre possessão demoníaca. Com truques previsíveis como caprichar na decadente e incontrolável mudança física do personagem possuído, explorar vários tipos de situações macabras como rituais de evocação de espíritos, rituais com roubos de cadaveres e em cemitérios, visitas a cartomantes, padres e pessoas perturbadas por demônios etc, o longa não acrescenta nada de novo.
Jung  se dedica a transformar Michael King em um pesquisador e gozador das desconhecidas forças espirituais até que, de tanto brincar com o oculto, ele é vítima dele e vai sofrer bastante em um processo de crescente insanidade. Por ser um trabalho pesado de mudança física e loucura, Shane Johnson tem um bom desempenho.
O longa começa com uma boa direção pois Jung incorpora técnicas documentais de filmagem à medida que Michael King visita pessoas  e explora rituais, no entanto, a partir do segundo ato até o clímax, o roteiro se apega a escolhas audiovisuais manjadas como uso de filmadora e TV em cena, espelhos quebrados,  presença de insetos, som incômodo que emula a possessão, corpo possuído e deformado que dobra a coluna e anda como uma aberração, desta forma, ele deixa de explorar o medo, a tensão, o drama que não sejam só baseados em sofrimento físico, mas acima de tudo, em uma dor emocional.  


O desprazer:    Roteiro nada inovador,  perda de ritmo narrativo,   falta de psicologia do horror e abuso de efeitos sonoros barulhentos . O longa pouco assusta mesmo com os seus esforços audiovisuais e o clímax e o desfecho são ligados no piloto automático.



Por que vale a rapidinha?  É um filme sobre culpa e sofrimento e a  destruição física e emocional quando pessoas ficam espiritualmente perturbadas e permitem que o mal tome conta de suas vidas. Ao perder a esposa, Michael King está sofrendo, não sabe  como catalisar sua tristeza, não tem fé em absolutamente nada, o que transforma o longa em uma opção de horror para analisar como ele reage ao sofrimento negando a própria espiritualidade.  







Ficha técnica do filme ImDB A possessão do mal
Distribuição : Playarte Pictures

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No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

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Por Cristiane Costa Filmes sobre boxe como Touro Indomável ( Raging Bull), de Martin Scorsese e Rocky, d e Sylvester Stallone são...

Nocaute (Southpaw - 2015), de Antoine Fuqua



Por Cristiane Costa



Filmes sobre boxe como Touro Indomável (Raging Bull), de Martin Scorsese e Rocky, de Sylvester Stallone são referências clássicas quando a narrativa objetiva expor o drama, a superação e redenção de seus pugilistas. O arco dramático funciona da mesma forma, salvo casos em que o roteiro consegue se diferenciar por sua qualidade e inovação: o atleta advém de condição humilde e o boxe é seu talento e oportunidade de vencer na vida. Aos poucos, acumula vitórias, fica em evidência no desporto e na mídia e alcança boa condição financeira. Eis que há um adversário: um boxeador não carismático e de atitudes provocativas fora do ringue, que deseja revanche ou a chance de provar que é melhor que ele, além dos empresários ambiciosos, falsos ou aborrecedores que agem como urubus na carniça. De uma hora para outra, alguma situação dramática ocorre e joga  o protagonista em uma espiral autodestrutiva, porém, através do esporte, ele supera as adversidades com força de vontade, treino e o apoio de um coach (técnico) que acredita nele. Chega o dia da grande luta, vários golpes jab, diretos e cruzados, muito sangue e a cara quebrada, emoções variadas e a vitória. Fim.


Nocaute (Soutphaw,2015), novo filme de Antoine Fuqua ("Dia de treinamento" e "O protetor") não foge à esta estrutura padrão de histórias sobre pugilismo. Kurt Sutter, experiente roteirista em TV norte americana com séries como "Sons of Anarchy" e "The Shield", estreia seu primeiro roteiro de longa-metragem e realiza um trabalho previsível, porém de apelo bastante sentimentalista, enfocando uma tragédia familiar e a superação e o amor de um boxeador para criar a filha. Jake Gyllenhall é  Billy "The Great" Hope, lutador da categoria Peso Médio Junior dos Estados Unidos e conhecido por ter um poderoso golpe de esquerda. Billy tem a esposa Maureen (Rachel McAdams) como o seu principal pilar emocional. Pais de Leila (Onna Laurence), eles vivem muito bem em uma mansão e vivenciam o auge da vida abastada e da carreira. Até que ocorre uma trágica situação que dá um golpe bem mais doloroso e forte em Billy. A perda, a culpa e a decadência passam a fazer parte do seu dia a dia . Com a ajuda de Tick (Forest Whitaker), um ex-lutador de boxe e dono de uma academia na periferia, Billy retorna ao ringue para dar a volta por cima.






                                   



Este projeto tem uma referência metalinguística que serviu como base para a elaboração do roteiro e as escolhas da direção e que explica substancialmente como a produção começou: o filme O Campeão (1979) no qual  o lutador Billy (Jon Voigt) tem que criar o filho sozinho e se dedica ao boxe como uma chance de ter um futuro melhor. Nocaute bebe desta fonte desde o início do projeto, mas também foi inspirado pela vida do rapper  Eminem.  Ele é um patrocinadores iniciais do longa e intérprete de "Kings never die", uma das canções da excelente trilha sonora. O astro pediu a Kurt Sutter para escrever uma história inspirada em "O Campeão". Como Sutter tem um estilo de roteirista mais original e que não deseja escrever remakes, ele realizou pequenas analogias entre o boxe e as experiências de Eminem com a paternidade, como a relação dele com a filha Hailie Jade, além do sofrimento de perder um dos seus melhores amigos de infância, o rapper Proof, morto em 2006. Com a saída de Eminem do projeto, Sutter e Fuqua mantiveram a mesma estrutura narrativa, porém deram uma roupagem mais universal e clássica, a do pugilista que busca a redenção.  A bem da verdade é que, nada de efetivamente criativo  ocorre em Nocaute . Seu genuíno chamariz  tem apenas um nome: Jake Gyllenhaal.











Mais uma vez, Gyllenhaal destaca-se como um ator que agrega valor a qualquer produção cinematográfica, muito em virtude do seu instinto de superação a cada novo personagem e seu carisma. Aqui não é diferente e ele se esforça para dar dignidade e realismo ao papel. Embora o roteiro tente ao máximo dar profundidade psicológica ao personagem, o texto não ajuda e joga mais responsabilidade para Gyllenhaal dar dramaticidade à espiral descendente de Billy. Do começo ao fim do longa, cabe ao ator sustentar toda a narrativa com seu excelente preparo físico e habilidosa movimentação em cena. Para não tornar a atuação meramente visceral e esportista, Gyllenhaal doa-se emocionalmente às situações mais dilacerantes como a tragédia pessoal que catalisa a história e a conflitante e amorosa relação com a filha. Sem sombra de dúvida, este é um filme feito sob medida para emocionar o público assim como os filmes de Rocky. Em determinada parte do longa, resta à audiência sentir pena de Billy e torcer para que ele supere os maus momentos. Em alguma fase, qualquer pessoa perdeu o emprego, o dinheiro, "amigos", a casa, o equilíbrio psicológico e/ou as pessoas que amam, portanto, a história é facilmente aplicável e análoga a variadas experiências que criam um processo de identificação entre o público e o protagonista.










Nocaute é uma boa diversão para os fãs do boxe e de Gyllenhall, mas não espere o roteiro e direção de excelentes filmes contemporâneos como "O lutador" (The Wrestler)"e "Menina de Ouro" (Million Dollar Baby), respectivamente dirigidos por Darren Aronofsky e Clint Eastwood, que têm histórias que apelam menos para o sentimentalismo e conseguem subir o nível do drama pessoal através de uma direção que entrega menos as prováveis saídas do conflito e trabalha mais a psicologia do personagem. O roteiro de Nocaute é convencional, sentimental. Para torná-lo mais tradicional,  Fuqua não é um bom diretor para dramas. Mesmo após a boa recepção de "Dia de Treinamento", um ponto fora da curva na sua filmografia, Fuqua não é de sutilezas. Destaca-se por filmes mais brutais, de força física em cena e movimentações de câmera que ressaltam truques explosivos de ação e em câmera lenta. Por conta disso, ele consegue realizar melhor as cenas que envolvem o treino e as lutas e, nas cenas mais dramáticas, não consegue a mesma eficácia e o protagonista tem que se virar. Apesar do seu estilo, Fuqua vem tentado dirigir filmes com um pouco mais de drama, sentimento e uma boa dose de redenção, como por exemplo, em "O protetor" no qual, apesar de Denzel Washington atuar como um máquina de matar, ele tem um carinho especial pela jovem garota de programa que tenta proteger. 










Felizmente, Fuqua tem um elenco competente que dá conta do recado e, normalmente, trabalha com atores que têm grande capacidade de atuar com luz própria e poucas intervenções do diretor. McAdams dá um brilho solar e amoroso à história. Whitaker, um toque de disciplina, rigor e segunda chance em cada aparição. Laurence é uma garota esperta e madura. Gyllenhall prova que é um dos melhores atores de sua geração, principalmente em recentes trabalhos como "O homem duplicado" e "O Abutre".  Dificilmente Nocaute lhe dará o tão merecido e esperado Oscar, ainda assim, é muito bom ver Gyllenhaal no ringue como se fosse um moderno Jake La Motta, um Rocky ou um Randy "The ram". É sempre convidativo ver um excelente ator dando umas porradas  e pronto para mais um round.





Ficha técnica do filme Nocaute

Distribuição: Diamond Films



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MaDame Blockbuster: Cinema Pipoca e no stress Por Cristiane Costa Depois de escapar do Labirinto em Maze Runner : Correr...

MaDame Blockbuster: Prova de Fogo (Maze Runner: The Scorch Trials - 2015), de Wes Ball

MaDame Blockbuster:
Cinema Pipoca e no stress




Por Cristiane Costa



Depois de escapar do Labirinto em Maze Runner : Correr ou morrer, primeiro longa-metragem da série ficcional de James Dashner, Thomas (Dylan O'Brien) e seus amigos Clareanos precisam descobrir o que está por trás da organização C.R.U.E.L. Confinados nas dependências do local sob as rédeas do  vilão Janson (Aidan Gillen), os amigos enfrentam os desafios de uma fuga por um desolado lugar. Maze Runner: Prova de Fogo é como uma prova de corrida com obstáculos. Se os jovens amigos correram bastante no primeiro filme, neste aqui eles vão correr muito mais. 


A excelente construção  das sequências de ação priorizam dificultar ao máximo a sobrevivência dos Clareanos em cenas que eles escapam da morte por um triz. Sob este aspecto, o longa-metragem com direção de Wes Ball, que também dirigiu o antecessor, é um blockbuster bem construído na ação, ritmo e no tempo transcorrido. Por mais que nada de realmente relevante ocorra na história, considerando que os vilões perseguem os Clareanos e não existe um  bom desenvolvimento narrativo do conflito entre protagonista e antagonistas, o longa-metragem tem dinamismo e a ação é bem articulada no corte e sequência de planos. Fica bem evidente que houve um cuidado da direção em manter a amarração de toda a edição de forma a criar continuamente o impacto de  thriller de ação. 










Dylan O'Brien, mais maduro e sarado para encantar o público adolescente, continua como um bom líder carismático e leal com os amigos. Disposto a não deixar nenhum deles para trás, ele corre contra o tempo e executa com segurança as cenas de ação e as poucas dramáticas. Ele e  Minho (Ki Hong Lee) são os personagens mais atrativos, tanto com relação à habilidade física como para mostrar o valor da amizade e a coesão do grupo, sendo que, neste filme, Teresa (Kaya Scodelario) é pouco utilizada. Seu personagem desaparece em cena e apenas é essencial no terceiro ato.



Ainda que seja contraditório afirmar isso, o principal gap de Maze Runner : Prova de fogo é exatamente o que o faz forte como entretenimento e produto comercial: sua ação sem muita preocupação com o conteúdo da trama e a relação entre as pessoas e os fatos. Não existe um storytelling eficiente porque o diretor garante a ação e aproveita bem o ambiente desolado de um mundo pós apocalíptico e misterioso, adiciona assustadores Cranks (Zumbis) e a diversão torna-se o carro chefe, mas o roteirista T.S. Nowlin não transmuta a ficção para a tela com uma perspectiva mais aprofundada do conflito interpessoal, principalmente, tendo em vista que esta é uma obra intrigante desde o primeiro longa e tem potencial pelo mistério e suspense.  Este tipo de produção no qual os personagens têm que correr muito e escapar de perigos não deixa muita opção para o roteirista desenvolver grandes diálogos, porém nesta história havia espaço de sobra para equilibrar a ação e o conflito central. O filme dura quase duas horas.


A cientista Ava Paige (Patricia Clarkson) aparece no  final e o vilão interpretado por Gillen não tem autonomia para atuar e personificar o mal, por consequência, o longa se restringe a ser uma correria, uma rota de escape como observar um "game" e acompanhar a luta dos Clareanos pela sobrevivência. Nem mesmo  novos personagens como Jorge (Giancarlo Esposito) e Brenda (Rosa Salazar) são bem aproveitados, embora Salazar tenha boas cenas com O'Brien e tira de cena  Teresa como figura feminina central. Por outro lado, como  é um filme que interliga o primeiro e o último da franquia, o roteiro apresenta novos personagens e uma reviravolta que deixa o público curioso. A primeira reação em potencial é querer ler os livros enquanto o terceiro filme não vem. Lance de marketing e dos produtores? Bem provável. Faz parte do negócio popularizar franquias baseadas em fenômenos editoriais e torná-las um sucesso de vendas na livraria e nas salas de cinema.











Como um blockbuster de uma das séries de ficção mais best sellers dos últimos anos, Maze Runner: Prova de Fogo sofre do mal de ser o filme do meio de uma continuação. Ele gasta bastante energia, estende a duração do longa ao máximo para assegurar a diversão do maior número de espectadores e não necessariamente  entregará todos os melhores pontos do jogo.  Azar do público? Neste caso aqui, nem tanto pois a ação é o chamariz! Não se pode negar: é um excelente produto de entretenimento para os grandes fãs da série, em especial, para o público juvenil. O terceiro filme, Maze Runner: A cura imortal, em pré-produção, terá como responsabilidade assegurar a qualidade da trama e revelar para o público a promessa do que está por trás da C.R.U.E.L e  o quão significativa é essa franquia em comparação a concorrentes como A série Divergente e Jogos Vorazes.






Ficha técnica do filme ImDB Maze Runner: Prova de Fogo
Distribuição: Fox Film

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A primeira mulher negra a ganhar o Emmy na categoria de melhor atriz em série dramática.  Um discurso inspirador e comovente Por...

Viola DAVIS, vencedora de melhor atriz em série dramática no EMMY Awards: Uma vitória justa e merecida


A primeira mulher negra a ganhar o Emmy na categoria de melhor atriz em série dramática. Um discurso inspirador e comovente




Por Cristiane Costa



Hoje o dia amanheceu mais bonito e inspirador para mulheres e homens  que acreditam no poder da mulher e, principalmente, no potencial e talentos de mulheres negras que constantemente têm que lutar para obter melhores papéis na TV e no Cinema. Durante o  67º Emmy Awards, o OSCAR da TV Americana, realizado ontem, foram entregues  3 prêmios EMMY para incríveis atrizes negras  que realizam um trabalho crível, maduro e carismático em suas carreiras. Regina King ganhou como melhor atriz coadjuvante em minissérie ou filme para a TV por American Crime, Uzo Aduba como  melhor atriz coadjuvante em série dramática por Orange is the new black e o mais emocionante reconhecimento da noite foi a ela, VIOLA Davis, uma das melhores atrizes do mundo,  ganhou o prêmio de melhor atriz principal em série dramática por How to get away with murder. Veja o discurso:








Após  este discurso emblemático, corajoso e magnífico,  Viola Davis  e sua excelente postura perante o público só veio a somar a luta e engajamento pela  necessidade  do Cinema e da TV  ultrapassar a linha da exclusão racial  em suas produções.  Ainda é muito pouco o que está sendo feito, mas os Estados Unidos  ainda têm se destacado porque há produtores influentes que lançam séries como Empire, Scandal,  Orange is the new black entre outros. Um deles é a visionária produtora,  roteirista e diretora Shonda Rhymes que está abrindo este espaço para os atores negros e trouxe oportunidades para  atrizes como Kerry Washington e Viola Davis, respectivamente, como protagonistas das séries Scandal e How to get away with murder.  Suas personagens não são subalternas e estereótipos enraizados de escravidão.  A primeira trabalha com comunicação/assessoria e gestão de crise,  a segunda é advogada.  Ambas são inteligentes, sedutoras e articuladas, são mulheres inspiradoras e estratégicas que  tomam decisões, resolvem problemas e são reconhecidas. 


 Com isso, a vitória de Viola Davis é uma demonstração de que chega de colocar negras como empregadas domésticas, amantes, sambistas e escravas nas produções audiovisuais.  As mulheres negras podem ser protagonistas como qualquer outra mulher de qualquer etnia e espaços para este crescimento tem que ser oferecidos abertamente e sem frescuras. Como disse, Uzo Aduba em seu discurso de vencedora, agradeceu  a várias pessoas e, também, à Netflix e a produtora Jenji Kohan por criar este espaço em Orange is the new black, uma das séries que mais valorizam a diversidade no elenco.




Uzo Aduba





Regina King


Por isso, quando Viola Davis diz que  não é possível ganhar Emmys por papéis que não existem, ela está sendo assertiva e realista. Ela está confrontando o status quo da indústria.  Ela colocou o dedo na ferida e é isso mesmo, tem que tratar abertamente que não há muitos e bons papéis para negros pois a indústria não se mobiliza a isso e excluí as pessoas.   Por sua coragem de não deixar de falar isso à plateia  presente, ela merece o respeito do público, de cinéfilos e serienáticos em geral.  Se cada categoria  de um Emmy tem 6 indicados e se analisarmos cada uma das categorias, contarmos os números de negros, veremos a desigualdade de oportunidades em papéis na TV. O mesmo ocorre com o Oscar. No Brasil,nem se fala, pois aqui há um racismo escancarado na TV que muitos fingem ser natural.


Assim, é  chegada a hora de mudar isso e o público é parte integrante e participante deste processo de mudança. Viola Davis é  um exemplo de conquista de espaço, pois fez um papel coadjuvante esplêndido  no filme  Dúvida (Doubt), no qual , em poucos minutos, ela deu um show de interpretação . Posteriormente destacou-se em Histórias Cruzadas (The Help) no papel de uma empregada. Ainda que tenha tido uma excelente atuação, não lhe foi dado um papel que fugisse do estigma dos negros escravizados.  Felizmente A TV foi mais justa do que o Cinema para mostrar o talento dela. O papel de Annalise Keating em How to get away with murder é uma força da natureza. Em poucos minutos de atuação, Viola Davis deixa muitos atores no chinelo.

Agora vamos acompanhar como evoluirá a indústria de TV americana entre este Emmy e o do ano que vem. Se vamos ver mais negros na TV. E que a TV Brasileira aprenda alguma lição com Viola Davis. Enquanto isso, sejamos empoderados pelo belo discurso desta diva, extraordinária atriz, que sempre terá o respeito do MaDame Lumière.



"Na minha mente, vejo uma linha. E acima dessa linha, vejo campos verdes e flores adoráveis e belas mulheres brancas esticando seus braços em minha minha direção, mas por algum motivo, eu não consigo chegar lá. Eu não consigo ultrapassar essa linha.
Essa foi  Harriet Tubman nos anos 1800. E deixem-me dizer-lhes algo: a única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade.
Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem. Então isso vai para  todos os roteiristas e as pessoas incríveis que são Ben Sherwood, Paul Lee, Peter Nowalk, Shonda Rhimes, pessoas que redefiniram o que significa ser bonita, ser sexy, ser protagonista, ser negra.
E para as Taraji P. Hensons, as Kerry Washingtons, as Halle Berrys, as Nicole Beharies, as Meagan Goods, as Gabrielles Unions: obrigada por nos fazer passar da linha. Obrigada à Academia do Emmy. Obrigada.” (Viola Davis, 20/9/2015)


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Por Cristiane Costa O espírito visionário de um cineasta não é evidente apenas na forma como ele realiza seus filmes e orquestra t...

Juan e a Bailarina (La sublevación - 2012), de Raphael Aguinaga




Por Cristiane Costa



O espírito visionário de um cineasta não é evidente apenas na forma como ele realiza seus filmes e orquestra todo o processo criativo, mas também, em como ele identifica e articula oportunidades no setor audiovisual tal que ele e o público tenham uma relação de ganha-ganha e o mercado seja desenvolvido amplamente com novos paradigmas. O cineasta e empresário Raphael Aguinaga é um destes interessantes "business cases" de que é possível ter espírito empreendedor no audiovisual Brasileiro e conciliar interesses individuais com os coletivos. Ele é curador da VillaCine, uma boutique inovadora de negócios criada em 2009 e que realiza produção, distribuição e exibição de filmes assim como a gestão de projetos culturais e educacionais nesta área.






Além de ter realizado o seu primeiro longa-metragem "Juan e a Bailarina" (Le sublevación, 2012) em uma coprodução Brasil e Argentina, valorizando o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre distintos profissionais no Cinema Latino Americano e fortalecendo estas parcerias, na VillaCine, Aguinaga tem como um dos principais pilares, iniciativas de fomento do mercado de exibição de filmes raros e independentes . Prova disso é a curadoria, programação e gestão de  salas, o  Cine Jóia no Rio de Janeiro e a Sala Villa Cine na Unibes Cultural em São Paulo, que visam a preencher lacunas de diferenciada programação de Cinema no setor. Quando um empreendedor do Cinema pensa em oferecer ao seu público a oportunidade de assistir a outras cinematografias que saíam do "modus operandi" da indústria cinematográfica "mainstream", vale a pena observar e acompanhar o seu trabalho e desfrutar do que ele tem a oferecer. 


Ganhador da Mostra Competitiva do 15ª edição do Festival de Cinema Brasileiro em Paris e filme selecionado para inaugurar a sala da VillaCine em São Paulo, "Juan e a Bailarina" acompanha a determinação, criatividade e empreendedorismo de seu realizador. Ele estudou roteiro de Cinema na França e finalizou o longa em 2011 após rodá-lo na Argentina. O longa destaca-se por ser uma ficção fantástica,  uma narrativa em forma de fábula que transita entre o real e o imaginário e na qual ele aborda sobre o  amor, a liberdade, o sonho e a rebeldia. 









Um grupo de idosos vivem no asilo Nossa Senhora da Misericórdia e, ainda que não tenham contato com o ambiente externo, através da TV e do radio,  tomam conhecimento de que surgiu um clone de Jesus que descobriu a cura para uma grave doença. Paralelamente, durante as férias da enfermeira do local, o filho dela conhecido como "A Bruxa", substitui a mãe e começa a atormentar os velhinhos. Dentre eles, estão os  excelentes atores Argentinos Marilu Marini e Arturo Goetz, que formam o casal de uma reveladora e bela história de amor. Goetz faleceu em Julho de 2014 aos 70 anos e deixou como legado filmes como "Derecho de família" (melhor ator coadjuvante no prêmio "Cóndor de Plata" 2007), "el asaltante" (melhor ator no Festival Independente de Buenos Aires/2007), "El nído vacío", "Rompecabezas , entre outros. 




Falado em espanhol e encabeçado por ótimos atores Argentinos, "Juan e a Bailarina" tem muito de Cinema Argentino. Não apenas pelo idioma e pelo elenco, mas tem a ver com roteiro e execução e como ambos se entrelaçam em uma narrativa cômica, dramática, humanista com um toque de frescor e ousadia do roteirista e diretor. A delicadeza e a combinação do lúdico e do realismo na composição dos planos e nas interpretações dos personagens são mais eficientes do que a história em si e corroboram que Aguinaga tem potencial para realizar novos e belos filmes.



Nos primeiros planos,  o que seduz é exatamente a apresentação desta casa, das histórias e sentimentos que ela guarda através da vida de cada um destes idosos, em especial, a de Juan (Goetz) e de seu isolamento totalmente diferente em comparação aos demais moradores. Ele é melancólico e mal humorado. Não sai do quarto  e lembra das danças que tinha com sua ex-amada. De forma contrária, está Alicia (Marini) que chega ao asilo após ser rejeitada pela nora e carrega a tristeza de estar longe do neto. Alicia é uma rebelde e não suporta ficar ali.  Com reações diferentes com relação ao espaço físico em cena, Juan e Alicia se encontram e têm uma segunda chance de aproveitar suas vidas. Desta forma, a casa é um dos personagens e foi uma das melhores escolhas do longa em função de como ela é apresentada em cena, em como cada detalhe da sua produção toma vida.






O início da narrativa também joga o público em um ambiente mais livre para descobertas e algumas incógnitas.  O longa é uma história sobre a desafiadora realidade do envelhecimento nos asilos? É uma história de amor baseada em abandonar as memórias de perdas no passado e abrir o coração para um novo romance? Ou talvez ela seja algo a mais que ficará claro à medida que a história toma uma forma mais consistente? Em comparação a outros filmes nos quais o elenco de idosos interage com outros personagens, como é o caso do longa chinês "O ciclo da vida",  em "Juan e a Bailarina", não aparecem visitas de familiares e amigos, muito menos a intenção é transformar o asilo em um ambiente extremamente árduo, solitário, visceralmente doloroso. Isto possibilita que o público queira descobrir quem são estes personagens, o que eles pensam e o que vão fazer, e possa ver cenas mais engraçadas, leves e líricas.


Um fato é claro: a narrativa ganha um elemento dinamizador externo à casa: o  clone de Jesus Cristo . À primeira vista, parece uma ideia sem sentido e louca para o contexto, porém, no decorrer da narrativa é possível verificar que este é um roteiro lúdico e apresenta duas figuras antagônicas que cooperam para movimentar a casa e, por consequência, a finalização do longa; de um lado, uma novidade que interessa aos velhinhos e que os liberta de um dia a dia entendiante, do outro, "A Bruxa" que vem para incomodá-los e eles precisam reagir a esta opressão.







Esta escolha de roteiro tem prós e contras. Ao mesmo tempo que podemos interpretar da forma que desejamos, isto é bom e faz parte da rica experiência com o Cinema, por outro lado, o filme provoca uma sensação de que o aparecimento de um clone de Cristo poderia ter sido melhor desenvolvido e explicado. É uma ideia bem peculiar e ficcional, tem um approach de realismo fantástico, muito comum na Literatura Latino Americana, entretanto ela não toma forma clara no filme. É muito mais uma simbologia de que os velhinhos podem acreditar e pensar no que eles bem entendem, assim como tomar as decisões que melhor lhes pareça, sejam elas afetivas, libertárias etc. 



"Juan e a Bailarina" é um bom filme como direção, com destaque para o carisma, bom humor e competência do elenco, a direção de atores, fotografia e, principalmente, em como o cineasta usa os espaços da casa e não cria um filme claustrofóbico. Aguinaga entrega-nos um belo longa sobre a possibilidade do amor, da liberdade e da diversão na velhice. Como diz seu título original "La sublevación", que significa rebeldia em espanhol, o longa é uma poética expressão de rebelião humana. Certamente, o aspecto lúdico de haver um Cristo clonado não tira a genuína e realista beleza das situações. Ele funciona como um intrigante gancho para o diretor trabalhar uma potencial sequência ou trilogia. O jeito é esperar as próximas novidades de mais um promissor talento Brasileiro do Cinema.




               


              Sala VillaCine está em funcionamento na Unibes Cultural



Review dedicada à memória do ator Arturo Goetz. Descanse em paz!




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MaDame Blockbuster: Cinema Pipoca e no stress Por Cristiane Costa Guy Ritchie está de volta com mais uma comédia de ação n...

MaDame Blockbuster: O Agente da U.N.C.L.E. (The Man from U.N.C.L.E. - 2015), de Guy Ritchie

MaDame Blockbuster:
Cinema Pipoca e no stress




Por Cristiane Costa



Guy Ritchie está de volta com mais uma comédia de ação na qual prima pelo bom humor, elegância e uma clássica história de espionagem. Conhecido por sucessos como a franquia de "Sherlock Holmes", "Snatch: porcos e diamantes" e "Jogos, trapaças e dois canos fumegantes", o cineasta é reconhecido por unir os gêneros comédia, crime e ação com muita desenvoltura e por manter parcerias com profissionais que têm background com seus filmes. Em seu mais recente longa, "O Agente da U.N.C.L.E.", Ritchie trabalha novamente com Lionel Wigram (produtor dos "Sherlock Holmes"), ambos como roteiristas e  inspirados pela série de TV "The Man from U.N.C.L.E.(1964). Na produção, completam a equipe, os produtores John Davis ("Poder sem limites") e Steve Clark-Hall ("RocknRolla: a Grande Roubada e os "Sherlock Holmes") e, como produtor executivo, David Dobkin ("O Juiz").






Ambientada nos anos 60, a história reúne uma dupla de espiões advindos de lados inimigos:  Napoleon Solo (Henry Cavill) é agente da Cia. Illya Kuryakin (Armie Hammer), da KGB. Apesar das rixas entre USA e ex-URSS, eles têm que se unir para conter o avançado de uma organização criminal que pretende usar armas nucleares e tecnologia militar. Para conseguir chegar à líder e vilã dos terroristas, Victoria (Elizabeth Debicki), e evitar uma catástrofe mundial, Solo e Kuryakin precisam encontrar o cientista alemão UDO (Christian Berkel), cujo conhecimento sobre foguetes é uma arma mortal nas mãos de Victoria. UDO é pai de Gaby Teller (Alicia Vikander), uma bela jovem que ajudará os agentes a se infiltrar na organização.











Logo na primeira sequência de planos é possível  perceber que o novo filme de Guy Ritchie é mais eficiente em uma excelente construção de cenas de ação e muito menos eficaz em roteirização. É exatamente o que acontece a esse bom entretenimento: atores bonitos e bem vestidos e ação bem estilizada para a época retratada, no entanto, a história é desprovida de um suspense mais envolvente considerando, como comparação, os bons roteiros contemporâneos de espionagem com ação, entre os quais: 007 - Skyfall , 007- Cassino Royale e Missão Impossível: Nação secreta. Assim sendo, "O agente da U.N.C.L.E" deve ser apreciado sob a perspectiva de uma comédia de ação, sem ter grandes expectativas de que o filme mostrará um roteiro imperdível com sequências de thriller e, também, sem esperar um excelente time de vilões para equilibrar o conflito.  







Nem mesmo a beleza e vilania da Francesa Elizabeth Debicki salvou o lado do mal. Apesar de seu natural refinamento, não há um adequado desenvolvimento de personagens vilões. São caricatos, sádicos e cumprem apenas uma função esnobe, são como pessoas ricas e arrogantes que encontram no crime uma diversão para bancar seus padrões de vida. A bem da verdade é que, em nenhum momento, os vilões são uma real ameaça ao analisar todas as atuações. Talvez, com o propósito de não sair do caminho da comédia e nem tirar o foco nos agentes e em Gaby, Ritchie e Wigram  optou por não levar os vilões a sério.










Mais uma vez, o diretor continua um amante da beleza, em vários sentidos, do figurino a ação, o preciosismo da beleza permanece nítido em toda a produção. Ele escala um trio de belos atores (Cavill - Hammer - Vikander) que, são inexpressivos em determinadas cenas, e sofrem as consequências de um pobre texto, mas ainda assim, eles são bonitos, charmosos e bem vestidos, vale a pena contemplá-los. Com o  perfeccionista bom gosto de Ritchie, o filme se transforma em entretenimento  visual, com destaque para a trilha sonora com divas como Nina Simone e Roberta Flack, a fotografia de John Mathieson (de "Gladiador") e, principalmente, para o designer de produção Oliver Scholl e o montador James Herbert que fizeram um competente trabalho em "No limite do Amanhã". Esse trio de especialistas somam valor ao longa à medida que colaboram para o estilo narrativo do filme: um repertório clássico dos anos 60, ocorrida em uma fase histórica relevante e com uma edição de imagens com leve approach documental. Evidentemente, a produção perde a oportunidade de aproveitar melhor certas oportunidades como um pouco mais de romance e vilania, que são apenas pincelados. Portanto, o roteiro é o que menos importa aqui. 







O filme vale mais a pena pela direção e como Ritchie orquestra estas diversas especialidades para favorecer a finalização de seu longa. As melhores cenas são as que enfatizam as qualidades do cineasta: ação, humor e elegância  e podem ser apreciadas, respectivamente, nas tomadas externas relacionadas a perseguições a veículos, com uso de motos, lancha etc, cenas divertidas entre Solo e  Kuryakin que corroboram as velhas fissuras entre USA e ex-URSS e as usam como elemento de humor e a beleza de boa parte do elenco. Nada disso é inédito em uma narrativa com espionagem, mas por ser de Ritchie, o charme está presente, a competência também.  Indubitavelmente, o toque de Midas dele é dirigir comédias com um forte estilo pessoal na decupagem de planos de ação, nos quais ele prioriza uma sofisticação no figurino e no design de produção de forma a criar uma ambientação clássica, verossímil e refinada. Só isso já basta para um bom blockbuster e uma diversão desencanada.







Ficha técnica do filme ImDB O agente da U.N.C.L.E 
Distribuição:  Warner Bros Pictures

2 comentários:

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